Os Sonhadores (Karen Thompson Walker)

terça-feira, 10 de novembro de 2020

FICHA TÉCNICA
Nome original: The Dreamers
Autora: Karen Thompson Walker
Tradução: Renato Marques
País de origem: Estados Unidos
Número de páginas: 331
Ano de Lançamento: 2020
ISBN13: 9780812994162
Editora: Alfaguara

Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 86º livro lido em 2020 e foi Os Sonhadores (Karen Thompson Walker). Este livro chegou para mim através da Tag Inéditos em abril e só agora decidi fazer a leitura.

O livro nos traz a cidade universitária de Santa Lora no interior da Califórnia enfrentando uma doença misteriosa e altamente contagiosa em que os acometidos caem em um sono profundo. Os médicos e especialistas têm apenas uma certeza: os doentes estão sonhando.


Uma manhã, uma universitária chega ao dormitório após sair de uma festa e deita para dormir. Sua companheira de quarto não acha nada estranho até que horas depois, a moça segue dormindo na mesma posição e não acorda por nada. Da mesma forma, outros núcleos se desenvolvem e pessoas caem no sono sem despertarem.

O livro possui 331 páginas que não fluem facilmente. A escrita é simples e leve, porém falta alguma coisa que impulsione a leitura. Não é difícil, mas também não flui fácil, acho que por falta de cenas empolgantes ou simplesmente porque os personagens não são desenvolvidos de forma que possamos nos apegar a eles e torçamos para que vençam essa problemática. Ficamos perdidos no tempo da narrativa: em alguns momentos eu pensava que tinha passado um dia, mas os acontecimentos ocorreram ao longo de uma semana e vice-versa. A única marcação de tempo que temos é na gestação de algumas mulheres enfermas ou de pais e mães fazendo de tudo para que seu bebê não seja contagiado pela doença. Acredito que essa falta de marcadores de tempo possa ser intencional, para perceber que quando estamos enfrentando uma doença altamente contagiosa e sem poder sair de casa (a cidade fictícia de Santa Lora, onde se passa a história, é fechada pelo exército com barreiras sanitárias), a passagem do tempo fica meio louca mesmo e perdemos a noção do dia e horas passados em confinamento.

A escrita muitas vezes se mostrou arrastada e um pouco superficial: mesmo tendo um narrador com visão de passado, presente e futuro, não há aprofundamento nos sentimentos e pensamentos dos personagens. Também não é uma visão do comportamento humano diante de situações extremas, de vida e morte, como acontece em livros sobre epidemias como Ensaio Sobre a Cegueira de José Saramago. As pessoas de Santa Lora são bem-educadas e finas, o único momento de tensão foi no supermercado quando uma pessoa caiu dura no chão e as outras correram para sair do local. Outra situação que poderia ter saído do controle e virado um tumulto foi quando várias pessoas chegaram ao bloqueio do exército e queriam sair da cidade, mas apenas uma pessoa pulou o muro e teve esse comportamento devido à doença.


Achei interessante ter vislumbres de sonhos de alguns personagens no decorrer da narrativa e como esses sonhos afetaram o comportamento deles após acordarem. Esse é o ponto chave do livro: como a realidade é uma percepção de nossa mente, como vivemos o que está guardado em nossa memória. Um dos personagens tenta trazer o questionamento sobre o que é a realidade, mas é cortado bruscamente por pessoas focadas em ganhar dinheiro e não pensar muito no que fazem. Esse mesmo personagem alertava outros calouros do alojamento universitário com questionamentos éticos e quando chegou o momento de tomar uma decisão parecida, ele não hesitou em levar seus princípios a cabo.

Concluí a leitura com um sentimento de insatisfação. Por estarmos passando por algo parecido em relação a isolamento pelo coronavírus há meses, eu imaginava que me identificaria mais com o enredo e isso não aconteceu. Achei interessante a proposta da narrativa apresentar que, mesmo aparentemente inertes em um sono profundo, aqueles pacientes estavam vivendo a epidemia de uma forma diferente. Para eles, foi como outra realidade, às vezes até mais feliz do que aquela em que acordaram ao fim da doença.

É um livro que pode gerar muitas reflexões, porém particularmente não consegui absorver completamente a sua intenção.


Queria ter gostado mais.


Um pouco sobre a autora:
Karen Thompson Walker nasceu e cresceu em San Diego, na Califórnia. Estudou língua e literatura inglesa e escrita criativa na UCLA, e fez seu mestrado na Universidade Columbia. Trabalhou como jornalista e como editora da Simon & Schuster antes de se dedicar integralmente à escrita. Seus livros publicados no Brasil são:
    • A Idade dos Milagres
    • Os Sonhadores
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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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