Séries do Meu Coração #35 Fleabag

segunda-feira, 11 de maio de 2020


Oi gente que ama livros, hoje venho com mais um post da coluna Séries do Meu Coração e compartilharei com vocês meu amor por mais uma série apaixonante.

A série do mês é Fleabag.

Assistindo as premiações da TV americana em 2019, descobri que Fleabag ganhou praticamente todos os prêmios e claro que isso despertou a minha curiosidade, mas não estava disponível na Netflix e eu não estava a fim de ter trabalho ou pagar por outro streaming, já que a série está no catálogo da Amazon Prime Vídeo. Acontece que no início de 2020, a série foi novamente aclamada na temporada de premiações e desta vez com a notícia que a produção já estava concluída com duas temporadas. Em tempos de Grey’s Anatomy e Sobrenatural com 59 temporadas, uma série popular, premiada, rentável e de humor ter apenas duas temporadas me fez decidir que estava na hora de assistir essa produção. E digo que não foi amor à primeira vista, eu assisti dois episódios e achei tudo muito estranho e forçado, foi apenas no terceiro episódio que eu entendi o que a série prometia e aí fui conquistada de forma irremediável. 

Poucas séries conseguem ser perfeitas. Talvez nenhuma, mas Fleabag se aproxima muito dessa marca. Escrita, produzida e dirigida por Phoebe Waller-Bridge, a comédia britânica é uma das coisas mais impressionantes em termos narrativos já vistos nos últimos anos na televisão. Não é para menos que o nome da roteirista e atriz está crescendo cada vez mais no meio cultural. Além de Fleabag, a inglesa de 33 anos é a roteirista do próximo 007, inclusive a pedido de Daniel Craig, o ator principal da franquia e já tem uma outra série engatilhada, agora para a HBO, chamada Run. Também podemos vê-la na Netflix com a série de sua criação Crashing, que ainda não assisti.


Mas voltemos a Fleabag. Criada a partir de um monólogo feito para o teatro, a série conta a história de uma mulher lidando com situações quase universais sob o ponto de vista feminino: problemas de relacionamento, frustração sexual e profissional e conflitos familiares. Ela vive em Londres, administra um café quase falido e sozinha tenta superar a dor do luto após sua melhor amiga, e sócia no café, cometer suicídio. No meio de tudo isso, vemos Phoebe se relacionar com a tensa irmã Claire, uma executiva de sucesso, seu nojento cunhado Martin, seu pai e sua madrasta megera.

Essa é a sinopse de uma série com apenas duas temporadas de seis episódios cada. Mas é difícil falar sobre os motivos de Fleabag ser tão boa, porque parte da qualidade da série é saber falar com o público de maneira ímpar. De fato, fala com quem a assiste. De forma brilhante, a protagonista quebra a quarta parede – termo que vem do teatro para explicar a parede imaginária que separa os atores do público e se comunica conosco de uma forma absolutamente intimista. Esse recurso, claro, não é nenhuma novidade em filmes e séries, mas a forma como a personagem faz parece diferente de qualquer coisa que nós já assistimos na TV.


Solitária, deprimida e utilizando o sexo para enfrentar os diversos traumas de sua vida, aparentemente a personagem não tem amigos dentro da série, mas tem o público. Portanto, nós conversamos com a protagonista em todos os momentos, sempre de forma orgânica, sem nunca parecer bizarro. Em todos os momentos, ela parece antevir o que nós estamos pensando e brinca, flertando com a câmera e olhando para nós a fim de compartilhar uma agonia, um sentimento ou um segredo que somente nós e ela sabemos. Com isso, nós gargalhamos, nos preocupamos e choramos com seus comportamentos, ao menos aqueles que ela nos deixa ver.

Assim como diversas pessoas na vida real, Fleabag é uma mulher encantadora e engraçada, que parece fazer todo mundo rir e ilumina os lugares por onde passa. Aos poucos, quando já criamos uma confiança mútua, percebemos que, no fundo, ela carrega dores e segredos que a fazem repetir comportamentos destrutivos, ao mesmo tempo em que afasta todo mundo que queira ajudá-la.


A atriz consegue capturar momentos do cotidiano que nós só percebemos quando vemos dramatizados na tela. Por isso, expressões faciais, modos de falar e constrangimentos universais são postos na tela quase como um espelho para o público. O primeiro episódio da segunda temporada traz um jantar em família tão desastroso, e ao mesmo tempo tão identificável, que fica difícil não nos colocarmos sentados naquela mesa. Os atores estão tão alinhados com o ritmo dos diálogos e com seus personagens que as cenas mais parecem uma dança ou uma peça de teatro, em que os atores sabem exatamente o que fazer em cada segundo. É tudo tão rápido que fica difícil acompanhar cada detalhe da cena, mas tudo ali é pensado, orquestrado e funcional.

Fleabag aborda questionamentos muitos difíceis, tanto para a personagem quanto para o público, tudo embalado numa aparente série leve, que de leve não tem nada. Não é raro a protagonista tentar se livrar do nosso próprio olhar, fugindo ou mudando de posição em cena para que não a julguemos. Ao mesmo tempo, ela nos olha sempre com um olhar cúmplice, quase dizendo: “Eu sei o que você está pensando”, o que nos tira da zona de conforto de público passivo, incomoda e nos faz repensar.


Por tudo isso, Fleabag é uma obra completa, sem nenhuma sobra, falha ou exageros. É tão genial que, quando termina, parece que perdemos um amigo próximo. É uma série da qual eu nem sabia que precisava tanto. Eu me identifiquei, desejei ser amiga da personagem e tenho certeza que se você ainda não assistiu, terá o mesmo desejo.

Assistam!!!

Trailer 

Comentários
7 Comentários

7 comentários :

  1. Oii!

    Eu tenho a Amazon há tempos e só agora comecei a consumir o prime. confesso que bem mais que a netflix... Eu queria mesmo indicações em relação à essa série pois estou assistindo Will & Grace e já estou acabando. Gostei de conhecer mais do enredo e pela forma que disse faz muito sentido o sucesso.
    Já deixei anotado e espero gostar assim como você.

    Beijinhos,
    Ani
    www.entrechocolatesemusicas.com.br

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  2. Olá, tudo bem? Não conhecia essa série ainda, mas pelo o que tu disse parece ser muito boa mesmo, ein? Gostei de saber que a personagem é "real" e que faz a gente se sentir próximo dela. Ótima dica!

    Beijos,
    Duas Livreiras

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  3. Olá, como vão as coisas?

    Eu sempre achei esse poster da série bem interessante e, por si só, ele já despertava a minha vontade de assistir à série, porém, acabei nunca fazendo-o. Sinto falta de assistir algo desse tipo, inclusive, pois antes eu costumava assistir bem mais. Adorei o seu post e, com certeza, irei assistir :)

    Abraços!
    www.acampamentodaleitura.com

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  4. Adorei a dica dessa série.
    Estou sempre procurando séries menores, porque tô sem condições de acompanhar 10 temporadas de uma mesma coisa! Rs...
    O tema me pareceu ótimo!
    Vou procurar!
    beijos
    Camis - blog Leitora Compulsiva

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  5. Não conhecia essa série, mas achei bacana sua proposta e irei dar uma olhada nela nesse final de semana. Caso consiga assistir o episódio piloto e gostar, irei começar a acompanhá-la.

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  6. Como assim essa série está concluída? Não teremos nova temporada? Eu assisti e simplesmente amei! Tem tudo para uma boa continuação! Ai, que triste... Ultimamente séries que têm 30 episódios com mais de 3 temporadas já me cansam...
    bjos
    Lucy - Por essas páginas

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  7. Oi!
    Faz pouco s dias que assinei a Amazon Prime, conferi alguns de seus títulos, mas ainda não tinha visto esse, fico muito feliz por ter gostado e assim adorei sua dica. Obrigado pela suas considerações e parabéns pela resenha, bjs!

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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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