A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água (Jorge Amado)

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Ficha Técnica:
Nome Original: A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água
Autor: Jorge Amado
País de Origem: Brasil
Número de Páginas: 103
Ano de Lançamento: 1950
ISBN-13: 9788501004840
Editora: Record

Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 6º livro lido em 2020 e foi A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água (Jorge Amado). Como podem perceber, sigo nesse vício chamado Jorge Amado e desta vez escolhi este livro fininho e muito popular entre os fãs do autor.

As circunstâncias da morte do funcionário público Joaquim Soares da Cunha são cercadas de mistérios e versões desencontradas. A família declara que ele morreu de forma decente, mas esconde alguns vexames dos últimos momentos de vida do finado. Já os amigos são capazes de jurar que a morte de Joaquim se deu mesmo no mar, como era seu desejo.


Durante quase toda a sua vida, Joaquim foi funcionário público exemplar, contando com o respeito dos colegas e da família. Aos cinquenta anos, porém, por motivo desconhecido, despediu-se da família com palavras ofensivas e passou a viver na rua. Foram dez anos se entregando constantemente à bebida em companhia dos malandros e das prostitutas de Salvador, na Bahia. A esposa Otacília não resistiu ao drama familiar e morreu. A filha Vanda e seu marido, Leonardo, passaram a suportar a existência daquele parente incômodo.

Certa ocasião, o dono do botequim frequentado por ele, querendo pregar-lhe uma peça, ao invés da cachaça de sempre encheu um copo com água e ofereceu a ele. Joaquim entornou o líquido e, ao perceber a enganação, lançou o berro que fez surgir seu apelido: Quincas Berro d’Água. 

Joaquim morreu aos sessenta anos de idade. Ao saber, Vanda passou a tomar providências para o velório e o enterro do pai. A única coisa que ela não conseguiu arranjar ao seu modo foi o sorriso que o morto estampava no rosto, que nem sequer os funcionários da funerária conseguiram eliminar.


O velório foi realizado no mesmo cômodo minúsculo que tinha servido de moradia a Quincas nos últimos anos. Desse modo, a família mantinha distância desse parente incômodo. Vanda permaneceu ao lado do corpo do pai durante boa parte da noite em que transcorreu o velório. O sorriso no rosto do morto parecia retomar as ofensas dirigidas à família quando Quincas deixou a casa.

A notícia da morte de Quincas chegou aos ouvidos de seus companheiros de boêmia: Curió, Negro Pastinha, Cabo Martim e Pé-de-Vento. Sabedores do desejo do amigo de ter no mar seu último momento, dirigiram-se ao local do velório dispostos a fazer cumprir essa vontade. Cansados, os parentes acabaram por se recolher, deixando o defunto sob a guarda dos amigos.

Por vezes, o esforço dos escritores da geração de 1930 em retratar a realidade de maneira crítica acabava por restringir o espaço da fantasia e da imaginação. Sem abrir mão da perspectiva sociológica, Jorge Amado reservou espaço para o absurdo em algumas de suas narrativas. É o que ocorre em A Morte e a Morte de Quincas Berro d’Água. Como um bom contador de histórias, o narrador desenvolve seu enredo surpreendente, preocupando-se menos em ser verdadeiro e mais em ser verossímil.


Duas faces da sociedade estão representadas. De um lado, o universo da ordem estabelecida, com o devido enquadramento dos indivíduos em instituições sociais respeitáveis, como a família, o casamento e o trabalho. Esse universo mata Quincas duas vezes: a primeira, quando a filha Vanda cria para os filhos uma versão imaginária para explicar o afastamento familiar do pai boêmio; e a segunda, quando, na tentativa de dar solenidade ao seu velório, veste-o de forma condizente com a imagem respeitável que tentavam imprimir a ele. Com isso, mata-se o boêmio e tenta impor o universo da ordem.

Enfim, foi uma leitura deliciosa e cheia de risadas. Imaginei toda a confusão do velório, bem como as confusões que o falecido causou em vida. É um texto fluido, simples, cheio de imaginação e que rende uma boa leitura.

Eu adorei!!!


Um pouco sobre o autor: Jorge Amado é um dos mais famosos e traduzidos escritores brasileiros de todos os tempos. Sua obra literária foi adaptada para cinema, teatro e televisão, além de ter sido tema de escolas de samba por todo o Brasil. Seus livros foram traduzidos em 55 países, em 49 idiomas, existindo também exemplares em braille. Ele é o autor mais adaptado da televisão brasileira. Amado foi superado, em número de vendas, apenas por Paulo Coelho, mas em seu estilo - o romance ficcional -, não há paralelo no Brasil. Em 1994 viu sua obra ser reconhecida com o Prêmio Camões, o Nobel da língua portuguesa. Alguns de seus livros publicados são:
  • Capitães de Areia
  • Dona Flor e Seus Dois Maridos
  • Gabriela, Cravo e Canela
  • Mar Morto
  • O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá
  • Tenda dos Milagres
  • Teresa Batista Cansada de Guerra
  • Tieta do Agreste
  • A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água


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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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