Os Melhores Livros de 2020

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021


Oi gente que ama livros, hoje é aquele dia que falamos dos melhores livros lidos do ano anterior e embora eu tenha lido muita coisa boa em 2020 – a maioria das leituras foram 4 estrelas – 7 livros se destacaram sobre todos os outros e é deles que eu quero falar com vocês.

Listei essas 7 leituras perfeitas na ordem em que foram lidas e não da menos maravilhosa para a mais perfeita.

Vamos conferir?

Fahrenheit 451 (Ray Bradbury)
– A primeira leitura do ano que levou 5 estrelas e títulos e favorito foi esse clássico da literatura universal que me ganhou em todos os sentidos. O livro nos traz o Guy Montag, bombeiro muito tranquilo, em paz com sua vida e casado com Mildred, que passa o dia inteiro assistindo televisão. Guy tem a vida sob controle, porém a profissão de bombeiro no universo deste livro não é como nós a conhecemos. Lá os bombeiros não apagam fogo, na verdade colocam fogo em livros. Isso mesmo, a literatura é proibida neste lugar e os bombeiros verificam denúncias sobre pessoas que insistem em manter livros em suas casas. As pessoas aprendem a ler, mas somente para ler as revistas que trazem as grades da programação de TV ou coisas irrelevantes. As pessoas já não ficam mais tanto tempo na escola porque não é necessário aprender tanto e desta forma, o governo consegue manipular a população como for conveniente. Fahrenheit 451 é um livro fácil, mas nem por isso acaba sendo raso. Muito pelo contrário: indagações filosóficas são feitas e instigam o leitor a pensar no que o mundo se tornaria caso os livros fossem realmente abolidos. Vale uma observação: o livro foi escrito em 1953, período pós Segunda Guerra, carrega duras críticas à opressão anti-intelectual nazista e demonstra a apreensão do autor sobre a ótica de uma sociedade autoritária. A partir desse sentimento foi fácil perceber a semelhança entre as ocorrências da última bienal do Rio com a narrativa intensa e extremamente pertinente. O autor finaliza a obra com maestria e um toque de sutileza que me emocionou e me fez ficar pensando na história por muito tempo.

O Acerto de Contas de Uma Mãe (Sue Klebold) 
– Em “O Acerto de Contas de Uma Mãe – A vida após a tragédia de Columbine”, temos o relato da tragédia pelos olhos de Sue Klebold, a mãe de Dylan Klebold, um dos atiradores responsáveis por aquele dia de horror em 20 de abril de 1999. É uma narrativa forte, que nos faz pensar sobre nossa vida e sobre nossas atitudes no trato com as pessoas. Embora comece nos contando como foi o dia da tragédia, o livro segue uma ordem linear e cronológica, contando sobre a vida de Dylan desde o dia do seu nascimento. Com o olhar de uma mãe carinhosa, relata que ele sempre foi doce, bom filho e sempre teve um comportamento tranquilo na escola, sendo que era uma das crianças mais inteligentes nos anos de ensino fundamental. Esse comportamento mudou um pouco com a chegada da adolescência e Dylan se tornou mais introspectivo, mas isso sempre foi visto apenas como uma característica de sua personalidade. Ele tinha amigos, dividia seu tempo entre a escola e pequenos trabalhos como em uma pizzaria da cidade e tinha uma vida social saudável. Após todos os processos judiciais, Sue decidiu contar sua experiência ao mundo e pedir perdão publicamente as famílias, embora o tenha feito nas semanas após a tragédia através de cartas enviadas as famílias enlutadas. Foi uma leitura forte, perturbadora, sufocante, mas muito necessária. Forte, impactante e infelizmente, muito relevante.

Nascido do Crime (Trevor Noah) 
– O livro traz a história de vida de Trevor Noah, hoje com 36 anos que nasceu de uma relação ilícita. Não estou falando que sua mãe ou seu pai eram casados com outras pessoas quando nasceu, não é isso que torna sua concepção errada. O que fez Trevor nascer de um crime foi o fato da mãe ser negra, o pai branco e ele ter nascido na África do Sul durante o Apartheid, regime político de forte segregação racial em que dirigentes brancos se aproveitaram da vulnerabilidade da população negra para marginalizá-los. Ele foi criado e educado pela mãe, Patricia Noah, uma mulher forte, rígida, mas apaixonada pelo filho e decidida dar uma vida melhor a ele. Não apenas em questões materiais, mas que o filho tivesse oportunidades, direto de escolha, sobrevivesse com bravura e determinação diante do racismo legalizado no país. O livro não é linear e fatos da vida adulta se misturam com a vida na infância, mas tudo muito bem explicado de forma que você sabe exatamente a fase da vida do autor a que se refere. É engraçado, leve, direto e ainda assim, nos faz pensar sobre a posição de privilégios que gozamos e sustentamos sem nos dar conta que nem todo mundo vive do mesmo jeito. É um livro que me deixou tão surpreendida pelo conteúdo forte e relevante que eu me senti envergonhada por não conhecer o autor há mais tempo. As reflexões e analogias sobre as situações do dia a dia são muito próximas a realidade que vivemos no Brasil, em que algumas pessoas conseguem se achar melhor que uma multidão por simplesmente serem privilegiadas por cor, situação social ou conhecimentos. Existiram partes do livro que eu gargalhei e outras que os olhos arderam com vontade de chorar e tudo o que eu queria era poder sentar com o autor e bater um longo papo.

Sessão da Meia-noite com Rayne e Delilah (Jeff Zentner) 
– O livro nos traz duas jovens prestes a terminar o ensino médio, Josie e Delia. As duas são amigas desde a infância e juntas apresentam um programa no canal de TV regional que traz os filmes de terror mais bizarros do mundo. Todas as semanas elas interpretam duas irmãs, Rayne e Delilah e embora o programa dê mais prejuízo que lucro, é uma grande diversão para as duas. O livro é um misto de sentimentos grandiosos. A narrativa do autor nos apresenta duas amigas que se amam muito, mas possuem objetivos e realidade de vidas diferentes e precisam se esforçar muito para que a amizade não sofra com as mudanças que a vida impõe. Isso é tratado com muita sensibilidade, conseguimos entender os dois lados desta relação, a motivação de cada uma e torcer pelas duas de igual modo. Como nos outros livros do autor, o final me rendeu um rosto molhado de lágrimas. Um trecho me deixou muito emocionada pela naturalidade e verossimilhança. A realidade nos é apresentada de forma simples, leve, mas cheia de significados e as duas personagens sofrem com suas escolhas e mesmo muito tristes, conseguem entender que tudo pode ser simplesmente uma fase.

Uma Vida Pequena (Hanya Yanagihara)
 – O livro nos traz Jude, Willen, Malcom e JB que se conheceram na faculdade e se tornaram bons amigos. O livro começa quando eles precisam encontrar um novo apartamento barato para morar, não podem se dar ao luxo de gastarem muito pois estão começando a vida profissional e encontram um imóvel que se encaixa nesse requisito na rua Lispenard em Nova York. A partir deste momento em que conhecemos a interação inicial entre os quatro jovens entendemos quem é quem. Willen é um rapaz bonito que sonha em se tornar ator, vem de uma família de origem escandinava e é ótima pessoa. Malcon é arquiteto, o único que vem de uma família que vive de forma confortável financeiramente. JB é negro, difícil, um pouco sem noção e artista plástico. As primeiras páginas do livro nos levam a acreditar que teremos a história destes quatro jovens no decorrer do enredo, mas em um dado momento, percebemos que Jude é o protagonista da narrativa e os outros orbitarão ao redor dele. O livro é intensamente triste e violento. A forma como nos apegamos aos personagens nos faz sofrer ainda mais porque a todo momento desejamos que aquela sequência de infortúnios tenha fim e isso não acontece. Sinto-me na obrigação de dizer que o livro é triste do início ao fim e ainda que exista uma parte dele com o título de Tempos Felizes, essa felicidade é temperada com lembranças de tempos horríveis e o passado não dá trégua ao personagem. Não é um livro para todo mundo, essa é a única certeza que tenho, mas a experiência de leitura foi tão visceral e forte que procurei pessoas que o tivessem lido nas redes sociais para conversar sobre ele e assim descobri o quanto o livro é extremamente popular fora do Brasil. Existem contas no Instagram dedicadas ao livro e o endereço na rua Lispenard se tornou um ponto turístico em função desta história. Camisetas, bonés, bolsas e uma infinidade de objetos levam a estampa do nome dos personagens e diversas pessoas tatuaram frases do livro em uma homenagem direta, o que prova que muitos se afeiçoaram ao enredo como eu e também desejaram que cada um dos personagens tivesse o seu final feliz.

Cidade das Garotas (Elizabeth Gilbert)
– O livro nos traz Vivian Morris, uma jovem de 19 anos que não sabe o que quer da vida. Abandona a faculdade e vai morar com a tia Peg no seu teatro decadente chamado Lily Play House. Lá conhece atores, coristas, dançarinas, escritores e grandes estrelas do teatro mundial e ao lado da amiga Celia, se aventura em uma Nova York cheia de festas, bebidas e amor livre. Vivian não demora muito para integrar a equipe de artistas do teatro com seu talento para roupas. Com sua máquina de costura, ela desenha e constrói figurinos lindíssimos que aumentam o brilho das estrelas e dos espetáculos. Ainda assim, o teatro é pobre e em meio a segunda guerra mundial, mal paga suas contas, mas surge a oportunidade de um novo espetáculo chamado Cidade das Garotas que coloca o espaço dentro da cena artística da noite da cidade que nunca dorme. Conviver com tudo aquilo, dá uma profissão a Vivian, bem como amigos e uma história cheia de aventuras a serem contadas. A maneira como a autora desenvolve o enredo é tão bem-feita que eu podia ver o palco, ouvir as músicas e assistir as apresentações no teatro, assim como perceber Vivian construindo novos caminhos para sobreviver e encarar novas fases em sua vida. Como existe um intervalo de tempo bem grande dentro da trama, vemos os diversos cenários políticos nas páginas, com certa discrição porque o objetivo é apenas situar o leitor na narrativa, mas podemos perceber as consequências da guerra, a luta pelos direitos iguais entre homens e mulheres e demais evoluções que as décadas deixaram gravadas no mundo. As páginas finais reservaram algumas lágrimas para mim e ao encerrar a leitura abracei o livro, totalmente satisfeita por ter lido uma história forte, bem escrita e completamente envolvente.

Cartas que Escrevi Antes de Você (Cynthia Hand)
 – O livro nos traz Cassandra, uma jovem de 18 anos que está terminando o ensino médio e se encontra diante da decisão de escolher a universidade, mas esta não é a única decisão difícil presente em seus dias. Cass sempre soube que foi adotada e atualmente está muito interessada em conhecer sua origem e entender a motivação de sua mãe biológica ao entregá-la para adoção ainda bebê. Embora ame a família que a adotou pois realmente tem pais e avós maravilhosos, essa dúvida não deixa seu coração em paz e Cass parte para uma investigação do seu próprio nascimento. Em capítulo alternados, a vida de Cass se desenvolve na busca de sua mãe biológica, bem como sobre todas as coisas intensas que acontecem em sua vida. Há cartas que essa mãe escreveu para ela durante a gestação, contando-lhe detalhes sobre como engravidou e como foi decidir entregar seu bebê para adoção. Nestas cartas, a mãe biológica de Cass não cita nomes nem lugares, mas relata tudo o que aconteceu naquela época, tentando apenas se fazer compreender. As cartas são honestas e melancólicas, mas muito envolventes e o leitor imagina a vida desta jovem e sente as pressões impostas a ela.Me emocionei em diversas partes do livro e chorei nas páginas finais, realmente comovida pela conclusão belíssima que a autora deu para uma história tão bonita. Como se fosse pouco, a nota da autora ao final do livro também é cheia de emoção, por relatar sua própria experiência como adotada dentro de uma família feliz. É um livro emocionante, forte, bonito e que traz um enredo perfeito. Promete entregar uma história intensa e cumpre com o prometido.

Estes foram os 7 livros favoritados em 2020 que deixaram a minha vida de leitora muito mais rica e pertinente. Agora quero saber quais foram os seus livros favoritos em 2020, Deixe nos comentários porque vou adorar conferir.

Beijos
Comentários
1 Comentários

Um comentário :

  1. Oi Ivi!
    Alguns temas conhecia, mas o que me chamou a atenção foi "Uma vida pequena e Cidade das garotas", Fahrenheit 451 já tinha ouvida falar mas ainda não li, mas está na minha lista deste ano. Obrigado pelas dicas, parabéns pelas leituras, bjs!

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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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