Oi gente que ama livros, hoje venho com mais um post da coluna Séries do Meu Coração e compartilharei com vocês meu amor por mais uma série apaixonante.
Chegou recentemente no catálogo do Paramount+ a série The Flatshare, uma adaptação do livro best-seller Teto para Dois escrito por Beth O’Leary, que traz Jessica Brown Findlay e Anthony Welsh como os protagonistas Tiffany e Leon, dois londrinos de vinte e poucos anos, com problemas financeiros dividindo o mesmo teto.
A sinopse parece bem simples, o problema é que ambos nunca se conheceram e, se o plano deles funcionar, nunca se conhecerão. Recuperando-se de um relacionamento abusivo, Tiffany passa seus dias ganhando um salário mínimo em um site de notícias, enquanto Leon trabalha como um enfermeiro e recebe conselhos de vida de uma adolescente com doença terminal, enquanto tenta libertar seu irmão preso injustamente. Mas, quando os post-its começam a ser escritos e cada um se vê inesperadamente atraído para a vida complexa e confusa do outro, algo inesperado acontece.
Eu sou apaixonada por comédias românticas e gosto de romances que começam com amigos que descobrem que se amam, inimigos que se tornam namorados, e até pacientes terminais se apaixonando e esvaziando o meu pacote de lencinho. Todas essas situações já foram repetidas nas telonas ou nas telinhas e tudo bem. Contudo, achei a proposta de The Flatshare bastante inovadora, pois o conceito de dois estranhos dividindo a mesma cama todos os dias, pode ser a primeira ideia verdadeiramente original que vejo em anos. Essa ideia me conquistou no livro e me conquistou na produção para a TV. Não é à toa que o romance de estreia de Beth O’Leary, encantou muitos fãs ao redor do mundo desde que foi lançado em 2019. E agora, em meio a um universo de comédias românticas determinadas a desconstruir o gênero que fez tanto sucesso na década de 1990 e 2000, a adaptação para TV é charmosa, bem roteirizada e deixa o coração quentinho.
Manchada de rímel, triste ao som de Paloma Faith, Only Love Can Hurt Like This, nós nos solidarizamos com a visão de Tiffany que precisa assumir o controle da sua vida após uma separação. Sem um lugar para morar e precisando economizar até o suor do corpo, a jornalista vai sublocar um apartamento de um quarto no sul de Londres. Mas não se trata de um arranjo tradicional, aqui o seu colega de apartamento Leon trabalha como enfermeiro no turno da noite e fica no apartamento das 8 h às 20h, quando tira a cama e sai para o trabalho. Das 20h às 8h e aos fins de semana, Tiffany fica com o apartamento só para ela. Conforme o acordo firmado entre eles, ambos nunca podem se encontrar.
Em The Flatshare, a adaptação foca no desenvolvimento de ambos ao mesmo tempo, com a tela dividida ao meio e sinalizando que não são apenas seus horários de sono que são opostos. Enquanto Tiffany trabalha para uma revista de conteúdo on-line com um nicho voltado para cultura jovem, sonha em fazer a diferença enquanto produz clickbait. Já Leon é o mocinho clássico, amado por crianças doentes, e tem passado por um momento complicado, pois seu irmão foi preso injustamente e para pagar os advogados, ele tem esse acordo com Tiffany.
Eles são diferentes em muitas coisas, a série dá a entender que Tiffany é meio egoísta e faz com que toda atenção seja direcionada para ela, já Leon é mais prestativo com as pessoas, podendo esquecer até mesmo de si.
Além da trama, envolvendo o casal central, temos a subtrama em torno do irmão encarcerado de Leon, Richie, enquanto os melhores amigos de Tiffany, Maia e Mo rompem seus estereótipos de apoio e, por sua vez, recebem alguns dos momentos mais ternos da série. Como o chefe de Tiffany, interpretado por Dustin Demri-Burns, que se mostrou mais uma vez ser um ator habilidoso em interpretar personagens chatinhos. Outro detalhe legal é o ambiente de trabalho de Tiffy e de Leon que aparece em algumas cenas, dando mais profundidade não só aos personagens centrais, mas aos secundários.
Um assunto importante abordado de forma mais sutil é o relacionamento abusivo entre Tiffany e Justin. Ele se mostra controlador e quer estar a todo momento por perto, além das atitudes dele fazer com que ela pareça incapaz de seguir em frente sozinha. Ele é inconveniente e de um jeito indescritível, Tiffy fica presa a ele, parece que ela não quer que ele exerça esse poder sobre ela, mas, na prática, não é tão fácil. Outro assunto relevante é a questão das injustiças cometidas pela justiça ao prender pessoas injustamente. O final do caso envolvendo o irmão de Leon foi bem legal.
Contudo, foram os Post-Its que venderam The Flatshare para mim. Diferente da atualidade, onde o imediatismo é quem manda, essas pequenas mensagens de papel são o catalisador perfeito para um cenário mais romântico à moda antiga. Depois que o par finalmente fica cara a cara, Tiffany tem um sonho sexual em que uma enxurrada de quadrados de papel post-its cai sobre ela como uma tempestade de neve erótica. É um momento de tolice alegre, um pedaço bem-vindo de positividade em uma história que prova o quão sombria é a crise imobiliária em Londres.
Enfim, adorei a série! Londres é uma personagem a parte, mostrada em seu melhor e pior para quem assiste a adaptação. É uma série gostosa de assistir e quem sem perceber, nos faz pensar sobre temas seríssimos.
Trailer: