Nome Original: Dial A for Aunties
Autora: Jessie Q. Sutanto
País de Origem: Estados Unidos
Tradução: Luciana Pádua Dias e Maria Carmelita Dias
Número de Páginas: 352
Ano de Lançamento: 2022
ISBN: 978-65-5560-425-2
Editora: Intrínseca
Oi gente que am alivros, hoje venho com a resenha do 48º livro lido e foi Disque T para Titias (Jessie Q. Sutanto). Eu estava em busca de uma leitura leve e divertida e ao ouvir e ler comentários sobre este livro, sabia que essa história poderia se encaixar no que eu estava a procura.
O livro nos traz a Meddelin, que acidentalmente mata o cara que sua mãe tinha arranjado para ela em um encontro às cegas. É quando a mãe e as tias se prontificam a ajudar — o que talvez acabe piorando a situação. O corpo vai parar no hotel de luxo onde todas elas estão trabalhando como organizadoras de um casamento, o maior negócio que a empresa familiar já conseguiu fechar. Para piorar a situação, o amor de Meddy dos tempos de faculdade ressurge, colocando a vida dela ainda mais de pernas para o ar.
Narrado em primeira pessoa por Meddy, Disque T Para Titias é daquelas leituras ágeis, gostosas e que fluem com facilidade. Além da escrita em si de Jessie Q. Sutanto ser engraçada, com comentários divertidos muito bem colocados, a sequência de eventos absurdos intensifica o humor. Por isso, essa é daquelas histórias em que esperar algum tipo de racionalidade é um convite à frustração; é necessário embarcar no absurdo para rir com o que o livro se propõe a ser.
Para além do humor e das várias reviravoltas, dois outros aspectos me agradaram bastante em Disque T Para Titias. O primeiro deles é a temática da complexidade das relações familiares, o cerne do livro. Com leveza, Jessie Q. Sutanto representa muito bem os entraves comuns entre pessoas de uma mesma família: as rixas entre as irmãs, as necessidades de aprovação, os ressentimentos entre mãe e filha mesclados ao carinho e afeto. Meddy, também, sente-se muito pressionada a não decepcionar a mãe e as tias, o que afeta suas demais relações e as escolhas que ela faz sobre sua vida. Gostei bastante de como a personagem vai tomando consciência disso ao longo do enredo e vai se transformando. O outro ponto é o romance em si. Embora Disque T Para Titias seja hilário e absurdo, embora conte a história de uma família tentando desovar um corpo, é também um romance de reencontro, que entrega passagens bastante fofas e um mocinho digno de provocar suspiros.
Por fim, é também interessante o aspecto linguístico da obra, muito bem capturado na tradução. Para além das confusões de vocabulário por cada membro da família ser mais fluente em um diferente idioma, ficam também expressos hábitos, costumes e visões de mundo que estão vinculados a uma língua. E como Jessie Q. Sutanto reforça em sua nota, sua intenção não era a de fortalecer estereótipos comumente associados a pessoas asiático-amarelas, mas a de homenagear sua família. Não deixa de ser interessante observar o protagonismo que foge do padrão branco e anglófono.
Para quem busca uma leitura leve, muito divertida e com representatividade amarelo-asiática, Disque T Para Titias entrega tudo isso além de reviravoltas, relações familiares controversas, um romance fofo e muita confusão.
Disque T Para Titias é o romance de estreia de Jessie Q. Sutanto e na nota de apresentação, a autora conta um pouco da história de sua família, que migrou da China para a Indonésia antes de seguir para Cingapura, e as questões linguísticas envolvidas na comunicação entre as gerações. Por isso, o livro é, também, uma homenagem familiar.
Eu me diverti muito com essa leitura!
Um pouco sobre a autora: Jesse Q. Sutanto cresceu entre Indonésia, Singapura e Oxford e se sente em casa nos três lugares. Fez mestrado na Oxford University, mas ainda não descobriu como contar isso sem parecer arrogante. Jesse tem 42 primos de primeiro grau e trinta tias e tios, muitos dos quais moram na mesma rua. Quando não está escrevendo, está se divertindo com o marido ou fazendo bagunça na cozinha com as duas filhas.
Seus livros publicados no Brasil:
Disque T para Titias
Por essa eu não esperava
Quatro titias e um casamento