O Garoto Que Seguiu o Pai Para Auschwitz (Jeremy Dronfield)

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Ficha Técnica:
Nome Original: The Boy Who Followed His Father into Auschwitz
Autor: Jeremy Dronfield
País de Origem: Áustria
Tradução:  Cássio de Arantes Leite 
Número de Páginas: 360
Ano de Lançamento: 2019
ISBN: 9788547000905
Editora: Objetiva

Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 76º livro lido em 2019 e foi O Garoto Que Seguiu o Pai Para Auschwitz (Jeremy Dronfield). Este livro chegou para mim através da parceria com a Companhia das Letras e assim que vi o título da obra na nota fiscal de envio, já sabia que ia gostar do livro porque tem dois elementos que eu adoro: se passa no período da segunda guerra mundial e é baseado em fatos reais. Sendo assim, comecei a ler imediatamente.

O livro nos traz a família Kleinmann – o pai Gustav, a mãe Tini e os filhos Fritz, Edith, Herta e Kurt – que levavam a vida numa boa em Viena, capital da Áustria, mas após Adolf Hitler e seus capangas invadirem o país, as coisas começaram a mudar. Antes mesmo de oficiais nazistas aparecerem para destroçar famílias judias, os próprios vizinhos se inspiraram nos discursos contra os judeus e começaram a perseguir os Kleinmann. Sentindo-se fortalecidos pela estupidez que emanava de quem estava no poder, ameaçavam e humilhavam publicamente aqueles que até outrora eram tratados amistosamente.


O enredo é mais uma história sobre os horrores do nazismo, mas também é uma história impressionante focada na relação de amor de um filho pelo seu pai. Em muitos pontos a narrativa se assemelha a tantas outras que já lemos ou assistimos, porém, o autor nos leva a pensar sobre alguns pontos importantes nos dias de hoje, como por exemplo, o erro de achar que o holocausto se iniciou com prisões e deportações para campos macabros. Na verdade, começou com parte da sociedade negando a humanidade de outras pessoas, hostilizando aqueles vistos como diferentes – judeus, ciganos, homossexuais - e pregando e praticando a intolerância contra minorias políticas.

A história da família Kleinmann é infelizmente fácil de concluir porque podemos presumir que teve perseguição, campos de concentração e extermínio. O autor nos conta como foi o destino de cada um deles, mas como o título sugere, a narrativa é focada em Gustav e Fritz, os dois personagens principais. Eles são mandados para Buchenwald e sofrem com os trabalhos extenuantes, privações severas, condições insalubres, torturas e pouca comida, mas sempre com apoio mútuo.


Aos 50 anos, Gustav descobre que será transferido para Auschwitz e Fritz prestes a completar 18 anos, se preocupa e decide pedir para acompanhar o pai, ainda que Auschwitz fosse o lugar visto como sinônimo de morte certa.

Para reconstruir a história dos Kleinmann com foco no que Fritz e Gustav suportaram, o autor contou com um objeto raro: os diários que o pai escreveu entre outubro de 1939 e julho de 1945, registrando passagens, sensações, aflições e desabafos do período em que resistiu aos campos de extermínio. Com isso em mãos, apostou ainda em entrevistas, documentos e fontes como o livro de memórias escrito por Fritz e nos trouxe uma história visceral com uma mensagem extremamente atual. 


O autor disse em uma das suas entrevistas; “Tenho muito medo do futuro e um dos objetivos ao escrever o livro foi mostrar como refugiados judeus nas décadas de 1930 e 1940 eram vistos por pessoas não judias. Países como Estados Unidos e Canadá negaram abrigo a muitos judeus que clamavam por socorro durante a ascensão nazista. As terríveis coisas ditas sobre eles (que não se integravam, que eram preguiçosos, que se tornariam um fardo para o país que os recebesse ou uma ameaça à cultura desse país) são idênticas ao que é dito sobre refugiados e imigrantes atualmente. Temos nacionalistas brancos, temos demagogos de extrema-direita no poder de vários países, e temos também refugiados se afogando no mar. Os Estados Unidos têm um campo de concentração para imigrantes.  E eu tenho medo que o mundo repita os horrores dos anos 1930 e 1940”. 

A leitura foi um pouco truncada, mas, ainda assim, muito envolvente. A todo momento existe a comparação inteligente com a atualidade e se pararmos para pensar, conseguimos ver coisas muito parecidas com o passado como o fortalecimento da extrema-direita, a fragilização da democracia e o crescente desprezo pelos direitos humanos. 

Eu imaginava que gostaria da história, mas terminei o livro com uma sensação ainda mais forte que simplesmente ter lido um livro bom. Também sinto o medo que o autor expôs em suas páginas e torço para que tenhamos força e empatia de não deixar que o caos da segunda guerra se repita na história da humanidade.

Eu amei.


Um pouco sobre o autor: Jeremy Dronfield é um biógrafo, historiador, romancista e ex-arqueólogo. O Garoto Que Seguiu o Pai Para Auschwitz é o seu único livro publicado no Brasil.
Comentários
5 Comentários

5 comentários :

  1. Livros que relatam histórias na Guerra são sempre um prato cheio.
    Quando temos aspectos reais na obra fica melhor ainda. É uma história com bastante pesquisa e também emoção.
    Me lembrou um pouco A Garota Alemã quando li

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  2. Olá, tudo bem por aí?

    Primeiramente, preciso dizer que amei essa capa. Quando iniciei a leitura de sua resenha, acreditei que se trataria de um livro incrível, mas pena que, no fim, foi só uma boa leitura mesmo, sem nada demais.

    Adorei a resenha.
    Beijos.
    www.acampamentodaleitura.com

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  3. Eu gosto de histórias com narrativas da Segunda Guerra. Apesar de ser um tema difícil de lidar e que parte o coração em mil pedaços, são leituras que valem a pena, né? Ensinam muito. Agora sobre esse livro... eu ainda não conhecia. Apesar de ter sido um pouquinho truncada, como você mesma disse, fico feliz que tenha sido uma boa leitura. A gente sempre aprende algo com elas. Sem dúvidas já foi para a minha bookslist.

    Beijos,
    Blog PS Amo Leitura

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  4. Oi, tudo bem? Também recebi esse livro e fiquei bem curiosa quanto à leitura. Gosto de enredos ambientados nesse período histórico e quando li a sinopse já senti que ia gostar do livro. Está na minha TBR de dezembro espero conseguir terminar de ler. Difícil imaginar que isso aconteceu de verdade. Nos permite refletir sobre o que estamos fazendo hoje. Um abraço, Érika =^.^=

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  5. Oi tudo bem?
    Gosto de ler livros nessa temática e sobre essa época, é importante refletir para que os erros do passado não se repitam e para isso nada melhor do que aprender com o passado
    Não conhecia esse ainda, mas parece uma boa leitura
    bjo

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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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