Piedade (Jodi Picoult)

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015


Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 8º livro lido em 2015 e foi PIEDADE (Jodi Picoult). Desde o meu primeiro contato com a escrita desta autora eu desejei ler toda a sua obra, então quando eu ganhei este livro ano passado, nem reparei no título, só o nome dela é que me fez ter certeza que eu ia adorar a leitura.

O livro nos traz a pequena cidade de Wheelock, em Massachusetts e esta cidade é basicamente habitada pelos MacDonalds, um povo vindo da Escócia no período de povoamento da América e depois de muitas décadas, o sobrenome ainda impõe respeito para os desavisados. Nesta cidade conhecemos o xerife Cameron MacDonald, conhecido pela honestidade e pela eficiência no cumprimento do seu dever e a Allie, sua esposa apaixonada e devota. Já nas primeiras páginas do livro somos apresentados ao que vai ser a grande discussão do livro: Cameron, Cam, como é conhecido recebe o seu primo Jamie se entregando à justiça pois ele afirma ter assassinado a esposa, inclusive, o seu corpo está no carro.

Isso causa um grande furor na cidade, Cameron prende Jamie quase que automaticamente em função do assassinato e a história se desenvolve: a esposa de Jamie sofria de um câncer que teve início em seu seio, porém após uma violenta metástase, já estava espalhado pelo corpo e havia alcançado o cérebro. Ela então pediu para que Jamie a matasse porque ela não conseguia viver com tanto sofrimento e em um ato de amor, ele atendeu o pedido da esposa.
"- Mas você a matou" - ela retrucou. Jamie balançou a cabeça e respondeu baixinho: "Eu a amava tanto que permiti que ela fosse embora se era isso que ela queria fazer." página 71.
A cidade se divide em duas opiniões: Jamie deve ser preso e pagar pelo crime que cometeu, afinal ninguém tem o direito de tirar a vida de ninguém, ainda que seja por amor. E outra parte das pessoas acreditam que Jamie deveria ser inocentado porque a culpa e a dor que ele carrega já são as punições devidas.

Paralelo à isso, no mesmo dia em que Jamie se apresenta à justiça em função da morte da esposa, uma mulher misteriosa aparece na cidade, a Mia, e uma atração avassaladora surge entre ela e Cam e a narrativa te obriga a pensar no que realmente é amor e compromisso. A autora te conduz a repensar tudo aquilo que você já tinha como certo sobre vida e morte, sobre certo e errado e sobre o que de fato é ser fiel à quem você ama.

O livro tem uma escrita inteligente e por muitas vezes cruel. Em várias passagens do livro eu me via lendo determinados parágrafos e parando para digerir o que estava sendo apresentado para mim. O livro te leva a questionar o verdadeiro significado do amor: Alguém que mata a própria esposa como um ato de amor para poupar-lhe o sofrimento, deve ser condenado como um assassino comum e frio? Cam que não respeita o amor da sua esposa e o compromisso que ele assumiu em função deste amor é mais digno que Jamie?

O livro traz situações passadas para que possamos ter uma visão bem abrangente da situação, bem como conhecer mais intimamente cada personagem e entender suas motivações e a autora faz isso de forma brilhante porque não confunde e nem cansa o leitor. E conforme nos é dado mais elementos da história neste vai e vem de passado e presente, nos sentimos mais aprofundados no livro.

Não foi uma leitura fácil. Ainda que eu goste de livros dramáticos, este livro me deixou devastada. Tive que fazer diversas pausas para me recuperar emocionalmente da leitura e do momento que comecei a ler o livro ao momento que concluí a leitura, percebi que este é um livro que não se pode ler de qualquer maneira. É um livro forte, tenso, denso e tão humano que te faz sofrer.

A autora reafirmou em mim a admiração que tenho por ela. Sua escrita, sua originalidade, sua intimidade com as palavras e com os sentimentos é incrível. Uma história adulta, séria, bem escrita e inesquecível.

Super recomendo para quem gosta de livros com estas características e que não têm medo de sofrer com os personagens e com os desdobramentos de suas histórias. É um livro que com certeza vai me fazer pensar por muito tempo e sempre vou me lembrar desta história com uma pontinha de dor no coração.

Eu gostei demais!!!
"Não perdoei Deus por deixar Maggie adoecer - ele disse - Então, porque ele se importaria em me perdoar?" página 178


Um pouco sobre a autora: Jodi Picoult nasceu e cresceu nos Estados Unidos. Estudou Inglês e escrita criativa na Universidade de Princeton e publicou dois contos na revista Seventeen enquanto ainda era estudante. Aos 38 anos é autora de onze best sellers. No Brasil, alguns de seus livros publicados são: 
O Pacto
Uma Questão de Fé
O Filme Perfeito
A Guardiã da Minha Irmã
A Menina de Vidro
Piedade
Um Mundo À Parte
Comentários
4 Comentários

4 comentários :

  1. Oi Ivy
    Se sua resenha já foi bastante intensa, fico aqui imaginando como deve ser o livro... Gosto bastante de livros mais densos, embora eu tenha que estar em um bom período da vida para conseguir aproveitá-los. Gostei bastante da ideia do livro e acho que ele é uma leitura fantástica.
    Ah! Respondi sua perguntinha lá no blog, viu ;)
    Beijos

    Vidas em Preto e Branco 

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    Respostas
    1. É um livro difícil, triste, forte e ao mesmo tempo, tão bem escrito, tão bem desenvolvido que não dá pra largar. Sou apaixonada pela escrita da Jodi, mas eu acho que não pode ser lido de qualquer jeito. Quando tiver oportunidade, aproveite e leia. bj

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  2. Amo essa autora, geralmente os temas são bem dificeis de digerir, mas ela faz a gente entrar na história e na mente dos personagens de um jeito tão intenso que parece que somos mais um personagem. Eu quero muito ler esse livro, sua resenha me deixou com ainda mais expectativas.

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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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