Sadie (Courtney Summers)

quarta-feira, 27 de maio de 2020

FICHA TÉCNICA
Nome original: Sadie
Autora: Courtney Summers
Tradução: Regiane Winarski
País de origem: Estados Unidos
Número de páginas: 392
Ano de Lançamento: 2019
ISBN-13: 9788592783983
Editora: Plataforma 21

Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 37º livro lido em 2020 e foi Sadie (Courtney Summers). Este livro entrou no meu radar quando percebi que apesar de ser um livro jovem/adulto, trazia temas sérios na sua narrativa e como gosto muito de drama, não pensei duas vezes em incluí-lo na lista de leituras.

O livro nos traz duas garotas, Sadie e Mattie, filhas de uma mulher dependente de drogas. Elas moram em um parque de trailers, a mãe as abandona e uma vizinha passa a cuidar delas. Mattie sofre intensamente com o abandono da mãe e não supera essa partida, até que é encontrada morta e Sadie se culpa intensamente porque não cuidou direito da irmã. O livro começa com o desaparecimento de Sadie e as pessoas próximas sabem que ela foi atrás de quem acredita ser o assassino da irmã e o livro se desenvolverá nesta jornada.

O livro é narrado de forma bem peculiar. Um jornalista chamado McCray se interessa pela investigação do assassinato de Mattie, o que a polícia não fez porque ela era mais uma garota morta na cidade dominada por pobreza e violência. McCray tem um podcast e focado no desaparecimento de Sadie, nos conta como a investigação avança através dos episódios produzidos por ele.

Outra linha narrativa é pela voz de Sadie, somos apresentados aos poucos através dela à sua vida. Sadie não era próxima da mãe, as duas tinham uma relação hostil e complicada. Já Mattie adorava a mãe, que a mimava de todas as formas e por isso foi tão difícil para Mattie entender que a mãe as abandonou. Pela perspectiva de Sadie, também temos a parte complexa dessa trama porque entendemos que apesar do afastamento materno, Sadie vivia com medo dos namorados da mãe e  tinha motivos sérios para isso.

O livro é totalmente tenso e embora não seja descrito detalhadamente, com poucas palavras vemos o tema do abuso infantil e pedofilia ganhar força e entendemos a razão de Sadie e atrás de quem ela foi, sendo que essa jornada é cheia de contratempos, perigos e também violência.

A narrativa foi desenvolvida de forma tão inteligente que mesmo sem a autora nos contar o que aconteceu com Mattie, conseguimos entender e torcer para que Sadie alcance seu objetivo. A pedofilia nos é apresentada de forma sutil, mas incisiva. Não existem cenas de abuso, mas sabemos o que aconteceu e por isso entendemos a motivação de Sadie.

O final do livro é muito angustiante, com direito a um plot twist que explodiu minha cabeça e ao mesmo tempo, fez tudo fazer muito sentido. As páginas finais são muito intensas e de certa forma, alguns leitores podem concluir que o final do livro é aberto a algumas interpretações. Eu acredito que foi fechado e infelizmente, bem melancólico.

Sadie possui dislalia, a gagueira. Ela tem muita dificuldade em falar, o que sempre foi motivo de bullying. Até os adultos que a rodeavam acreditavam que ela tinha algum atraso mental por causa disso, mas sua mente é ágil. Ainda que Sadie evite muito falar e tenha essa dificuldade bem pontuada quando o faz, é inteligente e só quer justiça para a irmã.

O livro traz este tema difícil, mas se trata de um livro para jovens e entendo isso como uma oportunidade de reflexão. Infelizmente, o abuso é um crime mais cometido do que gostaríamos de pensar. Em sua grande e assustadora maioria, acontece dentro de casa e quando um livro com este tema é escrito para adolescentes e jovens pode dar a força e a coragem aos que sofrem para denunciar.

O livro é bem enfático ao esclarecer que a culpa do abuso é do abusador. Não é da vítima, nem da mãe relapsa de Saddie e Mattie, que muitas vezes estava tão drogada que não conseguia diferenciar realidade de delírio. Ela foi uma péssima mãe mas o abuso em nenhum momento é colocado na sua conta porque a autora deixa muito claro que esse crime não foi cometido por ela.

Enfim, é um livro forte, com um tema bem pesado e que pode despertar uma série de gatilhos em pessoas que já tenham passado por essa problemática. É também um livro que pode abrir espaço para uma discussão honesta sobre o tema e dar voz a quem não encontra apoio e acolhimento dentro de casa.

Eu gostei demais!!!


Um pouco sobre a autora: COURTNEY SUMMERS é autora best-seller do New York Times e vive no Canadá. Já publicou diversos romances para jovens, entre eles All the Rage, This is Not a Test, Fall for Anything, Some Girls Are, e Cracked Up To Be. Em 2016, foi nomeada pela Flare Magazine uma das 60 pessoas mais influentes com menos de 30 anos. Ela nasceu em Belleville, Ontário, Canadá em 1986. Aos quatorze anos e com a permissão dos pais, Courtney abandonou o ensino médio para dar continuidade à sua educação de forma independente. No Brasil, Sadie é o seu único livro publicado.


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Um comentário :

Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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