SÉRIES DO MEU CORAÇÃO #78 Falando a Real

segunda-feira, 16 de outubro de 2023


Oi gente que ama livros, hoje venho com mais um post da coluna Séries do Meu Coração e compartilharei com vocês meu amor por mais uma série apaixonante.

A série do mês é Falando a Real.

Se reduzirmos Ted Lasso à sua essência, podemos facilmente concluir que a série magistralmente lida com um terapeuta que, enquanto lida com seus próprios problemas pessoais, trata diversos pacientes com os mais diferentes problemas. Falando a Real, co-criada por Bill Lawrence, por sua vez co-criador de Ted Lasso; Brett Goldstein, ninguém menos do que o Roy Kent de Ted Lasso; e Jason Segel, comediante, produtor e roteirista que protagoniza a nova série, segue exatamente a mesma estrutura, só que abordando diretamente a vida de um terapeuta passando pelo luto da perda repentina de sua esposa em um acidente automobilístico. Mas seguir a mesma estrutura não quer de forma alguma dizer que as séries são parecidas ou que uma é repetição da outra. Falando a Real tem vida própria e partilha com Ted Lasso uma outra importante característica: é absolutamente imperdível por seus próprios méritos.
Narrativamente, o pontapé inicial de Falando a Real pega emprestado a premissa da primeira temporada de outra série espetacular, After Life, em que o protagonista vivido por Ricky Gervais, também sofrendo pela perda da esposa, decide, de uma hora para a outra, falar o que está pensando, doa a quem doer. Nessa linha, Jimmy Laird (Segel), o terapeuta “do meio” em uma clínica que divide com o veterano Paul Rhoades (Harrison Ford) e a jovem Gaby (Jessica Williams), durante uma sessão de terapia com uma paciente emocionalmente abusada pelo marido, dá um ultimato a ela: ou ela larga o marido ou ele deixará de ser seu terapeuta. Não é necessário conhecer muito de psicologia para perceber o quanto isso é errado, mas essa é a forma torta que Laird acaba encontrando para ele próprio se tratar da dor que sente.


Mas “falar a real”, como o título em português indica, é, como disse, apenas o começo e, ainda que as consequências dos atos do protagonista reverberem ao longo da temporada de diferentes maneiras, inclusive chegando a um mais do que esperado – e literal – cliffhanger para a já aprovada segunda temporada, o que realmente importa e o que realmente faz a série se destacar dentre tantas outras é o quanto o elenco é harmônico e o quanto os roteiros são cuidadosos e inteligentes, arrancando risadas, claro, mas jamais deixando o drama de lado. E sim, como é comum em séries do tipo, tudo gravita ao redor dos problemas psicológicos de todos os personagens, sejam terapeutas, pacientes, vizinhos, amigos, filhas e ex-maridos, problemas essas que o espectador vai conhecendo aos poucos, mas tudo converge de forma brilhante, trabalhando diversas facetas do ser humano de maneiras variadas e, muitas vezes, complementares.


Temos, por exemplo, o próprio Paul, que Harrison Ford encarna inserindo no personagem as características que o público em geral acha dele, ou seja com muita rabugice, frases curtas, diretas e honestas e nenhum pingo de paciência. O personagem, diagnosticado com Mal de Parkinson, tem dificuldades em contar a verdade para sua filha, com quem tem pouquíssimo contato e, claro, em manifestar sentimentos, seja a óbvia conexão mestre-pupilo que sente com Jimmy ou o orgulho que sente por Gaby. Gaby, por seu turno, parece a mais resolvida de todos ali, mas ela carrega a falha de seu casamento como um ônus, além de sua personalidade mais atirada por vezes lhe colocar em situações que ela, depois, precisa consertar. Claro que o destaque fica mesmo com Jimmy e sua forma de se tratar, tratar sua filha, sua vizinha, e sua “adoção” de Sean (Luke Tennie), um paciente novo seu com dificuldade de controlar a raiva que, por culpa sua, acaba morando na casa da piscina, do outro lado do jardim. A relação de Sean com os demais personagens da série é muito divertida e funciona como uma forma inteligente de elevar a narrativa da temporada.


O único que escapa à regra do do “todo mundo tem problema” – propositalmente, claro, de forma a ser a famosa exceção – é o hilário Derek (Ted McGinley), marido de Liz (Christa Miller), a “mãezona” vizinha de Jimmy que, desde a morte de sua esposa e do afastamento de Jimmy do convívio “normal”, vem dando especial atenção à sua filha adolescente Alice (Lukita Maxwell). Não há dia ruim para o personagem e, mesmo que ele seja um óbvio, mas simpaticíssimo, arquétipo unidimensional com participação limitada na temporada, é impossível não abrir um sorriso quando ele aparece, mesmo que seja fazendo xixi na varanda de sua casa.


Falando a Real é, no final das contas, uma série deliciosa e uma garantia de sorrisos constantes, risadas esparsas e de um drama que faz pensar e que pode até resultar naquelas lágrimas furtivas aqui e ali. Essa é, aliás, mais uma característica que ela positivamente tem em comum com Ted Lasso, sua inegável base de inspiração. Nada como uma boa sessão de terapia audiovisual para desanuviar a mente e deixar evidente que não somos nós os únicos que temos problemas, por mais que algumas vezes achemos isso.

Amei!

Trailer Oficial

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Ivi Campos

48 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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