Tudo Sobre o Amor (bell hooks)

quarta-feira, 30 de novembro de 2022

FICHA TÉCNICA

Nome Original: All About Love 
Autora: bell hooks
Tradutor: Stephanie Borges
País de Origem: Estados Unidos
Número de Páginas: 272
Ano de Lançamento: 2021
ISBN: 9786587235240
Editora: Elefante
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Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 106º livro lido em 2022 e foi Tudo Sobre o Amor (bell hooks). Este livro foi a minha nona escolha para compor minha TBR especial de novembro, composta apenas de autores negros.

Um dos temas mais recorrentes no campo das artes é o amor. Músicas, filmes, livros, por exemplo, quando falam sobre o amor, na maior parte das vezes, é em tom ficcional, especialmente, sobre as possibilidades de um amor romântico que se desenvolve quase como uma fantasia para aqueles que desfrutam do trabalho artístico.


A autora norte-americana bell hooks se propõe a refletir na obra Tudo Sobre o Amor. Trata-se de um convite à compreensão sobre o tema para além do que os homens são capazes de falar sobre ele. Sim, bell hooks assumidamente em letras minúsculas. Uma das grandes vozes na contemporaneidade sobre questões como raça, gênero, educação e cultura contemporânea. Ela rompe com a ideia do amor romântico, semelhante a uma fantasia, o qual grande parte das pessoas almejam viver um dia, pautado pela atração física e ao sentimentalismo, denominado de “caxetia”, segundo a escritora. O que hooks quer abordar ao longo do livro é a ideia de amor real, que evoque tanto o crescimento espiritual do indivíduo quanto o do próximo. O amor enquanto ação transformadora, permeando todo e qualquer relacionamento humano, desde a infância, o que ela chama de uma ética amorosa. Quando o indivíduo entende esse pressuposto, ele entende verdadeiramente o amor.


Logo na introdução, a crítica levantada recai sobre a falácia desse amor romântico, exigindo um debate mais profundo sobre o significado do amor nas nossas práticas e ações, contra “o cinismo que é uma grande máscara para um coração decepcionado e traído.” Dessa forma, a dor da decepção já nos torna cínicos em potencial, em relação ao amor.

Em Tudo Sobre o Amor, bell hooks dividiu sua obra em treze capítulos: 

1) “Clareza: pôr o amor em palavras”;
2) “Justiça: lições de amor na infância”;
3) “Honestidade: seja verdadeira com o amor”;
4) “Compromisso: que o amor seja o amor-próprio”;
5) “Espiritualidade: o amor divino”;
6) “Valores: viver segundo uma ética amorosa”;
7) “Ganância: simplesmente ame”;
8) “Comunidade: uma comunhão amorosa”;
9) “Reciprocidade: o coração do amor”;
10) “Romance: o doce amor”;
11) “Perda: amar na vida e na morte”;
12) “Cura: o amor redentor”;
13) “Destino: quando os anjos falam de amor”. 

Algo que me chamou a atenção foi quando a autora falou sobre a família. A família se transforma na primeira escola do amor, onde as punições duras são aplicadas e naturalizadas pelos adultos, criando sentimentos confusos que oscilam entre a recompensa e a punição. Nesse sentido, amor e violência caminham lado a lado, em atos que se perpetuam por toda a vida dos indivíduos. A autora aponta para o processo terapêutico da compreensão e aprendizagem acerca do significado do amor e questiona a literatura que, segundo ela, “encoraja todo mundo a se adaptar às circunstâncias em que falta amor”.

Não apenas as questões familiares são um grande empecilho para desenvolver as práticas amorosas, como também a importância das relações de gênero que a autora aborda ao longo de todo o seu livro, nos mostrando que o problema tem um vínculo com o histórico do patriarcado e, consequentemente, com a cultura machista.


A espiritualidade também me chamou a atenção. No quinto capítulo, bell hooks nos alerta para a prática do new age e dos livros de autoajuda. Nesse processo de construção do amor, essas ferramentas devem ser adotadas criticamente, uma vez que tanto no processo de autoestima quanto no crescimento espiritual, o foco adotado é sempre a individualidade e o amor precisa florescer nas práticas coletivas.

Foi um livro que agregou bastante para mim e sei que o consultarei várias vezes no futuro.

Adorei!!!


Um pouco sobre a autora:
bell hooks é o pseudônimo de Gloria Jean Watkins, escritora norte-americana nascida em 25 de setembro de 1952, no Kentucky – EUA. O apelido que escolheu para assinar suas obras é uma homenagem a tataravó Bell Blair Hooks. A justificativa do nome ser escrito todo em letras minúsculas é servir a duas funções: distinguir-se de sua parente homenageada e estabelecer a importância do conteúdo de seus textos em comparação com a sua biografia. bell hooks usou a própria vida como fonte dos seus primeiros estudos sobre raça, classe e gênero, sempre buscando nesses três elementos os fatores da perpetuação dos sistemas de opressão e dominação. A autora, feminista e ativista social assumida, foi premiada com um 'The American Book Award', um dos prêmios literários de maior prestígio em seu país. Entre as influências de hooks, além de Martin Luther King, Malcom X e Eric Fromm, figuram a feminista Sojourner Truth (cujo discurso 'Ain't I a Woman?' inspirou uma das obras de hooks), o educador Paulo Freire, o teologista e padre dominicano Gustavo Gutierrez, Lorraine Hansberry, o monge Budista Thich Nhat Hanh, o escritor James Baldwin, e o historiador guianense Walter Rodney. 

Alguns de seus livros publicados no Brasil são:
  • Meu Crespo Tem História
  • Olhares Negros
  • Erguer a Voz
  • Minha Dança Tem História
  • Tudo Sobre o Amor
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Ivi Campos

48 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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