Gabriela Cravo e Canela (Jorge Amado)

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Ficha Técnica
Autor: Jorge Amado
País de Origem: Brasil
Número de Páginas: 416
Ano de Lançamento: 1958
ISBN-13: 9788533203457
Editora: Círculo do Livro
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Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 45º livro lido em 2019 e foi Gabriela Cravo e Canela (Jorge Amado). Depois da perfeita experiência com Dona Flor e Seus Dois Maridos e Capitães da Areia, quero ler qualquer livro do autor na certeza que será uma leitura proveitosa.
O livro nos traz Nacib, o dono do bar que recebe coronéis da cidade e é o ponto de encontro dos homens, junto com o cabaré Bataclan. O sírio vive dias de cão quando sua cozinheira, Filomena, decide ir embora de Ilhéus. Sua única salvação para fazer as comidas do bar são as irmãs Dos Reis, que cobram caro demais e começam a lhe trazer prejuízo. Em uma busca incessante pela cidade por cozinheira, Nacib encontra no mercado de escravos a Gabriela, uma retirante com quase nada além de uma trouxa, já que chegou em Ilhéus ao fugir da seca.


O pano de fundo da história entre os dois é a ascensão da produção de cacau na cidade de Ilhéus e as mudanças sociais impulsionadas pelo declínio da sociedade patriarcal dirigida pelos velhos coronéis. O livro é constituído de vários núcleos e não se limita apenas ao romance entre Gabriela e Nacib. Personagens cativantes como a jovem revolucionária Malvina ou intrigantes como a luxuriosa Glória permeiam a obra e a deixam ainda mais interessante. A partir de alguns personagens mais tradicionais, Jorge Amado descreve costumes antigos como a honra lavada com sangue, o machismo que imperava, a tecnologia que assustava e o preconceito que desde aquela época já estava cravado na sociedade brasileira. 

No romance de Jorge Amado, a oposição entre modernidade e costumes tradicionais, o culto e o popular é representada, respectivamente, pelos personagens Nacib e Gabriela. Essa diferença de temporalidades históricas marca a relação entre os dois. Gabriela vive com pouco, quase nada e se julga feliz. Nacib, de vida feita, casa e comida, não encontra a felicidade de jeito nenhum, só entre o perfume de cravo e a cor de canela de Gabriela.


O livro é uma verdadeira obra de arte. Uma leitura leve e sem rodeios com uma escrita envolvente e apaixonante. Eu lia e parava, pensava e gargalhava. O livro traz um recorte muito interessante da sociedade brasileira da época. Fiquei tão encantada com a maneira que o autor nos contou esta história de amor, cheia de nuances sociais e políticas e com personagens tão fortes.

Algumas adaptações para o cinema e televisão foram feitas deste livro. Não tive a oportunidade de assistir a nenhuma e na verdade não sei se quero, porque gostei tanto deste enredo que quero ficar apenas com este original em minha mente. Tenho medo de me deparar com personagens caricatos ou estereotipados quando na verdade, todos são tridimensionais.

Foi sem dúvida, uma leitura muito envolvente e agregadora para mim. Adorei a maneira crua como ele descreve Gabriela. Ela é inocente e desprovida de vaidade ou ambição, porém, isso não tem nada a ver com a sua sensualidade. Ela gosta do seu corpo, gosta de sexo, demora um pouco para entender o conceito de fidelidade e isso não faz dela uma mulher desclassificada porque Gabriela faz isso de maneira natural, sem padrões morais que podem inibi-la. 

Nacib é um personagem adorável ao mesmo tempo que é machista, preconceituoso e limitado. Conseguimos entender os sentimentos que ele tem ao tentar manter Gabriela longe dos olhares masculinos do lugar e o quanto sofre por tentar apresentar uma mulher “normal” a sociedade enquanto Gabriela é dona de um espirito livre.


A parte política é muito interessante também porque Ilhéus é uma região de produção de cacau muito importante para a economia do estado, mas perde todos os benefícios disso por não ter o seu próprio porto.

Enfim, é um livro que nos seduz por todos os lados. Somos entrelaçados em uma história multifacetada que é capaz de satisfazer muitos leitores, de diferentes gêneros. Por isso eu o recomendo sem medo de errar para quem nunca leu o autor e deseja uma indicação de livro de qual seria o título ideal para começar a conhecer sua obra.

É interessante, sério, romântico e reflexivo. Vale a pena seu tempo, seu dinheiro e o lugar que ocupará na sua estante.


Um pouco sobre o autor: Jorge Amado é um dos mais famosos e traduzidos escritores brasileiros de todos os tempos. Sua obra literária foi adaptada para cinema, teatro e televisão, além de ter sido tema de escolas de samba por todo o Brasil. Seus livros foram traduzidos em 55 países, em 49 idiomas, existindo também exemplares em braille. Ele é o autor mais adaptado da televisão brasileira. Em número de vendas, Amado foi superado apenas por Paulo Coelho, mas em seu estilo - o romance ficcional -, não há paralelo no Brasil. Em 1994 viu sua obra ser reconhecida com o Prêmio Camões, o Nobel da língua portuguesa. Alguns de seus livros publicados são:
    • Tieta do Agreste
    • Gabriela, Cravo e Canela
    • Teresa Batista Cansada de Guerra
    • Dona Flor e Seus Dois Maridos 
    • Tenda dos Milagres
    • Mar Morto 
    • Capitães de Areia
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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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