Dom Casmurro (Machado de Assis)

sexta-feira, 16 de julho de 2021

Ficha Técnica:
Nome Original: Dom Casmurro
Autor: Machado de Assis
País de Origem: Brasil
Número de Páginas: 150
Ano de Lançamento: 1899
ISBN-13: 9788520920411
Editora: Ática

Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 48º livro lido em 2021 e foi Dom Casmurro (Machado de Assis). Este livro foi a minha escolha inicial para a Maratona de Releituras de 2021. Li pela primeira vez em 1993 (vocês já eram nascidos?) e tenho a memória muito forte da época e do quanto o livro havia me impactado, principalmente pela forma como a minha professora de literatura na época inseriu a leitura e a trabalhou durante semanas.

O livro nos traz Bentinho contando sua história de vida e os motivos que fizeram dele um homem infeliz, triste e sarcástico com a vida. A narrativa começa com ele já em idade avançada, vivendo sozinho e relembrando sua infância, com sua mãe sonhando que ele fosse para o seminário para tornar-se padre e com a melhor amiga por quem se apaixonaria, Capitu.


O livro é muito direto e com narrativa fácil, porém a linguagem rebuscada nos coloca dentro da sociedade carioca dos anos entre 1850 adiante e nos dá um vislumbre dos costumes e tradições da época. Um terço da obra é sobre a infância e a ida de Bentinho para o seminário. Outro terço é sobre como ele se livra da realização do sonho da mãe e pode viver plenamente o seu amor por Capitu e a terceira parte é sobre como ele começa a desconfiar da fidelidade da esposa ao ponto de se afastar totalmente da vida que construíram juntos.

Ao longo da trama, não desconfiamos da honestidade de Bentinho ao compartilhar sua história porque ele não nos dá motivos, mas a partir do momento que ele começa a criar situações mentais para provar que suas indagações são verdadeiras, passa a ser um narrador em que não podemos confiar, uma vez que só ouvimos o seu lado da história e em nenhum momento ele se coloca como ouvinte sobre a situação que o faz sofrer e perder o eixo da própria vida.

Bentinho tem um melhor amigo, Escobar e compartilha suas conquistas com ele. É alguém por quem o leitor também se afeiçoa e depois que ele é subtraído da trama, se dermos voz ao que Bentinho nos conta, passamos a desconstruir a imagem que tínhamos deste amigo. Escobar é alguém em quem Bentinho confia e essa confiança é baseada em fatos, algo que não temos quando Bentinho defende sua falta de confiança. 


O tempo da narrativa segue o modelo do Realismo: é psicológico em vez de cronológico. É uma narrativa digressiva, pois a qualquer momento os fatos contados em ordem cronológica são interrompidos para se contar alguma lembrança passada ou refletir sobre algo. O tempo da narração é diferenciado: a história é contada do presente para o passado, justificando que é necessário que o leitor saiba tudo desde o começo para que entenda o que se sucedeu.

A grande questão do livro é se Capitu traiu Bentinho com seu melhor amigo e essa é uma resposta que nem Bentinho conseguiria dar. Tudo nasce da sua mente ciumenta e perturbada e se mantêm sobre deduções que não encontram parâmetro para serem defendidas. Não existem discussões, indícios ou pistas que nos levem a nenhuma conclusão, apenas uma mente que se perde nela mesma por não confiar em si mesmo ou na mulher que ama.

A releitura me trouxe uma nostalgia intensa. Lembro que líamos blocos de capítulos em sala de aula, a professora discutia vários pontos e senti saudade dessa experiência. Ler um livro desse sozinho, aos 16 anos não deve ser algo muito tranquilo, por isso acredito que quando li da primeira vez, tive um respaldo maravilhoso. Agora, 28 anos depois e lendo sozinha, me pego com aquela necessidade de discutir o enredo, as características de escrita do autor e imaginar outros finais, o que de certa forma, sempre enriquece a leitura. 


Se você nunca leu Dom Casmurro e tem curiosidade, eu indico que leia com calma, sem pressa, porque por mais que seja um livro curto, na minha edição tinha 150 páginas, é um livro denso e que merece atenção para que a história seja absorvida. Se você já leu, deixe para mim nos comentários o que achou desta história e na sua opinião, o que você acha que aconteceu: Capitu traiu ou não Bentinho? 

Eu adorei reler!!!


Um pouco sobre o autor:
Machado de Assis é Joaquim Maria Machado de Assis, nasceu no Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839 e faleceu em, 29 de setembro de 1908. Ele foi um escritor brasileiro, amplamente considerado como o maior nome da literatura nacional. Escreveu em praticamente todos os gêneros literários, sendo poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista, e crítico literário. Testemunhou a mudança política no país quando a República substituiu o Império e foi um grande comentador e relator dos eventos político-sociais de sua época. 

Suas principais obras publicadas são:

  • Ressurreição
  • A mão e a Luva
  • Helena
  • Iaiá Garcia
  • Memórias Póstumas de Brás Cubas
  • Casa Velha
  • Quincas Borba
  • Dom Casmurro
  • Esaú e Jacó
  • Memorial de Aires
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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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