Ficha Técnica:
Nome Original: Mar Morto
Autor: Jorge Amado
País de Origem: Brasil
Número de Páginas: 223
Ano de Lançamento: 1936
ISBN-13: 9788535920918
Editora: Record
Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 100º livro lido em 2019 e foi Mar Morto (Jorge Amado). Em 2019 eu tive o privilégio de ler alguns livros do autor que se tornou um dos meus queridinhos e guardei para o final este livro.
O livro nos traz o Gumercindo, Guma para todos, que foi criado pelo tio no cais de Salvador e se tornou um profissional das navegações, dono de um barco chamado Valente. Ele é um pescador em um vilarejo extremamente pobre, cheio de crendices, aventura e coragem. Ele se apaixona por Livia, uma moça linda com quem viverá uma história de amor grandiosa.
O livro se desenvolve na trajetória de vida de Guma e do quanto ele se esforça para ser um homem bom, ainda que se corrompa pelos prazeres da vida. O enredo traz personagens muito bem delineados e facilmente envolventes, inclusive personagens excêntricos como a tempestade que é o grande medo de qualquer navegador pois sabe que pode não voltar para a terra firma se ele não for bom o suficiente a frente de sua embarcação.
Iemanjá também está muito presente neste enredo, sendo temida e adorada na mesma proporção e todo o folclore sobre esse mito define as atitudes das pessoas daquele lugar.
Guma é um protagonista forte. Ainda criança podemos observar seu caráter épico, capaz de realizar feitos notáveis, incomuns. Mas ele não é apenas um poço de bondade. Há nele, além de um determinismo fatalista, a certeza da morte prematura, um comportamento instintivo, típico dos personagens naturalistas. Convivem, num mesmo personagem, o moço bondoso, que arrisca a própria vida para salvar a de um semelhante, e o canalha, capaz de fazer sexo com a mulher de seu melhor amigo na sala de casa, enquanto a esposa, doente, dorme no quarto ao lado. Esta é a forma que o autor encontra de humanizar o personagem e o trazer para perto das pessoas comuns que estão lendo sua história.
Mar Morto pertence a fase regionalista da escrita de Jorge Amado, mas é muito mais que isso. Mar Morto é muito mais que uma obra socialista e regionalista. É um livro com viés político porque denuncia a diferença de classes e exemplifica de forma natural a luta que existe entre elas.
Este foi o primeiro livro do autor que me fez chorar. Em dois momentos da narrativa eu me emocionei profundamente com algumas cenas, mas o final do livro me levou às lágrimas em função da forma poética que o autor escolheu para encerrar essa história.
Sem dúvida este é um dos livros mais bonitos que eu já li na vida e disputa minha preferência com Capitães da Areia pela minha predileção entre as obras do autor.
É um livro que fala de uma religião muito intensa, fala de paixões arrebatadoras, de família, de amizade e de erros.
Se você nunca leu nada do autor, aqui está uma excelente opção para adentrar nos seus trabalhos. É um livro rico em descrições, mas que não deixa o texto chato. É um livro que traz personagens muito críveis e que poderiam estar dentro do seu círculo de amigos e mais uma vez, como em todos os livros que li do autor, é uma declaração de amor à Bahia e ao seu povo forte, trabalhador, peculiar e apaixonante.
Eu amei!!!
Um pouco sobre o autor: Jorge Amado é um dos mais famosos e traduzidos escritores brasileiros de todos os tempos. Sua obra literária foi adaptada para cinema, teatro e televisão, além de ter sido tema de escolas de samba por todo o Brasil. Seus livros foram traduzidos em 55 países, em 49 idiomas, existindo também exemplares em braille. Ele é o autor mais adaptado da televisão brasileira. Amado foi superado, em número de vendas, apenas por Paulo Coelho mas, em seu estilo - o romance ficcional -, não há paralelo no Brasil. Em 1994 viu sua obra ser reconhecida com o Prêmio Camões, o Nobel da língua portuguesa. Alguns de seus livros publicados são:
• Tieta do Agreste
• Gabriela, Cravo e Canela
• Teresa Batista Cansada de Guerra
• Dona Flor e Seus Dois Maridos
• Tenda dos Milagres
• Mar Morto
• Capitães de Areia