FICHA TÉCNICA
Nome original: Travessia
Autora: Letícia Wierzchowski
País de origem: Brasil
Número de páginas: 546
Ano de Lançamento: 2017
ISBN-13: 9788528621808
Editora: Bertrand
Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 66º livro lido em 2020 e foi Travessia (Letícia Wierzchowski). Este livro é o terceiro e último volume da trilogia A Casa das Sete Mulheres e já adianto que talvez tenha sido o melhor livro deste universo.
Esta resenha pode conter spoiler dos livros anteriores.
O livro nos traz como protagonistas o casal formado por Giuseppe e Anita. No primeiro livro sabemos que Giuseppe foi o grande e único amor de Manoela, mas como esta estava prometida em casamento a outro homem, ele seguiu a vida, conheceu Anita na cidade catarinense de Laguna e a carregou consigo para as novas batalhas que travaria por justiça, liberdade e tudo aquilo que acreditava. Ao contrário de Manoela, Anita é de família muito humilde, analfabeta e dada em casamento aos 15 anos a um homem da cidade, mas deixa tudo para trás quando conhece Giuseppe e acredita que pode viver uma linda e eterna história de amor com ele.
Anita não é diferente do primeiro amor de Giuseppe apenas na situação socioeconômica. Ela é mais segura de si e não tem medo de dizer não as tradições. Por ser muito à frente do seu tempo, a família decidiu que ela precisava casar-se cedo para “abaixar o facho” como diz a narrativa e vemos o casamento como uma ferramenta para conter a mulher. O marido de Anita era um homem mais velho, bom e trabalhador, mas não poderia fazê-la feliz. Quando ela conhece Giuseppe e compartilha com ele o desejo de luta pelas minorias, não pensa duas vezes em segui-lo e juntos seguem do Brasil para o Uruguai, mais um lugar em que ele será útil nas guerras. Anita não fica apenas esperando seu homem retornar com vitórias ou fracassos e segue com ele, passando por todas as diversidades que uma guerra pode trazer.
Embora a narrativa seja romântica e entendamos em poucas páginas que o amor deste casal era fortíssimo, a relação dos dois não foi romantizada, pelo contrário, a autora ousou em nos mostrar que mesmo se amando, ambos poderiam ser tóxicos também. Giuseppe se sentia como o marido provedor e proibia Anita de trabalhar para ajudar no sustento da casa e em contrapartida, Anita alimentou ao longo dos anos um ciúme visceral, atirando em quem se aventurasse a desejar seu marido. Ciúme que infelizmente era bem argumentado pelas inúmeras traições de Giuseppe.
O livro narra guerras tanto na América do Sul quanto na Itália, quando a família segue para a terra natal de Giuseppe e eles acreditam que podem viver melhor lá. Eles têm filhos e passam por perdas muito doloridas, mas permanecem juntos, lutando, incansáveis.
A escrita da autora segue sofisticada e elegante. Nada que afaste o leitor do enredo, porque a história é realmente muito forte, mas dá para perceber que sua intimidade com as palavras pode não ser tão fluida e simples. Temos uma história real, de pessoas de verdade que existiram e participaram intensamente da história e existe um misto de beleza e angústia nos fatos narrados. Como mulher, a empatia com Anita é inevitável, não só porque ela ama Giuseppe desesperadamente e tem medo de perdê-lo, mas por perceber que por ser mulher, tudo é muito mais difícil para ela. Com a chegada dos filhos, sua vida na guerra passa a ser limitada e até antes disso sua presença era desqualificada pelos outros homens.
A desconstrução do herói Giuseppe se dá de forma muito humana. Ainda que não aceitemos seus erros e consigamos perceber o quanto ele pode fazer mal as pessoas que ama pelas atitudes inconsequentes, o admiramos por sua força em não desistir, em desejar por lutar por um mundo melhor para todos.
Sinceramente, eu estava desanimada em concluir esta série porque o segundo livro havia me desestimulado e não esperava muito desta conclusão, porém fui surpreendida por um enredo bonito, dinâmico e que nos faz sentir na pele a vida difícil de personagens que ficarão por muito tempo em minha mente e meu coração.
Amei!!!
Um pouco sobre a autora: Antes de se dedicar às letras, começou a cursar a faculdade de arquitetura, que não chegou a completar. Foi proprietária de uma confecção de roupas e trabalhou no escritório de construção civil de seu pai. Enquanto trabalhava neste último emprego, começou a escrever ficção. Seu romance de estreia, publicado em 1998 e relançado em 2001, O Anjo e o Resto de Nós, conta a saga da família Flores, ambientada no início do século XX no interior do Rio Grande do Sul. Atualmente a autora trabalha com a literatura e o cinema. Algumas de suas obras publicadas são:
- Desaparição
- O menino que comeu uma biblioteca
- O Primeiro e o Último Verão
- Travessia
- Um Farol No Pampa
- Navegue a lágrima
- Coração de Mãe Sal
- Neptuno
- Os Getka
- Os Aparados
- A Casa das Sete Mulheres
- Era outra vez um gato xadrez
- De um grande amor e de uma perdição maior ainda
- O menino paciente
Oi, Ivi!
ResponderExcluirNão conhecia os livros e a autora. Fiquei bem impressionada com a qualidade das ilustrações da capa, são muito bonitas. No geral, parece ser uma leitura bem interessante, porque aborda assuntos muito relevantes que na época com certeza não tinha tanta força, como por exemplo a luta pelas minorias. Gostei bastante, depois procurarei mais sobre a autora e seus livros.
Olá Ivi!
ResponderExcluirEu já tinha ouvido falar da mini série que foi exibida na Globo mas não fazia a mínima ideia que se tratava de uma adaptação!
E é perceptível que a autora mostra um domínio impressionante dos fatos históricos que marcaram a época para a construção da história, fazendo com que o leitor seja completamente transportado para dentro da trama.
Ahhh e que bom que mesmo com altos e baixos a série possui uma boa conclusão. Vejo que neste terceiro volume há bastante espaço para a abordagem de temas comuns à época como o machismo dominante (não que hoje em dia não seja muito diferente, infelizmente).
Beijos.
Oi, Ivi!
ResponderExcluirNão costuma ler livros que se passam na guerra, até já li um ou outro mas é difícil de acontecer...
Não conhecia essa trilogia, mas assisti a série A Casa das Sete Mulheres na tv e na época lembro que fiquei muito interessada na história e seus personagens e fui logo pesquisar sobre a Revolução Farroupilha... Na série eu torci por Manoela e Giuseppe ficar juntos, e claro que eu detestei a Anita por atrapalhar o relacionamento deles rsrs, mas a Anita da vida real é impossível de ser admirada, ó mulher arretada, viu?! E parece que a Anita de Travessia é igualzinha! Uma mulher a frete do seu tempo e que luta pelos seus ideais... Já o Giuseppe de Travessia lendo os seus comentários eu não fui com a cara dele não, como ele trai uma mulher como a Anita?! Sem falar que maridos/namorados que traem perdem pontos comigo...
Enfim, eu amei a sua resenha, se a oportunidade surgir lerei sim. Bjos!
Eu li Sal dessa autora e nossa, foi um livro muito incrivel, eu comecei a ler por indicação e acabei me apaixonando pela história, pretende reler ele um dia pois não lembro de muita coisa, mas fiquei curiosa com essa trilogia, parece ser muito boa, tem tudo pra me cativar também.
ResponderExcluirAdorei sua resenha e suas fotos!!
O que eu mais gostei nesse livro foi ver que a autora não romantizou o relacionamento deles, e sim que mostrou que era um relacionamento tóxico. Acho muito importante frizar esse tipo de situação para quem está lendo não interpretar de outra forma. No geral, eu adorei o livro!
ResponderExcluirOlá Ivi!
ResponderExcluirNão sabia que a Casa das sete mulheres tinha livro! Que legal, um romance histórico nacional. Eu sou fascinada com História então tudo que tem algum acontecimento histórico no meio eu me interesso. Com esse livro não foi diferente, acho que vai ser muito legal acompanhar a trajetória do casal Anita e Guisepe, que por sinal se assemelha a muitos relacionamentos que vemos por aí. Vou procurar a resenha dos livros anteriores.
Beijos
É tão bom quando o livro nos surpreende de forma tão legal e nos causa surpresa. Esse livro eu leria pelo conhecimento, ja que retrata guerra e fatos históricos. Seria uma leitura interessante.
ResponderExcluirOii!
ResponderExcluirQue bom que foi uma boa leitura, mesmo com um portugues mais rebuscado, confesso que dependendo do meu estado de espirito isso faz com que a leitura seja muito cansativa :(
Gostei de saber que é uma boa obra e que foi supreendente para você!
Beijinhos,
Ani
www.entrechocolatesemusicas.com.br
Olá, tudo bem? AH que bom que não desistiu da série e leu esse último volume acabando sendo surpreendida. Não conhecia a mesma, devo admitir, mas apesar dos spoilers e tudo mais, sua resenha me deixou curiosa em conhecer o enredo. Fiquei curiosa! Gosto de escritas sofisticadas e elegantes. Ótima resenha e fotos!
ResponderExcluirBeijos
Confesso que eu não conhecia esse livro e também não sabia que o mesmo fazia parte de uma série. Ainda bem que continuou a leitura e foi surpreendida nesse último. É sempre bom dar uma chance! Fiquei realmente curiosa para conhecer essas obras, principalmente pelo casal principal e pela trama possuir guerra. Isso é algo que sempre desperta minha atenção. Vou anotar a dica :D
ResponderExcluirNão conhecia essa obra, mas fiquei bem interessado, pois parece ser uma narrativa intensa e surpreendente. Confesso que estou com minha curiosidade bem aguçada,principalmente porque tem como um dos temas a guerra, o que me fascina nas histórias. Anotada a dica.
ResponderExcluirOi, Ivi! Tudo bem?
ResponderExcluirEu não conhecia esse livro ainda e nem a autora, mas confesso que o enredo não chamou muito a minha atenção. Me pareceu uma leitura mais densa e com uma carga dramática maior do que eu ando buscando, estou na fase das leituras mais leves. Mas gostei de saber que ele te surpreendeu e concluiu bem a série.
Beijos!
Gente, to chocada, A casa das sete mulheres faz parte de uma trilogia - minha nossa. Eu tô com o primeiro volume da série na minha lista de próximas leituras, tava toda animada pensando que era uma obra única, agora desanimei. Ando meio que fugindo de séries, já basta as que comecei a ler e ainda não terminei. Mesmo assim, bom saber, vou preparar melhor meu psicológico. Adorei sua resenha : )
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