Americanah (Chimamanda Ngozi Adichie)

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Ficha Técnica:
Nome Original: Americanah
Autora: Chimamanda Ngozi Adichie
Tradução: Julia Romeu
País de Origem: Estados Unidos
Número de Páginas: 520
Ano de Lançamento: 2014
ISBN-13: 9788535924732
Editora: Companhia das Letras

Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 51º livro lido em 2019 e foi Americanah (Chimamanda Ngozi Adichie). Eu tinha uma curiosidade imensa em ler alguma coisa desta autora, mas, ao mesmo tempo, me sentia intimidada por ela ser tão elogiada por pessoas interessantíssimas e confesso que tinha medo de começar a ler, não gostar e me sentir inferior pela leitura não funcionar para mim.

O livro nos traz a uma mulher chamada Ifemelu, que deixa a cidade de Lagos, na Nigéria, para estudar e viver nos Estados Unidos. Seu país está passando por problemas sérios e isso reflete em professores universitários fazendo greves intermináveis, desemprego e um regime militar complicado. Chegando à América ao mesmo tempo em que se torna uma aluna exemplar, ela começa a perceber como pode ser difícil a vida para uma imigrante, tendo que lidar com muitas questões para conseguir viver com dignidade. Uma destas questões é a social: Ifemelu chega aos Estados Unidos com o visto de estudante e isso a impede de trabalhar em tempo integral o que acaba limitando muito a forma de obter recursos para se manter. Ela passa por muitas dificuldades com alimentação e locomoção por falta de dinheiro. Temos ainda a questão de gênero que por ser mulher, tem que ir na contramão de muitas coisas, mas o foco do livro sem dúvida se mantêm na questão racial e em como ela vai lidar em ser negra em uma país que mantêm o racismo estrutural em muitas esferas.

Em Lagos ela tinha um namorado por quem era muito apaixonada, o Obinze e eles tinham planos de ir juntos para a América, porém ele não conseguiu ir junto com ela e ela acabou optando por não manter o contato enquanto estivesse nos Estados Unidos. Tempos depois Obinze consegue sair de Lagos, mas para o Reino Unido onde terá que fazer uma série de trabalhos para se manter, mesmo que seja um homem inteligente e tendo sonhado em viver intelectualmente.

Acompanhamos a saga de Ifemelu e ao longo dos anos que ela vive na América ela se envolve amorosamente com alguns homens e é nítido como ela vai se sabotando, fazendo com que cada relacionamento não deslanche da maneira como deveria, ainda que sejam homens que de certa forma, a valorizem e a estimulem.

Ela se torna uma blogueira com foco em questões raciais e passa a ser referência dentro do assunto, tendo a sua opinião muito respeitada, mas de alguma forma, sabe que o seu tempo nos Estados Unidos precisa ter fim e ela precisa voltar para a sua terra Natal.

O livro é uma reflexão intensa sobre o racismo e sobre o quanto não entendemos a dificuldade das pessoas que passam por isso. De alguma forma, as pessoas brancas acreditam realmente que são superiores às pessoas negras e isso se reflete em muitas questões do comportamento humano e isso ao longo dos tempos se tornou tão tóxico que os próprios negros começaram a acreditar nessa mentira. 

Existem trechos muito intensos na narrativa em que eu tive que parar pra pensar e tentar sentir um pouquinho do que a autora queria passar com essa história. Uma das passagens que mais me tocou intimamente é que as vezes as pessoas brancas se sentem responsáveis pelo racismo diminuir e desejam ser parabenizadas por isso quando na verdade, o racismo nunca deveria ter existido.

O livro é belamente escrito e a maneira como a autora nos coloca dentro da mente de uma mulher que não é perfeita ou exemplar, mas que ainda assim, tem uma missão legitima na vida, traz para o leitor uma experiência única sobre ler uma ficção pautada totalmente em realidade.

O final do livro é delicioso, embora tenha me deixado aflita em como Ifemelu se desconstrói em função dos sentimentos que calou dentro de si. Mas ainda assim, foi uma conclusão maravilhosa e uma história que eu tenho certeza que nunca esquecerei.

Imagino o quanto esta leitura seria relevante e agregadora nas escolas dentro da grade de disciplinas do ensino médio. Precisamos falar sobre o racismo, discuti-lo e combatê-lo através de reflexões como a que é feita através desta história. Quanto mais deixarmos claro o quanto isso é prejudicial para todo mundo, maior nossa chance de que um dia consigamos sonhar com uma sociedade igualitária para todas as pessoas.

Sem dúvida foi um dos melhores livros que eu li este ano e o recomendo sem medo de errar porque é um livro que ensina, orienta e abre nossos olhos, ainda que não seja um livro didático.

Eu amei.


Um pouco sobre a autora: Chimamanda é uma escritora nigeriana, conhecida por seus romances e contos. Nasceu em Enugu, mas cresceu na cidade universitária de Nsukka, no sudeste da Nigéria, onde se situa a Universidade da Nigéria. Seu pai era professor de Estatística na universidade, e sua mãe trabalhava como secretária no mesmo local. Quando completou dezenove anos, deixou a Nigéria e se mudou para os Estados Unidos da América. Depois de estudar na Universidade Drexel, na Filadélfia, Chimamanda se transferiu para a Universidade de Connecticut. Fez estudos de escrita criativa na Universidade Johns Hopkins de Baltimore, e mestrado de estudos africanos na Universidade Yale. Alguns de seus livros publicados no Brasil são: 
    • Para Educar Crianças Feministas
    • No Seu Pescoço
    • Meio Sol Amarelo
    • Hibisco Roxo

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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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