Eu sou Malala (Malala Yousafzai e Christina Lamb)

sábado, 1 de setembro de 2018

Ficha Técnica:
Nome Original: I am Malala: The girl who stood up for education and was shot by the Taliban
Autoras: Malala Yousafzai com Christina Lamb
Tradução: Caroline Chang, Denise Bottmann, George Schlesinger, Luciano Vieira Machado
País de Origem: Inglaterra
Número de Páginas: 342
Ano de Lançamento: 2013
ISBN: 978-85-359-2343-8
Editora: Companhia das Letras
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Já tinha ouvido falar de Malala, mas me interessei por saber mais de sua história após a divulgação de sua visita ao Brasil em Julho deste ano e encontrei esse livro, escrito pela ativista e uma jornalista. O prólogo é iniciado por frases fortes, com Malala na Inglaterra, recordando a vida que deixou no Paquistão. O livro é dividido em 5 partes, bem detalhadas: retrata a vida dos habitantes desde antes do domínio Talibã, a transformação do vale do Swat após o domínio, além do momento em que Malala é baleada e a sua vida (e luta) após o ocorrido.

Com nome em homenagem a uma heroína do Afeganistão, Malala demonstra orgulho do lugar onde nasceu a cada momento, com direito a descrição de lugares e atividades de rotina e lazer. Relata nascimento dos irmãos e esforço dos pais, sendo que o pai é conhecido como falcão por transformar fraqueza em força, fundador de uma escola e ao contrário dos outros homens paquistaneses, sempre consulta a esposa antes de qualquer decisão, são extremamente unidos.
“Não quero ser lembrada como “a menina que foi baleada pelo Talibã”, mas como “a menina que lutou pela educação”. Esta é a causa pela qual estou dedicando minha vida”. – página 323.
Ao crescer na escola e ter certa liberdade concedida pelos pais, Malala se comove e se esforça para ajudar meninas que não tenham as mesmas condições e oportunidades que ela. O Paquistão enfrentou dificuldades a partir de 1999 (caça a Bin Laden), que se intensificaram no período entre 2004 e 2005, com o ataque dos EUA, o terremoto no qual muitas pessoas morreram e principalmente após o domínio do talibã, movimento fundamentalista islâmico nacionalista com ideal político-religioso de recuperar todos os principais aspectos do Islã (cultural, social, jurídico e econômico).Em meio a tudo isso, Malala relata também fatos da rotina escolar, como disputa de prêmios com as amigas por ser melhor aluna, seus livros e programas de TV favoritos.
“No Paquistão, quando as mulheres dizem que querem independência, as pessoas acham que isso significa que não desejam obedecer a seus pais, irmãos ou maridos. Mas não é isso. Significa que queremos tomar decisões por conta própria. Queremos ser livres para ir à escola ou para ir trabalhar. Não há nenhum trecho no Corão que obrigue a mulher a depender do homem. Nenhuma mensagem dos céus estabeleceu que toda mulher deve ouvir um homem”. – página 230.
Escolas são fechadas e pessoas mortas, mas a luta de Malala e seu pai pela educação permanece, sendo que a menina já é vista como referência e respeitada pelo povo, mas também em perigo, já que é ameaçada de morte e leva três tiros dentro do ônibus em que voltava da escola, trecho relatado de forma bem descritiva e tensa.
“Comecei a entender que a caneta e as palavras podem ser muito mais poderosas do que metralhadoras, tanques ou helicópteros. Estávamos aprendendo a lutar. E a perceber como somos poderosos quando nos manifestamos”. – página 167.
A última parte demonstra a recuperação de Malala na Inglaterra e a comoção mundial. Fiquei surpresa ao perceber que no Paquistão ela recebe várias críticas. Se por um lado, Malala se mostra uma garota bem comum, fã de Crepúsculo, Masterchef e que adora comer frango frito, há também vários trechos tristes e tensos bem detalhados, que demonstram todo o sofrimento dela. A mensagem do livro é de persistência e coragem em busca de um objetivo: a educação.
“E me dizia: “Farei parte de toda organização que lute pela paz. Se você quiser resolver uma disputa ou encerrar um conflito, a primeira coisa a fazer é dizer a verdade. A verdade eliminará o medo”. – página 149.
Há várias fotos da infância, adolescência e de eventos importantes na vida de Malala, assim como um glossário de palavras em pachto (um dos idiomas paquistaneses) e termos islâmicos, a linha do tempo com acontecimentos importantes no Paquistão e no Vale do Swat até 2013 e esclarecimentos sobre o Fundo Malala, que enriquecem a leitura. Talvez fosse interessante a publicação de uma versão atualizada com a reação e as mudanças na vida de Malala após o recebimento do prêmio Nobel da Paz em 2014.

A leitura foi bem interessante, recomendo para quem goste de biografias, queiram conhecer a história de uma menina / mulher forte e também para quem acredita que a educação tem poder de mudar o mundo.


Um pouco sobre as autoras:  

Malala Yousafzai nasceu em 1997, no vale do Swat, Paquistão. É estudante e ativista, conhecida por seu ativismo pelos direitos à educação e o direito das mulheres. Chamou a atenção do público ao escrever para a BBC Urdu a respeito da vida sob o Talibã. Em Outubro de 2012, foi perseguida e atingida na cabeça por um tiro quando voltava da escola. Contrariando às expectativas, sobreviveu e agora continua sua campanha por meio do Fundo Malala, uma organização sem fins lucrativos de apoio à educação de meninas em comunidades ao redor do mundo.

Christina Lamb é jornalista e correspondente no Paquistão e Afeganistão desde 1987. Formada em Oxford e Harvard, é autora de cinco livros e vencedora de diversos prêmios, incluindo o Prix Bayeux, honraria mais prestigiosa da Europa para correspondentes de guerra. Atualmente trabalha para o Sunday Times e vive entre Londres e Portugal com o marido e o filho.
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Ivi Campos

48 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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