Priest (Sierra Simone)

domingo, 16 de agosto de 2015


Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 43º livro lido em 2015 e foi PRIEST (Sierra Simone). Este é um daqueles livros que quando é descoberto pelos grupos literários, se torna febre. Ao ler sobre ele, fui infectada. Os comentários deixaram claro que se tratava de um livro com duas abordagens que pouco me interessam: é um livro erótico e traz a polêmica da religião na premissa, mas ainda assim eu quis ler.
"Pai, se você estiver disposto, tome de mim este cálice." Mesmo Jesus tinha dito essas palavras, não que tenha funcionado para ele. Por que Deus estava disposto a deixar copos ruins em todos os lugares?  página 80
Temos aqui o Tyler, conhecido por sua comunidade como Padre Bell. Tyler é o padre da igreja St. Margaret que fica em uma cidade pequena no interior dos Estados Unidos. Ele é jovem e saudável, além de muito bonito. Ele cuida da igreja com devoção, criatividade e fidelidade para com as escrituras sagradas até que uma jovem, a Poppy, aparece na sua paróquia para se confessar e uma atração incontrolável por ela e ela por ele, se estabelece e então temos uma paixão proibida.

Tyler tem certeza da sua vocação. Mesmo a sua família tendo sido massacrada por um escândalo cruel causado no cenário da igreja católica, ele acredita firmemente no amor de Deus e quer ser um veiculo para que as pessoas conheçam e viva esse amor. Já Poppy, viveu a margem da fé, vem de uma família muito rica, teve a sua educação nas melhores instituições, foi criada para ganhar dinheiro, porém se machucou em um relacionamento que só a menosprezava e decidiu se esconder na cidadezinha onde Tyler é padre e recomeçar sua vida. Ela tem uma curiosidade intensa por conhecer a prática de fé cristã e quer encontrar na religião, a cura para suas dores. Eles se apaixonam e se envolvem e o livro se desenvolve sobre viver esta paixão proibida e administrar os conflitos ao redor deles.
"- Padre, você deve reservar o seu julgamento até que eu peça. - Ela falou em uma voz que era um misto de risada e suspiro.
- Eu sou católico, julgar é o meu negócio." página 111
O livro é recheado exageradamente de cenas sensuais que mergulham não apenas em vulgaridade – palavrões e mais palavrões – mas desafiam o bom senso dos que são católicos, ou minimamente religiosos. Tyler e Poppy fazem sexo no altar da igreja, fazem uso de objetos “santos” para o pleno prazer dos dois e isso com certeza fará muitas pessoas, até quem não professa a fé católica, rejeitar de cara o enredo do livro. Eu particularmente, não sendo praticante de nenhuma religião e fé, questionei a necessidade de se fazer isso. A autora cria situações um pouco forçadas e o casal não se preocupa com o local ou a circunstancia para estarem juntos. E em algumas destas cenas, Tyler relaciona o que eles estão fazendo com passagens bíblicas ou práticas de fé e talvez isso seja um pouco difícil de digerir. Para mim, várias destas situações se tornaram engraçadas, mas tenho certeza que muitos interpretariam como se a autora quisesse simplesmente profanar a fé e sua tradição.

Embora eu não goste do gênero, acredito que este livro é muito melhor que outros desta linha porque sai um pouco daquele lugar comum de homem poderoso seduzindo mocinha semi virgem. Neste caso, temos um rapaz comum, apaixonado por uma moça comum e, ainda assim, o casal é impedido de viver esta paixão em função de algo que não se explica e não se discute: a fé. Esse diferencial nos joga sobre algumas questões e inevitavelmente sobre a mais comum de todas: porque os padres não se casam, constituem família e assim por diante.
"Era realmente tão terrível para um homem de Deus ter relações sexuais? Os protestantes tinham feito isso por meio milênio e eles não pareciam mais perto do inferno do que os católicos." página 122
As histórias paralelas são pouco exploradas e eu senti falta de mais detalhes sobre a tragédia que a família de Tyler sofreu. A autora apenas dá indícios de algumas coisas mas a história não é desenvolvida. Da mesma forma, poucas coisas sabemos sobre Poppy e a construção dela só se dá em função do que ela sente e quer viver com Tyler. Alguns dogmas da igreja católica são mencionados de forma sutil e interessante como a politica da confissão e suas penitencias, coisas que eu desconhecia completamente e achei curioso a autora fazer mão disso.

Quem aprecia o gênero pode gostar, desde que consiga ler sem pensar na religião, o que eu acredito venha a ser algo complicado de separar, uma vez que o cenário é a igreja. Enfim, este é o tipo de livro que tem o objetivo claro em polemizar e sendo assim, não posso dizer que gostei ou odiei, que recomendo ou não, porque é o tipo de história que cada um tem que ter a sua opinião pessoal e o difícil disso, seria ter uma opinião desvinculada da fé.

Não foi o pior livro que eu li, mas acredito que o próprio conflito do Tyler poderia ter sido explorado sob outras perspectivas. Acho que a cenas de sexo, muito explicitas e algumas até grosseiras, poderiam ter sido em menor número porque é bem claro, já no inicio da narrativa que o casal é fisicamente louco um pelo outro e sobretudo, a autora poderia ter sido mais comedida ao expor a própria igreja, enquanto local, não enquanto fé ou tradição. Mas em contrapartida, é uma história corajosa e interessante.


Um pouco sobre a autora: Sierra Simone é um ex-bibliotecário americana que se tornou best-seller nos Estados Unidos escrevendo romances eróticos com temas polêmicos. No Brasil, ainda não temos nenhum de seus livros publicados.

Comentários
4 Comentários

4 comentários :

  1. Li o livro ontem e amei.acho que deixou cinquenta tons de cinza no chinelo,foi um livro que realmente fugiu do comum nessa area. EL James teve boas ideias para seu livro,mas não passou disso,se perdeu e virou mais um romance bobo,nesse ao menos temos o proibido que meche com a imaginação e deixa aquele calorzinho nas leitoras,ao menos em mim deixou. :) quero muito que saia no Brasil,pq não achei ainda

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  2. Aonde você conseguiu baixar? Eu não tô conseguindo achar

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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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