A Menina da Montanha (Tara Westover)

sexta-feira, 16 de abril de 2021

Ficha Técnica:
Nome Original: Educated
Autora: Tara Westover
País de Origem: Estados Unidos
Tradução: 
Número de Páginas: 352
Ano de Lançamento: 2018
ISBN: 978-85-812-2752-8
Editora: Rocco

Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 23º livro lido em 2021 e foi A Menina da Montanha (Tara Westover). Eu já tinha ouvido falar do livro há algum tempo, mas a curiosidade em ler veio quando um amigo que sempre faz indicações certeiras me indicou essa leitura.

O livro nos traz Tara e sua família vivendo no interior de Idaho. A história de Tara começa de onde ela lembra e o livro reúne vários relatos que aos poucos mostram a realidade de sua família: o pai nos é apresentado como rígido e de uma fé implacável até entendermos como Tara que ele tinha transtornos emocionais bem incisivos. Por sua vez, a mãe sempre tenta minimizar os males e se mostra controversa em todas as situações, o que nos confunde muitas vezes, pois não entendemos de fato quem é essa mulher, além de mais uma vítima daquela contingência, assim como os vários irmãos que lidam de diferentes formas com esse convívio. A infância de Tara foi muito além da convivência com um pai fanático religioso. Foi infância de privações: nada de escola ou hospitais, pouquíssimo convívio com o mundo além do vilarejo da montanha onde vivia e uma realidade de trabalho duro e eterna oposição ao governo, fosse ele quem fosse.
“Eu sempre soube que meu pai acreditava num deus diferente. Quando criança, eu tinha consciência de que, embora minha família frequentasse a mesma igreja que todos na cidade, nossa religião não era a mesma. Eles acreditavam na decência; nós a praticávamos. Eles acreditavam no poder de Deus para a cura; nós deixávamos nossas feridas na mão Dele. Eles acreditavam na preparação para a Segunda Vinda; nós já estávamos efetivamente preparados.” p. 172 
Apesar da fé em Deus ser a constante na vida do pai de Tara e ele exigir um comportamento parecido dos filhos, já nas primeiras páginas entendemos que a história dessa família não se deu em função de sua fé. Os líderes religiosos da igreja que eles participavam não apoiavam a postura do pai de Tara e sabiam que era um erro manter as crianças sem escola, sem vacinas ou qualquer outro tratamento médico fundamental. Mesmo eu que tenho antipatia por toda e qualquer instituição religiosa, percebi que a questão do pai de Tara era pessoal e nada tinha a ver com a fé que ele professava.


Achei interessante como Tara tenta amenizar algumas memórias e justificar os fatos, mesmo sabendo que não há justificativa. Ela se questiona e pensa: “será que foi assim mesmo?”. Deve ser difícil mesmo admitir certas coisas pelas quais Tara passou, mas o momento em que ela se liberta e busca ter autonomia é magnífico.

Não é spoiler dizer que em certo ponto Tara enfrenta os pais e busca a educação formal. É nítido que ela pisou numa sala de aula pela primeira vez aos 17 anos e seu ingresso na faculdade trouxe grandes choques de realidade, como por exemplo o fato de ela nunca ter ouvido falar em Holocausto. Ali, Tara descobriu um outro mundo, nem sempre tão bom assim. Aprendeu sobre a história da humanidade e decidiu que essa seria sua área de estudos.


O convívio com os irmãos também era difícil, cercado de violência e intolerância. Como ela, aqueles que seguiram para a escola sem o apoio dos pais conseguiam conviver de forma pacífica, mas os que não conseguiram se libertar da vida difícil imposta pela família, eram cópias ainda mais obtusas que o pai.

Além de nos contar uma história de vitória através da educação, o livro mostra que ela é libertadora em uma dezena de esferas diferentes. Ao partir para os estudos, Tara queria se ver livre daquela vida limitada e perigosa em um primeiro momento, porém foi seduzida pelo conhecimento e a liberdade foi apenas uma das conquistas dela. 


Com uma linguagem fluida e bem estruturada, temos uma trajetória difícil, mas válida e que serve de inspiração para todas as gerações vindouras. Este é aquele tipo de livro que deveria ser lido nas escolas e debatido porque a história de Tara é de fato um exemplo para reflexão.

Gostei demais!!!


Um pouco sobre a autora:
Tara Westover nasceu em Idaho, Estados Unidos, em 1986. Graduou-se pela Universidade Brigham Young em 2008, e posteriormente foi premiada com uma bolsa de estudos em Cambridge. Em 2010, foi pesquisadora visitante na Universidade de Harvard e por fim retornou a Cambridge, onde conquistou o doutorado em história em 2014. A menina da montanha é seu primeiro livro.
Comentários
1 Comentários

Um comentário :

  1. Oi, Ivi!

    Eu gostei demais desse livro quando li, apesar de que ele dá uma esfriada no meio e depois, volta a ficar interessante no final. E a gente pensa que a vida da gente é difícil... pensa nessa criatura com um pai e um irmão psicopata... Jesus, me socorre! rsrsrs

    Você sabe que tem um livro que fala sobre você??? Já leu Ivy Pocket e o segredo dos diamantes? (rsrsrsrs) Brincadeira, lembrei do livro por causa do seu nome Eu adorei esse livro e as continuações.

    Xero,

    Drica.

    ResponderExcluir

Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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