PRECISAMOS FALAR SOBRE O KEVIN (Lionel Shriver)

quinta-feira, 10 de abril de 2014



Depois de uma overdose de Kristin Hannah, precisava ler algo diferente, então porque não ler um livro que há muito tempo eu já gostaria de ter lido, sendo assim fui me aventurar nesse terror psicológico muito tenso, do começo ao fim.

Somos lançados no livro com a narrativa em primeira pessoa de Eva Khatchadourian, que escreve cartas a seu esposo Franklin. Nessa narrativa ela começa a contar a história de suas vidas como um desabafo, desde que se conheceram até sua eminente separação e os dias atuais, de maneira solitária.

Eva é mãe de Kevin, um menino que aos seus 15 anos comete uma chacina em sua escola matando 11 pessoas, dentre eles 9 colegas de classe uma professora e um servente da cantina. 

Nas cartas narradas por Eva, ela conta suas visitas a Kevin e conta como tudo começou, desde o momento em que decidiu ser mãe para agradar ao seu esposo, e pelo medo de um dia ficar sozinha, então um filho seria algo bem agradável para se ter como companhia caso seu esposo viesse a faltar. Algumas tentativas frustradas, mas enfim a notícia chegou, Eva estava grávida e é neste ponto que a narrativa começa a ficar muito tensa: Eva em nenhum momento gosta de estar grávida, ela não demostra nenhum sentimento, o que nos deixa com raiva dela, a maneira como ela se descreve e descreve sua gravidez deixa claro que ela pode ser muito fria, assim que tem seu pequeno filho nos braços, Eva não consegue se comover ou sentir algo especial, o que faz com que seu pequeno bebê a despreze também, pois nega o peito de maneira explícita, e assim a jornada de mãe e filho começa, Kevin odeia Eva, e Eva não faz questão alguma de demostrar amor, largar uma carreira para ser mãe foi o pior erro que poderia ter cometido.

A maneira que a leitura avança você não sabe quais os sentimentos que você sente, Kevin é um menino horrível, ele é mau, sua natureza é de maldade, tudo o que ele faz é para atingir Eva de alguma maneira, tudo para chamar sua atenção, exemplo clássico disso é que ele usa fraldas ate os seis anos. 

A cada vez que o nome de Kevin aparecia na narrativa eu ficava com uma expectativa de algo. E sempre acontecia. Eu não sabia mais o que sentir, se pena, raiva ou frustração por Eva. Não entendia sua passividade. E para piorar a situação Eva ainda tem um filha, a Celia, da qual demostra seu total amor.

PRECISAMOS FALAR SOBRE O KEVIN é um livro muito tenso, eu o li em exatamente um dia, suas mais de 460 páginas me prenderam de maneira total e absoluta, ele me deixou absorta, em muitos momentos fechei o livro e o abracei, acho que era meu modo de querer abraçar Eva, ou cuidar de Kevin, o livro tem uma narrativa muito bem feita e perspicaz, nos faz pensar analisar e se envolver, queria ver se Kevin tinha humanidade, ou algo parecido. 

Terminei a leitura com um nó na garganta, me surpreendi com um final inesperado e uma declaração fora dos padrões. Não é um livro fácil, não é todo mundo que vai ler e gostar. É um livro profundo e me deixou pensando por muito tempo na narrativa. Recomendo a leitura, mas para os que realmente desejam ler algo fora do comum. Amei a leitura e a história, algo neste livro me impressionou e muito, me perturbou e eu ainda queria ler mais.  Eu precisava falar sobre o Kevin.

O Livro já tem um filme que deixa muito a desejar, apesar de atuações ótimas de Tilda Swinton com Eva, Ezra Miller ótimo como Kevin e John C. Reilly como Franklin, mas a profundidade de sentimentos no livro é muito maior, o filme foi muito bem aceito pela critica, e rendeu uma indicação ao Globo de Ouro para Tilda Swinton. 

TRAILER DA ADAPTAÇÃO CINEMATOGRÁFICA:




“Por mais espezinhado que tenha sido o conceito, na década de sessenta, a integridade é uma qualidade que, acabei me dando conta, anda surpreendentemente escassa, hoje em dia.”p. 17
“ Já reparou quantos filmes retratam a gravidez com uma infestação, uma colonização sub-repticia? O Bebe de Rosemary foi só o começo. Em Alien, um extraterrestre nojento sai da barriga de John Hurt... Nos filmes de horror ou de ficção cientifica, o anfitrião é consumido ou despedaçado, reduzido a uma casca ou resíduo para que alguma criatura de pesadelo possa sobreviver” – p. 76
“De modo que a aniquilação é uma espécie de preguiça. Mas, ainda assim, fornece as satisfações do agir: eu destruo, portanto eu sou. Além do mais, para a maior parte das pessoas, construir é um ato tendo, concentrado, compacto, ao passo que o vandalismo oferece liberação; é preciso ser um excelente artista para dar expressão positiva ao abandono. A destruição, além da intimidade, tem dono; é uma apropriação.” – p. 292


Um pouco sobre a autora: Lionel Shriver (cujo nome de nascimento é Margaret Ann Shriver) nasceu em 18 de Maio de 1957. É jornalista e escritora. Nasceu em Gastonia, Carolina do Norte, EUA, no seio de uma família extremamente religiosa, sendo o seu pai pastor Presbiteriano. Mudou o seu nome quando tinha 15 anos (de Margaret Ann para Lionel) porque gostava da forma como soava. Frequentou a Universidade de Columbia. Já viveu em Nairobi, Bangcoc e Belfast. Neste momento, divide o seu tempo entre Londres e Nova Iorque. Colabora com diversos jornais, entre outros, The Wall Street Journal, The Philadelphia Inquirer e The Economist. É casada com um músico de jazz. 
• Precisamos Falar Sobre Kevin
• Dupla Falta
• O mundo Pós- Aniversário
• Grande Irmão
• Tempo e Dinheiro

Comentários
6 Comentários

6 comentários :

  1. Faz tempo que quero ler esse livro, mas sempre fico adiando, fiquei um pouco tensa só lendo a resenha então não sei se estou preparada para ler esse livro agora. Vou adiar mais um pouco.

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  2. Apesar das várias resenhas positivas que já li deste livro, não consigo me interessar por ele.
    Bjs, Rose

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  3. Uau...adorei a resenha! Fiquei louca para conhecer o livro, gosto dessas coisas tensas, mas já até sinto que vou ficar com raiva da Eva e isso me preocupa um pouco... rsrs

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  4. nossa que coisa louca.. eu nak ficaria se uma mãe que despreze o filho gere algo na mente do filho.. E esse massscre na escola .o.
    A sua resenha me lembrou muito o seriado bates motel, mas la a mae do menino é boa e tals mas há varios segredos e sempre surpreende de acordo vai vendo...
    Nao gosto de ler livros onde eu nao tenha um lado -.-ainda mais quando olhar qm tem razão: O menino por nao ter atenção e ser "indesejado" ou a mae
    Odeio estar dividida ...
    Mas se tiver a oportunidade irei querer ler

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  5. Nossa q capa.. meu deu medo '0' maas apos ler a resrnha vejo q é algo mais profundo.
    É ruim nao saber qual lado e wual personagem escolher para dizer q esta certo então....
    Na minha opini. qnd ja nao sse da a atenção e o carinho necessario a criança ja cresce cm problemas que foi oq acontece cm o personagm do livro..

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  6. Achei muito interessante não só a capa mas como também o título! E a sinopse também me deixou muito interessada, parece ser uma história que nos prende do início ao fim, que mexe com a gente e quando acaba nos deixa com a famosa "ressaca literária". Definitivamente entrou pra minha looonga lista de livros pra ler.

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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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