Um Capricho dos Deuses (Sidney Sheldon)

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Ficha Técnica:
Nome Original: Windmills of the Gods
Autor: Sidney Sheldon
Tradução: A. B. Pinheiros de Lemos
País de Origem: Estados Unidos
Número de Páginas: 425
Ano de Lançamento: 1987
ISBN-13: 9788501093967 
Editora: Record

Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 54º livro lido em 2020 e foi Um Capricho dos Deuses (Sidney Sheldon), |Este livro foi a minha escolha inicial para a Maratona de Releituras que faço todo ano. Li pela primeira vez em 1993 (vocês já eram nascidos?) e tenho a memória muito forte da época e de onde eu estava. O enredo também não foi esquecido, mas os detalhes sim e a releitura foi bem interessante.

O livro nos traz Mary, uma professora universitária, casada, mãe de dois filhos, que leva uma vida pacata em uma pequena cidade do Kansas, Estados Unidos. Seu avô era romeno e ela se especializou sobre países do Leste Europeu. Pelo vasto conhecimento no assunto, é convidada a ser embaixadora dos Estados Unidos na Romênia para convencer o atual presidente romeno, Alexandros Ionescu, a estabelecer uma relação de aproximação com os EUA. Mary não aceita o convite, pois seu marido é médico e muito ligado ao hospital em que trabalha, entretanto ele morre em um misterioso acidente de carro. A partir daí, Mary decide aceitar o convite para tentar amenizar sua dor.


Nesse livro, Sidney Sheldon nos leva para dentro do mundo político em plena Guerra Fria, momento em que o mundo estava extremamente polarizado e explora a situação dos países da Cortina de Ferro, região oriental da Europa, formada na época por países socialistas. O livro nos apresenta um enredo de conspirações políticas intrincadas e trechos de ação muito interessantes. 

Paralelo ao enredo de Mary, conhecemos um assassino argentino muito popular por nunca ser localizado e por cometer os assassinatos de forma a nunca deixar pistas. A princípio, as duas histórias parecem completamente desconectadas, mas conforme a narrativa avança, o leitor entende qual é a função deste assassino dentro da história e torce para que ele não encontre seu alvo.

Sidney Sheldon possuía um talento absurdo para desenvolver um enredo complexo e original em um cenário muito interessante, com um aprofundamento de personagens que faz você se afeiçoar a uns e odiar outros com a mesma intensidade. É surpreendente como no final do livro, você entende que pode ter se enganado em relação a alguns deles.


Ainda assim, este livro não envelheceu muito bem aos meus olhos. Como disse acima, li esta obra pela primeira vez quando eu tinha 16 anos, meu pensamento e o mundo eram diferentes, por isso, problematizei diversas passagens dentro do enredo nesta releitura. Existe um machismo velado, discreto e tão sutil que podemos até não percebê-lo. Por exemplo, existe um trecho em que dizem para Mary algo como: “deve ser muito difícil para uma mulher ficar sozinha sem um homem que a apoie” e a personagem acha aquilo simpático porque foi dito por alguém que ela estimava. Em outra passagem muito mais problemática, temos a descrição de um abuso sexual em que a vítima sai se culpando e com a plena certeza que não podia se deixar seduzir daquela maneira. A linha que separa “sedução” de “abuso” era fina nos anos 80, mas hoje temos a consciência da diferença e é importante reafirmá-la a cada narrativa para que crimes sexuais não sejam romantizados nos livros. 

A Romênia, cenário completamente inédito para mim, foi explorada de forma maravilhosa. Através das descrições do autor, conhecemos os pontos turísticos da capital Bucareste, bem como alguns de seus costumes e pratos tradicionais e isso sempre agrega demais à leitura. De forma parcial, o autor critica o socialismo e coloca os Estados Unidos como o salvador do planeta, o que sabemos não ser verdade. Não era naquela época e não é hoje.

Apesar destes pontos negativos, é um enredo original e muito bem escrito. É impossível ficar longe do livro e a curiosidade em saber se Mary se sairá bem como embaixadora e conseguirá vencer as conspirações contra ela nos levam até a última página sem nos cansar.


Eu gostei muito de reler o livro e perceber o quanto uma história tem poder sobre mim. De certa forma, se eu lesse este livro hoje pela primeira vez, minha conexão com ele seria totalmente diferente e isso é positivo. Apesar de ainda gostar muito das histórias do autor, sei que elas não me agradariam tanto hoje como me agradaram no passado.

Enfim, é uma leitura intensa, frenética e que nos convida a refletir sobre como não percebemos o quanto somos manipulados por uma boa história.

Gostei!!


Um pouco sobre o autor: Sidney Sheldon foi um novelista e roteirista. Nascido Sidney Schechtel, de pai judeu alemão e mãe judia russa, iniciou sua carreira em Hollywood como revisor de roteiros em 1937 além de colaborar em inúmeros filmes de segunda linha. Preferiu trabalhar no cinema do que na literatura por não julgar-se capaz de escrever um livro. Sheldon também escreveu musicais para a Broadway além de roteiros para a MGM e Paramount Pictures. Foi o criador de séries televisivas de grande sucesso e como escritor, um dos mais lidos e vendidos. Alguns de seus livros publicados no Brasil são:
  • A Outra Face
  • O Outro Lado da Meia Noite
  • Um Estranho no Espelho
  • A Herdeira
  • A Ira dos Anjos
  • O Reverso da Medalha
  • Se Houver Amanhã
  • Um Capricho dos Deuses
  • As Areias do Tempo
  • Lembranças da Meia-Noite
  • O Juízo Final
  • Escrito nas Estrelas
  • Os Doze Mandamentos (infanto-juvenil)
  • Nada Dura para Sempre
  • Corrida Pela Herança (infanto-juvenil)
  • O Estrangulado (infanto-juvenil)
  • Manhã, Tarde e Noite
  • O Plano Perfeito
  • Conte-me Seus Sonhos
  • O Céu Está Caindo
  • Quem Tem Medo do Escuro?
  • O Outro Lado de Mim: Memórias (auto-biografia) 
Comentários
7 Comentários

7 comentários :

  1. À atenção da Sra. Maria José Alcaide Ponce nascida em Carmona em 25 de novembro de 1971, nacionalidade Espanha. Aos 49 anos, ela perdeu o marido em um acidente de carro. Desde o acidente, ela tem memórias terríveis durante esse período, que criou um tumor maligno (câncer na garganta). Ela teve que viajar a vida toda. Três semanas depois de sua última análise no hospital, o médico anunciou que aqueles dias estavam contados e que ela não viveria o suficiente. Por amor às crianças, ela quer deixar parte de sua herança para fazer uma doação para ajudar crianças carentes. Por esta doação você receberá uma quantia de 500.000 euros por transferência bancária. Ela queria que esse dinheiro fosse usado para abrir uma pequena fundação para crianças sem-teto e famintas. Se você tem a generosidade de querer ajudar crianças entre em contato comigo para saber o procedimento a seguir para receber esta doação.
    Obrigado.
    notário
    Mestre notário Gérard Noël Roger Dejede
    Corbeil-Essonnes, 91100, França
    E-mail: gerard.nroger@gmail.com

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  2. Olá, tudo bem? Eu não era nascida quando realizou a primeira leitura HAHAHAHAAH eu sempre ouvi falar MUITO do Sidney Sheldon, mas como a sua escrita se encaixa em um gênero que ainda não sou tão familiarizada, ainda não tive oportunidade de ler nada dele. Mas achei super interessante esse enredo. Quem sabe eu dê uma chance?! Gosto de leituras intensas e frenéticas. Ótima resenha!
    Beijos

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  3. Acredita que eu nunca li nada de Sheldon?? Eu deveria, mas nunca li.
    Na verdade nem resenha dele eu cheguei a ler. A sua é a primeira.
    Achei bem interessante e fiquei curiosa.
    Gostei bastante da sua resenha!
    Obrigado pela dica.

    Beijinho!

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  4. Ainda não li nada do autor, mas confesso que suas obras me chamam atenção. É engraçado como nossa visão muda ao longo dos anos, né? Por isso eu amo releituras. A gente consegue enxergar coisas que, antigamente, não seriam possíveis. Gostei da dica e vou deixar anotada!

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  5. Oi, tudo bem? Nossa, que legal ver uma indicação do Sidney Sheldon. Conheço as obras dele desde a 6ª série. Tenho vários aqui em casa. Sidney Sheldon e Agatha Christie são meus favoritos da adolescência. Um inesquecível é Se houver amanhã. Já li umas 10 vezes. Um abraço, Érika =^.^=

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  6. Oi, Ivi!
    Eu já tinha nascido em 1993 sim, nasci no ano de 89, por isso ainda não tinha entrado no mundo da leitura rsrs.
    Em relação a Um Capricho dos Deuses, confesso que não me interessei em conhecer a história da Mary, acredito que seja por possuir conspirações políticas, não curto histórias que giram em torno desse tema... por isso dificilmente eu leria esse livro. Abraços!

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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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