Ficha Técnica:
Título Original: Woman of the Hour
Ano de Produção: 2024
Lançamento no Brasil: 10 de outubro de 2024
Duração: 89 minutos
Gênero: Drama, Policial, Thriller
País de Origem: Estados Unidos
Classificação: 16 anos
Direção: Todd Phillips
Roteiro: Ian MacAllister McDonald
Elenco: Anna Kendrick, Daniel Zovatto, Autumn Best, Denalda Williams, Dylan Schmid, Geoff Gustafson, Jedidiah Goodacre, Jessie Fraser, Karen Holness, Kathryn Gallagher, Kelley Jakle, Matt Visser, Matty Finochio, Max Lloyd-Jones, Nicolette Robinson, Pete Holmes, Tony Hale.
Sinopse: Em 1978, o serial killer Rodney Alcala (Daniel Zovatto) apareceu no "The Dating Game" e ganhou um encontro com a solteira Cheryl Bradshaw (Anna Kendrick). Na época, Alcala havia assassinado cinco mulheres, e sua estranha passagem no programa da TV lhe rendeu o apelido de "O Assassino do Namoro na TV".
Cheryl tem poucos embates com homens em A Garota da Vez, mas em cada um deles parece que Anna Kendrick tenta transmitir um sentimento diferente sobre a posição de uma mulher em uma sociedade machista como a que vivemos. Primeiro ela engole ofensas gratuitas em um teste para atriz, depois se sente mal por rejeitar uma investida num bar, em seguida fica apavorada por estar a sós com um homem num estacionamento à noite. Em nenhum momento há parada na trama para explicar a dor que Cheryl e todas as outras mulheres atacadas pelo serial killer Rodney Alcala sentem, não há monólogo, não há lições de moral — isso porque não é necessário. O pavor e a opressão estão refletidos nos olhares de cada uma delas, e não só das vítimas, mas também das mulheres ao redor delas, quase todas em busca de uma luz num mundo que só as vê pelo que há no exterior.
O filme, que marca a estreia de Kendrick na direção, conta a história de Alcala por meio de recortes de tempo entre suas vítimas, que segundo estudiosos, podem chegar até a 130 — todo o longa se passa em diferentes anos da década de 1970. Cheryl, porém, está no centro da narrativa como uma jovem que sai de Nova York em busca do sonho de viver como atriz em Hollywood. Estudiosa e consciente dos próprios talentos, ela passa boa parte do filme fora do escopo do assassino, como um retrato mais cru e realista, sem a necessidade da ameaça para comprovar quão complicado é se desvencilhar do caráter subserviente que a sociedade impõe à mulher.
Seja pela futura atriz ou pelas jovens que cruzam o caminho de Alcala, todas compartilham de forma explanatória frustrações e uma solidão característica das vítimas de serial killers como Alcala. Daniel Zovatto, que vive o antagonista, não chega a ser ameaçador ou impõe qualquer tipo de medo, esvaziando por vezes a tensão que Kendrick tenta dar à trama. Todavia, não é esse o intuito do roteiro, que diferente das produções atuais neste gênero que atrai tanta audiência nos dias de hoje, pois ele simplesmente se nega a conversar sobre as motivações de um cidadão capaz de tamanha atrocidade - não que o assunto não seja motivo de curiosidade, só não é o foco do texto de Ian McAllister McDonald.
Negar ao espectador os momentos de agressão e violência física tornam A Garota da Vez muito mais forte do que se o sangue jorrasse na tela. A decepção com a qual Cheryl lida com as consequências de seu brilhante texto na cena do “The Dating Show”, que cabe em absolutamente qualquer situação semelhante nos dias de hoje, soa tão amedrontador e decepcionante quanto a violência em si. Independente da situação, a sensação de prisão e impotência é o maior impacto do filme, que tem, para além de Alcala, a própria sociedade como mantenedora de práticas feitas para oprimir mulheres.
É um filme tenso e melancólico que me deixou apreensiva do começo ao fim. Eu amo a Anna Kendrick e adorei o filme, espero vê-la a frente de muitas outras produções no futuro.
Trailer: