Nome Original: Na Minha Pele
Autor: Lázaro Ramos
País de Origem: Brasil
Número de Páginas: 152
Ano de Lançamento: 2017
ISBN-13: 9788547000417
Editora: Objetiva
Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 90º livro lido em 2021 e foi Na Minha Pele (Lázaro Ramos). Esta foi a minha terceira escolha para a TBR especial de novembro e partiu do ponto do fato de eu adorar o autor, um ator muito popular no Brasil.
O livro inicia-se com o prefácio intitulado “A Saga do Camarão”, no qual o escritor, mesclando humor e seriedade por meio da metáfora do desaparecimento real do artrópode, nos conta como nasceu a proposta da narrativa. Vale ressaltar o conflito inicial em relação à escrita da obra, em que Lázaro admite o receio de problematizar a questão racial.
Obviamente, ele tem um lugar de privilégio econômico e cultural, mas, na condição de escritor negro, por onde quer que seu texto ecoe, não deixará de ser marcado enquanto voz de uma categoria étnica historicamente subalternizada. Lázaro reconhece modestamente que é iniciante na escrita narrativa e afirma não ser estudioso das relações raciais. Percebemos nesta breve introdução aspectos que estarão presentes em todo o livro como “fluxo de informações, sentimentos e reflexões”. Outra característica presente na obra que a torna tanto prazerosa quanto curiosa, são as inúmeras referências literárias, históricas, sociológicas, musicais e cinematográficas. Para os que as desconhecem, o livro é um convite a novas descobertas e para os que as têm na memória, a leitura torna-se um presente.
Cabe ressaltar, a delicadeza do autor em rememorar algumas personalidades negras em sua narrativa: o poeta Luiz Gama; as escritoras Ana Maria Gonçalves e Conceição Evaristo; a jornalista Glória Maria; o cineasta e primeiro protagonista negro da televisão brasileira, Zózimo Bulbul; o geógrafo Milton Santos; o cineasta Joel Zito Araújo; o historiador Jaime Santana Sodré, o escritor e estudioso Nei Lopes; o professor Carlos Augusto de Miranda Martins, dentre outros ilustres nomes. Estes não estão gratuitamente em sua escrita, há observações e ressonâncias de suas ricas vozes, a maioria delas originária das entrevistas realizadas no Programa Espelho, do qual Lázaro é apresentador.
O livro constitui uma linguagem despojada que se divide em onze capítulos, que podem ser lidos fora da sequência, pois todos se complementam e retornam ao raciocínio anterior.
O livro ressalta a importância do sujeito branco compreender a si mesmo enquanto entidade sociológica. A compreensão da teoria da branquitude seria um avanço para a sociedade brasileira, pois implica na conscientização e reconhecimento sobre os privilégios de ser branco e também na importância de que todos assumam o lugar que ocupam socialmente. Isso quer dizer que a questão do racismo não é uma problematização relativa apenas aos negros, mas de todos.
Ao final da narrativa, retornamos às referências. Lázaro Ramos atua na linha a que alguns teóricos têm chamado “Letramento Racial” – educar por meio das relações raciais, utilizando livros, artigos, filmes, materiais, sites ou qualquer outro meio, com o intuito de propor conscientizações reais por uma educação antirracista. Obviamente há lacunas em sua narrativa, há os nãos ditos, entretanto, isso não é escandaloso, o escritor no início da narrativa procura precaver o leitor de seu pouco trato com assunto, reconhece que está engatinhado neste trajeto de descobrir-se e o mais instigante: afirma que tem muito o que aprender.
Eu adorei!!!
Um pouco sobre o autor: Luís Lázaro Sacramento Ramos é um ator, apresentador, cineasta e escritor de literatura infantil brasileiro. O ator foi indicado ao Emmy de melhor ator por sua interpretação na novela Cobras & Lagartos, como Foguinho.
Seus livros publicados são:
- Caderno sem Rimas da Maria
- Na Minha Pele
- Caderno de Rimas do João
- A Velha Sentada