O Médico e o Monstro (Robert Louis Stevenson)

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Ficha Técnica:
Nome Original: Dr. Jekyll and Mr. Hyde
Autor:  Robert Louis Stevenson
País de Origem: Escócia
Tradução: Jorio Dauster
Número de Páginas: 160
Ano de Lançamento: 1886
ISBN-13: 9788582850138
Editora: Companhia das Letras

Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 83º livro lido em 2021 e foi O Médico e o Monstro (Robert Louis Stevenson). Eu escolhi este livro para compor minha TBR de Halloween em função de ser um clássico, mas ao escolhê-lo, eu não sabia muito da história, Mas essa sensação de ignorância sumiu ao começar a ler o livro e reconhecer seu enredo. Não que eu já tivesse lido o livro antes, mas porque este enredo já foi adaptado muitas vezes para outras plataformas.

O livro nos traz o advogado Utterson que acaba se envolvendo em uma trama passada nas enevoadas ruas de Londres e precisa entender o que aconteceu ao seu amigo Henry Jekyll, que convalesce em uma cama enquanto um terrível Hyde parece sugar sua fortuna e seus favores. Quem é Hyde e qual o seu envolvimento com o pobre doutor? É então que uma jovem menina acaba sendo pisoteada por Hyde, causando comoção na sociedade londrina. Utterson vai ficando cada vez mais intrigado sobre esta estranha figura e tenta de toda a forma libertar o doutor Jekyll da presença deste temível monstro. 


Sem dúvida alguma estamos diante de um romance gótico com todas as suas especificidades e dificuldades. A narrativa é feita como se fosse um relato, em que ora temos o advogado contando suas experiências com o que vinha acontecendo na cidade, ora temos relatos de cartas e registros feitos por outros personagens da trama. O Médico e o Monstro é uma novela – maior que um conto, mas menor que um romance – e sua narrativa consegue manter o suspense por quase toda a trama e deixar o leitor preso tentando entender o que está acontecendo. Mesmo que a gente conheça já a identidade dos personagens, a forma como Stevenson nos entrega é diferente do que a gente imagina. Eu mesmo me surpreendi bastante. 

Mr. Hyde é o monstro que reflete aquilo que existe de obscuro em nossos corações. Esse vilão é deformado, magricela e baixinho, alguém que apenas reflete o mal em seu olhar, que representa o lado obscuro do seu criador. Seu pecado é cometer atrocidades vis, como a agressão e o assassinato. Além disso, Hyde possui uma inteligência perversa que ele emprega para poder sobreviver àqueles que o veem como uma ameaça a ser eliminada. O “monstro social” existe para destruir a ordem que impera na Londres vitoriana. 


O monstro nasce da vontade deturpada de Jekyll de separar o bem e o mal que existe no ser humano. De extirpar de dentro do organismo tudo o que leva o homem a cometer atos vis. Mas, o que o médico vai compreender tarde demais é o que o ser humano é formado intrinsecamente pelos dois lados. Não há como separar um do outro. Além do que, na visão de Stevenson, estamos em um eterno combate contra nossos instintos malignos. 

A história do médico que se transforma em um monstro horrendo através de um líquido especial é um clássico que terminou por criar um clichê da ficção de terror. Inúmeros autores foram inspirados por esta história e já reinventaram e ressignificaram a temática. Mas, o original continua a ser extremamente inovador para o período e consegue até hoje sobreviver mesmo passado mais de um século de idade. Stevenson nos traz um monstro social capaz das maiores atrocidades e violências. 


Ciência usada para o mal também é um tema verificado aqui. O século XIX foi o período de nascimento de várias das ciências que temos hoje. Ao mesmo tempo é um momento em que a preocupação com a ética da profissão começa a nascer. Stevenson já revelava esses questionamentos aqui, algo que só vai se desenvolver melhor após a Segunda Guerra Mundial. Aliás, devemos pensar que a obra do autor ficou relegada por muito tempo ao silenciamento tendo sido rechaçada até por ícones como George Orwell. Jekyll não se importava com que meios ele iria usar para obter seus objetivos. O fato de usar a si mesmo como cobaia também é uma demonstração do quanto ele era inconsequente. Ao mesmo tempo precisamos analisar a curiosidade do advogado Utterson que deixa a sua vida pacata de lado para se envolver de cabeça no mistério que ronda Jekyll. Ele não tinha nada a ganhar se envolvendo naquela situação toda. Jekyll era apenas seu conhecido. Nada do que Hyde fazia o afetava diretamente salvo pela menina que era ligada a um parente seu. Algo que ele sequer levou em consideração ao abordar Jekyll. 

Eu fico imaginando os leitores da época ao descobrirem quem era o Hyde e do quanto isso deve ter-los deixado surpreendidos. Invejo inclusive quem lê este livor sem saber do final porque a experiencia deve ser absurdamente incrível.. Enfim, foi uma leitura excelente que me manteve imersa do começo ao fim.

Amei!


Um pouco sobre o autor:
Robert Louis Stevenson nasceu em Edimburgo, Escócia, em 1850, e morreu em Samoa, arquipélago do oceano Pacífico, em 1894. De constituição adoentada, cursou, sucessivamente, Engenharia e Direito, tornando-se advogado, sem nunca ter exercido a profissão.

Alguns de seus livros publicados no Brasil são:

    • O elogio do ócio e outros ensaios
    • A Ilha do Tesouro
    • O Médico e o Monstro
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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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