O Penhasco (Carine Raposo)

terça-feira, 5 de maio de 2015


Esse ano eu decidi ler mais livros de autores nacionais que ainda não são conhecidos do grande público. E essa ideia surgiu quando vi no Facebook a autora Carine Raposo falando sobre seu livro “O Penhasco”. A capa do livro já me impressionou. É uma das capas mais lindas que já vi em um livro, e mesmo não gostando muito de elementos humanos em capas, amei essa, e lendo a história ela ficou ainda mais perfeita porque expressa muito bem a história que a autora nos quis passar. Procurei a sinopse e o livro me interessou mais ainda:
“Liza pensou que a viagem a Los Angeles seria apenas a celebração do seu aniversário. Nunca imaginou acordar no meio da noite em um Penhasco, com um homem misterioso que parecia se mover como o vento, cujos olhos hipnotizantes destacavam-se na escuridão. Tudo no estranho gritava perigo. E tudo em Liza dizia que valeria a pena se arriscar. Esse encontro traria algo inesperado. Ainda assim, o lugar alto, o som do oceano e a árvore pareciam um sonho, e ele, fruto da sua imaginação. Até que ela acordou e o viu. Ele se espreitava no breu, no canto do quarto daquele hotel. Tentou chama-lo, mas ele desapareceu. Somente quando o sol entrou pelas cortinas, Liza se deu conta: a cama de seus pais estava vazia.”
Sou totalmente apaixonada por histórias de mistérios, e na sinopse senti que tinha algo de sobrenatural que me encantou ainda mais. No mesmo instante entrei em contato com a autora e logo já estava com meu livro em mãos, pronto para ser lido e para viajar para esse misterioso Penhasco.
Liza, é nossa personagem principal, e assim como todas as jovens, ela tem muitas dúvidas, muitos sonhos e no caso dessa em particular, muitas responsabilidades. Responsabilidades que lhe foram impostas após seus pais desaparecerem no dia em que Liza completava 21 anos.
Em uma viagem de celebração por seu aniversário, o carro da família apresenta um problema e os pais deixam Liza e sua irmã menor, Raquel, em um hotel para descansarem enquanto eles saem a procura de um mecânico para consertar o carro e poder seguir viagem. Mas os pais não voltam e seu desaparecimento é envolto em nuvens de mistério que a polícia de Los Angeles não consegue solucionar. Alheia ao desaparecimento de seus pais, Liza adormece no hotel e tem um sonho que parece muito real onde ela se encontra em um lugar encantador.
“Estava dividida entre a sensação e a razão. Uma me seduzia com o melhor sentimento que já tive. A outra me forçava a aceitar o que eu já conhecia, me obrigava a retornar para o mundo concreto. Mas eu não queria voltar. Apesar de não saber como fui parar ali, àquela altura pouco me importei como isso ocorreria.” (Pág. 11)
Liza desperta de seu sonho e vai direto para o maior pesadelo de sua vida real: seus pais ainda não retornaram. E no meio do despertar ela visualiza o homem que estava nos seus sonhos, o homem do Penhasco, parado, olhando pra ela. Lindo e perfeito como no seu sonho, mas seu olhar sério a deixou preocupada e antes que ela pudesse fazer ou falar alguma coisa, ele desaparece. A partir desse momento ela sabe que sua vida mudou completamente.
“No momento em que o vi, fui dominada por uma estranha certeza: tudo o que eu sabia sobre mim e conhecia do mundo à minha volta não se aproximava de um terço da verdade. Percebi, tardiamente, que daquele momento em diante, estaríamos condenados.” (Pág. 11)
Liza, a partir daí, se vê obrigada a crescer e cuidar não apenas de sua vida, como de sua irmã mais nova que se transforma em uma adolescente rebelde que Liza não consegue dominar.
Seus pais desaparecem, a polícia quer arquivar o caso, mas o delegado responsável resolve seguir com as investigações por conta própria e nos seus horários vagos.
Liza deixa a faculdade, começa a trabalhar e tenta seguir sua vida da melhor maneira possível. Mas a partir do dia que seus pais desapareceram e ela acredita ter visto o homem que estava no sonho mais lindo que já havia tido, ela procura todas as noites sonhar e voltar ao Penhasco, um lugar que lhe deixa tranquila e com o sentimento de que tudo, no final, vai terminar bem. Mas o “terminar bem” está muito longe de acontecer e sua vida vira de pernas para o ar. Nuvens negras passam a persegui-la, revelações que ela nem poderia imaginar assomam sua vida e até mesmo previsões de uma cartomante parecem se concretizar. Previsões nada interessantes. No meio desse turbilhão de acontecimentos ruins, ela tem o Penhasco, o lugar dos seus sonhos e que ela consegue descobrir como voltar. O Penhasco é sua salvação em um momento tão conturbado. E ela descobre que o homem do Penhasco existe, se chama Nathaniel e está do seu lado desde seu nascimento. Ele também não entende porque suas vidas estão entrelaçadas, mas sempre sentiu uma grande necessidade, e vontade, de olhar por ela, de protege-la e cuidar dela. E quando estão juntos, Liza sente que tudo pode se resolver, mas junto com ele vem outros acontecimentos e revelações que a fazem ter medo de perde-lo, caso as previsões da cartomante realmente se concretizem.
A autora desenvolveu uma história instigante, muito envolvente. Pegou o “lugar comum” e transformou em algo mágico. Um romance juvenil, um homem lindo e perfeito (que eu desafio a alguém que leia o livro, não se apaixonar) e pincelou com toques sobrenaturais que desenvolveu e finalizou em um fechamento perfeito. A autora não se perde na história e nos leva parágrafo após parágrafo até a revelação final. Final do primeiro livro, porque O Penhasco é o primeiro de uma trilogia, e assim sendo claro que ficaram fatos sem esclarecimento e que só nos faz esperar com mais ansiedade pela continuação da história.
As personagens são inseridas na história e muito bem apresentadas. Mesmo quando elas aparecem e a autora nos fala pouco sobre elas, já sabemos que logo esse mistério será definido e assim ela faz. As personagens vão sendo costuradas muito bem e sua personalidade esmiuçada de forma que passamos a conhece-los e torcer, ou não, por eles.
O ponto que para mim não ficou agradável, mas que não tira os méritos da autora, foi a estrutura da narrativa. Os capítulos são divididos em subcapítulos mostrando quem é o foco da ação no momento, por exemplo: a autora nos mostra o que acontece com Liza, com Raquel, com Nathaniel e com outras personagens, escrevendo no título do subcapítulo seus nomes, assim sabemos quem está na ação naquele momento. Eu senti que dessa forma a leitura ficou “quebrada” prejudicando a ação. A meu ver ficaria melhor se a história fosse toda contada em terceira pessoa, como se a autora estivesse nos contando a história, mesmo mostrando os sentimentos de cada personagem. O próprio texto nos indicaria quem estava na ação no momento e fluiria mais agradável. Mas esse é um fato apenas de estruturação, a história e o desenvolvimento dela são perfeitos e merece a leitura.
Se você que está lendo essa resenha gostaria de dar um crédito a novos autores nacionais, assim como eu, não deixe de conferir esse trabalho de Carine. Eu já estou, todas as noites, tentando sonhar com o Penhasco e encontrar a serenidade que Liza encontrou, e claro, encontrar também aquele homem lindo e perfeito que dá umas voltinhas por lá.
“Nate notou eu pânico. Ele se levantou da cadeira, me puxou pela mão e me deu um beijo longo. Intenso. Cada partícula viva em mim morreu e renasceu naquele toque. Seus lábios macios. Seu perfume confortador. Seus braços fortes em volta dos meus, me reafirmavam: Com ele eu estaria segura. Com ele tudo ficaria bem.” (Pág. 176)

Um pouco sobre a autora: Carine Raposo é uma leitora voraz, apaixonada por romances e fatalmente atraída por mistérios. Além de ser viciada em seriados e amante do cinema. O Penhasco é seu único livro publicado.  Conheça um pouco mais da autora AQUI


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Um comentário :

Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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