Quincas Borba (Machado de Assis)

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Ficha Técnica:
Nome Original: Quincas Borba
Autor: Machado de Assis
País de Origem: Brasil
Número de Páginas: 413
Ano de Lançamento: 1891
Editora: W. M. Jackson Inc

Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 58º livro lido em 2021 e foi Quincas Borba (Machado de Assis). Essa leitura não me foi exigida no ensino médio, mas sempre tive curiosidade de ler e após ganhar um exemplar antigo de colecionador, me senti estimulada a ler o mais rápido possível.

Escrito em formato de folhetim e publicado pela primeira vez em livro em 1891, Quincas Borba faz parte do trio de obras mais famosas do autor, junto com os seus dois outros sucessos — Memórias Póstumas de Brás Cubas (de 1880) e Dom Casmurro (de 1899) — e apresenta um intertexto direto com Memórias Póstumas, uma vez que o personagem Quincas Borba tem uma breve aparição neste livro e o personagem Brás Cubas também tem participação no livro intitulado Quincas Borba.


Ficou confuso? Vou tentar ser mais clara:

O livro Quincas Borba é o único da "trilogia" narrado em terceira pessoa e conta a história de Rubião, um pobre habitante de Barbacena, no interior de Minas Gerais, que tentou de tudo na vida até que virou professor e amigo do Joaquim Borba dos Santos, o Quincas Borba — um filósofo de posses, que perdeu os familiares próximos e que criou a teoria do Humanitismo, cujo lema é "Ao vencedor, as batatas!". Esta teoria é bem próxima da elaborada por Charles Darwin, em que a natureza seleciona os mais fortes, aqui em paralelo com a vida que as pessoas enfrentam nas armadilhas da vida na metrópole.

Logo no começo da obra, Quincas Borba fica doente e morre e a trama de fato se desenvolve a partir disso. Ele deixa toda sua herança para o amigo Rubião, com a condição de que o herdeiro cuide de seu cachorro, também chamado Quincas Borba. Rico, Rubião decide parar de trabalhar e se mudar para a metrópole, o Rio de Janeiro. 

Na viagem de trem Barbacena-Rio, Rubião conhece o casal Palha, Cristiano e sua esposa, Sofia. Cristiano vê na ingenuidade de Rubião a oportunidade de enriquecer. Já Rubião, por sua vez, se apaixona perdidamente por Sofia, estabelecendo, assim, um triângulo amoroso.

É interessante notar como o narrador conduz a história. Ele é extremamente intrometido, a ponto de estabelecer por si mesmo um diálogo com o leitor. É esse narrador que deixa em suspenso os finais de cada capítulo, fazendo com que os leitores desejem saber mais do que está por vir. É curioso notar que ao mesmo tempo em que o narrador se dirige aos leitores, cria a sensação de que apenas conta a história, sem emitir juízo de valores — só o leitor mais atento para perceber que a escolha dos fatos em si já aponta um viés do ponto de vista do autor sobre o mundo.

A opção do autor por este narrador é muito acertada, pois assim conseguiu fazer um relato de todos os âmbitos da sociedade da época. Às vezes mais sutil, às vezes mais direto, Machado de Assis toca em temas do microcosmo e macrocosmo brasileiro e como eles se relacionam e, sobretudo, se sustentam: racismo, corrupção, papel da mulher, o casamento como sustentação para o patriarcado, ostentar a riqueza sem ter um centavo, a caridade como caminho de ser bem-visto pela elite, envelhecer. Em muitos pontos da narrativa é possível estabelecer inclusive, relação entre a vivência das personagens e a atualidade, o que dá certa tristeza em perceber que o Brasil não mudou muito de 1891 para cá.

Ao longo da leitura, vemos um Rubião engolido pela engrenagem da metrópole: sua vida, que aparentemente terá um momento alto — com casa no Rio, ida a festas e bailes e convivência com a alta burguesia — entra em decadência com a falta de casamento, com a administração feita por Cristiano Palha de sua fortuna, com os gastos excessivos feitos, muitas vezes, à custa dos aproveitadores.

Voltar a Machado de Assis é sempre um deleite e é fácil de entender porque ele conseguiu eternizar as suas narrativas ao longo de mais de um século: os narradores machadianos têm o poder de nos envolver de forma a nos instigar a sempre querer saber mais e mais das cenas dos próximos capítulos.

Intenso, bem escrito e extremamente envolvente, arrisco a dizer que é o meu livro favorito do autor!

Adorei!!!


Um pouco sobre o autor:
Machado de Assis é Joaquim Maria Machado de Assis, nasceu no Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839 e faleceu em, 29 de setembro de 1908. Ele foi um escritor brasileiro, amplamente considerado como o maior nome da literatura nacional. Escreveu em praticamente todos os gêneros literários, sendo poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista, e crítico literário. Testemunhou a mudança política no país quando a República substituiu o Império e foi um grande comentador e relator dos eventos político-sociais de sua época. 

Suas principais obras publicadas são:
  • Ressurreição
  • A mão e a Luva
  • Helena
  • Iaiá Garcia
  • Memórias Póstumas de Brás Cubas
  • Casa Velha
  • Quincas Borba
  • Dom Casmurro
  • Esaú e Jacó
  • Memorial de Aires
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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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