Nome Original: I am Malala: The girl
who stood up for education and was shot by the Taliban
Autoras: Malala Yousafzai com
Christina Lamb
Tradução: Caroline Chang, Denise
Bottmann, George Schlesinger, Luciano Vieira Machado
País de Origem: Inglaterra
Número de Páginas: 342
Ano de Lançamento: 2013
ISBN: 978-85-359-2343-8
Já tinha ouvido falar de Malala, mas
me interessei por saber mais de sua história após a divulgação de sua visita ao
Brasil em Julho deste ano e encontrei esse livro, escrito pela ativista e uma
jornalista. O prólogo é iniciado por frases
fortes, com Malala na Inglaterra, recordando a vida que deixou no Paquistão. O
livro é dividido em 5 partes, bem detalhadas: retrata a vida dos habitantes
desde antes do domínio Talibã, a transformação do vale do Swat após o domínio,
além do momento em que Malala é baleada e a sua vida (e luta) após o ocorrido.
Com nome em homenagem a uma heroína
do Afeganistão, Malala demonstra orgulho do lugar onde nasceu a cada momento,
com direito a descrição de lugares e atividades de rotina e lazer. Relata nascimento dos irmãos e
esforço dos pais, sendo que o pai é conhecido como falcão por transformar
fraqueza em força, fundador de uma escola e ao contrário dos outros homens
paquistaneses, sempre consulta a esposa antes de qualquer decisão, são
extremamente unidos.
“Não quero ser lembrada como “a menina que foi baleada pelo Talibã”, mas como “a menina que lutou pela educação”. Esta é a causa pela qual estou dedicando minha vida”. – página 323.
Ao crescer na escola e ter certa
liberdade concedida pelos pais, Malala se comove e se esforça para ajudar
meninas que não tenham as mesmas condições e oportunidades que ela. O Paquistão enfrentou dificuldades a
partir de 1999 (caça a Bin Laden), que se intensificaram no período entre 2004 e
2005, com o ataque dos EUA, o terremoto no qual muitas pessoas morreram e
principalmente após o domínio do talibã, movimento fundamentalista islâmico nacionalista com
ideal político-religioso de recuperar todos os principais aspectos do Islã (cultural,
social, jurídico e econômico).Em meio a tudo isso, Malala relata também fatos
da rotina escolar, como disputa de prêmios com as amigas por ser melhor aluna,
seus livros e programas de TV favoritos.
“No Paquistão, quando as mulheres dizem que querem independência, as pessoas acham que isso significa que não desejam obedecer a seus pais, irmãos ou maridos. Mas não é isso. Significa que queremos tomar decisões por conta própria. Queremos ser livres para ir à escola ou para ir trabalhar. Não há nenhum trecho no Corão que obrigue a mulher a depender do homem. Nenhuma mensagem dos céus estabeleceu que toda mulher deve ouvir um homem”. – página 230.
Escolas são fechadas e pessoas
mortas, mas a luta de Malala e seu pai pela educação permanece, sendo que a
menina já é vista como referência e respeitada pelo povo, mas também em perigo,
já que é ameaçada de morte e leva três tiros dentro do ônibus em que voltava da
escola, trecho relatado de forma bem descritiva e tensa.
“Comecei a entender que a caneta e as palavras podem ser muito mais poderosas do que metralhadoras, tanques ou helicópteros. Estávamos aprendendo a lutar. E a perceber como somos poderosos quando nos manifestamos”. – página 167.
A última parte demonstra a
recuperação de Malala na Inglaterra e a comoção mundial. Fiquei surpresa ao
perceber que no Paquistão ela recebe várias críticas. Se por um lado, Malala se
mostra uma garota bem comum, fã de Crepúsculo, Masterchef e que adora comer frango
frito, há também vários trechos tristes e tensos bem detalhados, que demonstram
todo o sofrimento dela. A mensagem do livro é de persistência e coragem em
busca de um objetivo: a educação.
“E me dizia: “Farei parte de toda organização que lute pela paz. Se você quiser resolver uma disputa ou encerrar um conflito, a primeira coisa a fazer é dizer a verdade. A verdade eliminará o medo”. – página 149.
Há várias fotos da infância, adolescência
e de eventos importantes na vida de Malala, assim como um glossário de palavras
em pachto (um dos idiomas
paquistaneses) e termos islâmicos, a linha do tempo com acontecimentos
importantes no Paquistão e no Vale do Swat até 2013 e esclarecimentos sobre o
Fundo Malala, que enriquecem a leitura. Talvez fosse interessante a publicação
de uma versão atualizada com a reação e as mudanças na vida de Malala após o
recebimento do prêmio Nobel da Paz em 2014.
A leitura foi bem interessante,
recomendo para quem goste de biografias, queiram conhecer a história de uma
menina / mulher forte e também para quem acredita que a educação tem poder de
mudar o mundo.
Um pouco sobre
as autoras:
Malala
Yousafzai nasceu em 1997, no vale do Swat, Paquistão. É estudante e
ativista, conhecida por seu ativismo pelos direitos à educação e o direito das
mulheres. Chamou a atenção do público ao escrever para a BBC Urdu a respeito da
vida sob o Talibã. Em Outubro de 2012, foi perseguida e atingida na cabeça por
um tiro quando voltava da escola. Contrariando às expectativas, sobreviveu e
agora continua sua campanha por meio do Fundo Malala, uma organização sem fins
lucrativos de apoio à educação de meninas em comunidades ao redor do mundo.
Christina
Lamb é jornalista e correspondente no Paquistão e Afeganistão desde 1987.
Formada em Oxford e Harvard, é autora de cinco livros e vencedora de diversos
prêmios, incluindo o Prix Bayeux, honraria mais prestigiosa da Europa para
correspondentes de guerra. Atualmente trabalha para o Sunday Times e vive entre Londres e Portugal com o marido e o
filho.