The Five (Hallie Rubenhold)

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Ficha Técnica:

Nome Original: The Five
Autora: Hallie Rubenhold
País de Origem: Estados Unidos
Tradução: Carolina Caires Coelho
Número de Páginas: 416
Ano de Lançamento: 2019
ISBN-13: 9786588218327
Editora: Wish
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Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 95º livro lido em 2022 e foi The Five (Hallie Rubenhold) Esta foi a minha 9º escolha para compor a TBR de outubro, composta apenas de livros de terror e horror e é também o único não ficção desta lista.

Hallie Rubenhold dedicou sua educação e vida em geral ao estudo do passado, e parece que nunca consegue parar de desenterrar fatos novos e surpreendentes examinados por nossos livros de história. Neste livro ela assume a tarefa incomum de realizar um exame aprofundado das cinco vítimas conhecidas de Jack, o Estripador, explorando suas vidas, origens e destinos finais.


Acho que Jack, o Estripador, é o tipo de assunto que dispensa apresentações. Tendo transcendido seu tempo, a figura cuja identidade ainda é debatida encontrou seu caminho nos livros de história em todo o mundo, ensinado nas salas de aula em todos os lugares. A mística em torno de Jack é tão poderosa que ele ganhou vida própria na cultura popular, seus assassinatos sendo retratados repetidamente em livros, filmes e até videogames.

No entanto, ao mesmo tempo, isso teve o efeito extremamente infeliz de ofuscar as vítimas de Jack, que foram simplesmente reduzidas a prostitutas. Em seu livro de não-ficção, a autora se encarrega de iluminar a luz da verdade sobre essas almas infelizes.

Sem se deter muito nos assassinatos em si ou na possível identidade do Estripador, o livro tem como objetivo nos contar as histórias dessas cinco mulheres, desde a infância até a morte, como foram tratadas e retratadas depois e como finalmente escaparam das memórias coletivas com o passar dos anos. Com foco em cada mulher especificamente, Rubenhold faz o possível para nos conectar com essas mulheres e o contexto de suas vidas.


Além disso, ao nos contar as histórias dessas mulheres e suas famílias, a autora também aproveita a oportunidade para retratar a vida na sociedade vitoriana do século 19 nos mínimos detalhes, que devem ser observados, é sua área de atuação. Dos aspectos mais progressistas às maquinações sombrias e cruéis que governavam a vida das pessoas, conhecemos intimamente um microcosmo especial no tempo e no espaço, que ainda tem seu lugar em nosso imaginário coletivo.

Para começar, acredito que seja importante abordar um aspecto um tanto controverso deste livro, e é a autora indo contra alguns conhecimentos aparentemente estabelecidos sobre como os assassinatos aconteceram entre os “ripperologistas”.

Em outras palavras, este livro não é sobre feminismo, tentando reescrever a história ou uma tese sobre se as vítimas do Estripador eram ou não prostitutas. Pelo contrário, este é um relato histórico das vidas que essas cinco mulheres levaram antes de seus destinos tragicamente compartilhados em 1888, e a esse respeito Rubenhold fez uma quantidade incrível de pesquisas, mostrando como todas elas começaram suas vidas em condições muito mais promissoras e normal. Aprendemos sobre os diferentes caminhos que eles percorreram na sociedade vitoriana, as tristezas e alegrias que coloriram suas vidas e como exatamente seus destinos se tornaram tão distorcidos a ponto de abandoná-los nas ruas.

Se há um aspecto principal da vida das cinco mulheres que as uniu, certamente é sua propensão ao alcoolismo, e a autora garante que entendemos os profundos estragos que causou não apenas a essas mulheres, mas à sociedade vitoriana.

Nós acompanhamos essas mulheres enquanto suas vidas decentes saem lentamente do controle, como as promessas de normalidade lentamente se transformam em tuberculose e sífilis em estágio final. Na minha opinião, seu sofrimento e degenerações progressivas se destacaram como o aspecto mais marcante do livro.

Com o passar dos anos, décadas e séculos, nossa lembrança de eras passadas torna-se cada vez mais confusa e simples, resumindo-se cada vez mais a traços e eventos singulares pelos quais os lembramos. Como resultado, com o tempo, nossa percepção do passado que não nascemos para testemunhar inevitavelmente se torna imprecisa e colorida pelas poucas histórias e contos que atravessam gerações.

Eu me arriscaria a dizer que a Inglaterra da era vitoriana está sofrendo esse exato destino no momento, sendo amplamente lembrada como um lugar de total rigor, onde a classe e a polidez eram valorizadas acima de tudo. Como Rubenhold mostra em The Five, estamos definitivamente nos afastando da realidade aqui. Como se vê, filtramos com sucesso a sujeira da realidade daqueles dias para ficar com uma imagem limpa e pura do passado.

À medida que acompanhamos a vida das cinco mulheres, ficamos a par das muitas maneiras pelas quais a sociedade as estava prejudicando e a si mesma em geral, com a misoginia e o alcoolismo correndo atrozmente pelas ruas. Podemos testemunhar em detalhes o quão metodicamente eles foram quebrados e o quanto eles tiveram que lutar pelo único propósito de sobrevivência.


Temos uma visão bastante extensa das vidas levadas pelas classes mais pobres, e a autora não faz rodeios ao descrever a miséria em que viviam e a escuridão com a qual tiveram que lidar. Enquanto ela equilibra isso também apontando alguns dos aspectos mais progressistas da sociedade, como projetos de habitação pública, foi a desesperança de tudo isso que ficou comigo no final.

A questão social do livor foi sem dúvida o grande assassino destas mulheres e o que ainda mata mulheres ao redor do mundo. Existe um ranqueamento entre as mulheres até hoje, as que merecem viver e as que não merecem e de 1888 pra cá, nada mudou. Infelizmente. 

Eu adorei a leitura e fui impactada em diversos momentos.


Um pouco sobre a autora:
Hallie Rubenhold é uma historiadora e autora britânica. Seu trabalho é especializado na história social dos séculos XVIII e XIX e na história das mulheres. The Five é o seu único livro publicado no Brasil.
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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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