O DIÁRIO DE HELGA (Helga Weiss)

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Quem assina a resenha de hoje é a Lais Caparroz.

Olá leitores!! Normalmente eu tenho feito resenhas sobre livros clássicos - e eu estou lendo um assim para fazer uma resenha pra vocês - mas aconteceu de eu passar umas horas ociosa numa noite essa semana sem poder dormir e, como sabia que isso aconteceria, levei um livro pra ‘matar’ o tempo. O livro era “O Diário de Helga”, de Helga Weiss. Quando comprei o livro, o que me atraiu foi o tema: a segunda guerra mundial e o holocausto dos judeus, porque eu sou fascinada por esse momento histórico; mas eu não sabia o quanto eu me encantaria com essa menina que tanto sofreu. Devorei o livro, fazia tempo que não me sentia assim. O livro é narrado em primeira pessoa, pela própria Helga, assim como o tão famoso e aclamado “Diário de Anne Frank”. Mas são histórias bem diferentes. Helga morava em Praga e tinha 8 anos em 1938 quando começou a invasão a Thecoslováquia pelos alemães. Ele retrata todo período de domínio, quando os judeus começam a ser hostilizados e marginalizados. As crianças foram proibidas de frequentar as escolas com os arianos, foram obrigados a estudar em locais separados. e Helga gostava muito de estudar e sofreu por se separas de suas amigas, as quais acabaram levando seus cadernos quando os estudos foram totalmente proibidos. Dai pra frente tudo evolui muito rápido. Começam os transportes para um gueto em Terezín, que ficava a mais ou menos 60 km de Praga. Esses transportes eram feitos de trem, que os judeus esperavam por oras, até dias, em alojamentos dos nazistas. Nesse momento, a família de Helga não tem muita noção do que está acontecendo com os outros judeus pela Europa. Nesse gueto a vida não era tão difícil quanto nos campos de concentração, haviam alojamentos para homens e mulheres adultos, e para meninos e meninas. Os adultos trabalhavam e as crianças estudavam. Havia alimentos em quantidade razoável e os alojamentos não eram
tão precários. Nesse tempo, os judeus ainda estavam com seus pertences, roupas e acessórios que conseguiram trazer nos transportes. Nesse ambiente a vida segue e Helga até arruma um ‘namorado’, Ota, mais velho do que ela mas está sempre presente nos últimos meses no gueto. Helga e seus pais ficam em Terezín por mais de 3 anos, quando são levados para outro ‘gueto’. Pelo menos é o que imaginam. Na verdade estão indo para Auschwitz, na Polônia. A ‘viagem’ durou mais de 24 horas. A primeira dificuldade é a separação do pai de Helga, Otto, que parte primeiro, junto com Ota. Depois vão as mulheres. Lá as coisas ficam realmente feias. Não há alojamento para todos, nem roupas, nem comida ou água, passam horas em pé na chuva, sol ou neve. Helga nunca mais tem noticias do pai, mas permanece com a mãe até o final da guerra. Os últimos dias são os mais sofridos, pois como os russos estão se aproximando, os alemães da SS ficam apavaroados e mais crueis. Helga e sua mãe passam 16 dias em um vagão rodando as ferrovias fugindo do fronte da batalha, sob o comando de general que não quer se entregar, até que chegam num outro campo de contração, Mauthsusen, onde provavelmente teriam morrido nas camaras de gás se a guerra durasse mais um dia. Elas conseguem voltar pra Praga e até hoje Helga mora lá, está com 85 anos. No final do livro, após a transcrição do diário, há uma entrevista feita com Helga em dezembro de 2011, realizada por Neil Bermel. Além do obvio na obra que tocou meu coração, da tragédia, foi a força dessa menina que passou o final da infância e a adolescencia presa, subjugada. Seu texto é intenso, coeso, sensato. Antes mesmo da guerra ela já era madura, e o exílio no gueto e no campo de concertação a fizeram mais forte e determinada a sobreviver. Além de escrever, Helga também vez algumas ilustrações que foram publicadas no livro. A parte
mais difícil vem agora, separas as quotes da obra. Tenho tentado não separar muitos, mas nesse caso é inevitável, o texto da Helga me arrebatou e preciso compartilhar. 

Fatos confiáveis podem ser encontrados na literatura especializada. [...] Tudo o que se precisa fazer é clicar no computador; as datas e os números surgirão. Cada numero, porem, contem um destino humano, uma história. Meu diário é apenas uma delas. página 25 
Uma voz trêmula soava pelo rádio: ‘Hoje de manhã, às seis e meia, o exercito alemão atravessou a fronteira com a Thecoslováquia.’ Não entendi exatamente o significado dessas palavras, mas senti que havia algo terrível nelas. página 30 
Nós nos sentamos para o café da manhã, o ultimo. Hoje, tudo, não importa o que, é nosso ultimo. Sempre o mesmo pensamento: nunca mais! página 53
 Muitos - não, certamente todos - estão chorando em silencio, mas nós não demonstramos nossas emoções. Para que dar esse prazer aos alemães? Jamais! Temos força para nos controlas. Ou deveríamos nos envergonhar de nossa aparência? Das estrelas? Dos números? Não, não é culpa nossa, alguém se envergonhará por isso. O mundo é apenas um lugar estranho. página 63 
Como você descreveria a contribuição de seu diário? Por que deveríamos ler mais um relato sobre o Holocausto? Principalmente por ser verdadeiro. Coloquei nele meus sentimentos, esses sentimentos são intensos, comoventes e principalmente verdadeiros. E, talvez por ser narrado naquela forma infantil, é acessível, expressivo, e creio que ajudará as pessoas a entender aqueles tempos. página 221 - trecho da entrevista


Um pouco sobre a autora: Era filha de um bancário e uma costureira, nasceu em Praga, em 1929. Depois de sobrevier ao Holocausto, voltou à sua cidade natal e cursou a Academia de Belas Artes, ganhando renome como artista plástica. Tem dois filhos, três netos e mora até hoje no apartamento onde viveu com seus pais até a deportação para Terezín. O DIÁRIO DE HELGA é o seu único livro publicado no Brasil.
Comentários
8 Comentários

8 comentários :

  1. Oi Ivi! Eu to aqui no trabalho, lendo sua indicação e senti os olhos enxerem d'água. Até tive que disfarçar! Saber que essas coisas são reais é triste. Fiquei com muita vontade de ler a obra, não conhecia. Mas fiquei feliz em saber que não foi um final tão trágico como o de Anne Frank. Já esta anotado aqui
    bjus flor!
    Pan
    http://pansmind.blogspot.com/2013/11/sorteio-de-natal-amazonia-arquivo-das.html

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  2. Desde que anunciaram este livro ele está em minha lista de desejos e eu sempre acabo deixando para depois. Também sou fascinada pelas duas grandes guerras e o holocausto, dificilmente me decepciono com livros dessa temática. Amei a resenha, pois ela só firmou ainda mais minha vontade em adquirí-lo.
    Boa semana!

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  3. Fiquei curiosa a respeito do livro e sobre o que acontece com o namorado dela vou tentar ler gosto de livros com a temática da segunda guerra mundial é difícil se decepcionar com livros assim

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  4. Este eu não conhecia. Livros que retratam esta época sao difíceis de se ler, mas quase sempre agradam aqueles que leem
    Bjs, Rose

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  5. Olá Ivi, tudo bem??
    Não conhecia o livro,apesar de gostar de livros sobre este tema.
    Essas histórias que se passam na Guerra sempre me chamam atenção, o tema por si só já é interessante. E sua resenha me deixou super empolgada em conferir =)
    Beijos!!

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  6. Eu detesto livros sobre guerras, então não tenho vontade d ler esse.
    Mas para quem gosta do tema, parece bom.

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  7. Eu quero ler esse livro desde que ele foi lançado, agora fiquei com mais vontade ainda. Também sou fascinada por esse período da história, sempre que leio algo sobre o tema fico, chocada, fascinada e chorosa.
    Só pelos cotes eu já fiquei arrepiada.
    Amei a resenha. Bjs

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  8. Ótima resenha, muito bem escrita! Pude notar que esta obra é muito emocionante e deve realmente tocar o coração dos leitores, como pude ler no último quote separado, é um relato real de algo que realmente aconteceu, uma menina que sofreu muito e passou por muitas coisas, deve valer muito a pena ler! Também adorei ver que há ilustrações no livro, muito diferente!
    beijos ♥
    quemprecisadetvparaverbeyonce.blogspot.com.br

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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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