Já comentei aqui sobre o meu fanatismo por música latina e pelo idioma espanhol, mas acho que nunca falei
sobre o meu encantamento e adoração pela Argentina (sendo mais específica por
Buenos Aires)!
Já estive lá algumas vezes e sempre tenho prazer imenso
em voltar! Um amigo brinca que tenho os pés lá. Realmente já pensei seriamente
em morar em Buenos Aires!
Fico dividida até em jogos de futebol, tinha uma bandeira
brasileira e uma argentina na minha mesa de trabalho na época da copa do mundo.
Ganhei ingresso no sorteio da empresa em que trabalho, adivinhem o jogo?
Argentina X Irã! O jogo foi fraco, mas assistir no meio da torcida argentina
foi sensacional!
Ao ver o título do livro, não
pensei duas vezes em começar a leitura até para comparar as impressões das autoras
com as minhas, mesmo que as minhas sejam algo tendenciosas, claro.
A contracapa do livro é já gera
curiosidade e as primeiras páginas descrevem o espanto e também deslumbramento
dos argentinos ao saber do desejo das autoras em escrever o livro. Logo percebemos
que os argentinos conversam sobre tudo, mas adoram falar sobre política e são
dramáticos e exagerados ao falarem sobre os próprios problemas.
O livro destaca também que os
argentinos são questionadores e conhecidos pelas manifestações populares
realizadas normalmente na Praça de Maio, localizada próxima a sede do governo (Casa
Rosada). As manifestações mais famosas são as de motivação política, com o já
típico “cacerolazo” (panelaço), com o grupo batendo panelas em frente à sede do
governo para expressar indignação ou descontentamento. Esse tipo de
manifestação dá resultado e inclusive já tirou um presidente do poder (Antonio de
La Rua, em 2001). Outro exemplo é a manifestação feita por mulheres conhecidas
como “mães da praça de Maio” (que lutam para saber notícias dos filhos
desaparecidos no período da ditadura militar entre 1976 e 1983).
A Argentina é um país
extremamente nacionalista (há bandeiras em quase todos os lugares) e as
comemorações em datas festivas são bem importantes. O país tem cidadãos conhecidos
mundialmente, como o cantor de tango Carlos Gardel, Evita (esposa do
ex-presidente Perón, conhecida e admirada por pensar e ajudar os necessitados,
considerada líder do povo) e o guerrilheiro Ernesto “Che” Guevara.
O jogador de futebol Diego
Maradona é o mais conhecido pelos brasileiros, pela rivalidade entre os países e
a comparação com Pelé. A adoração dos argentinos ao ídolo é tanta que em 1998 foi
criada a “igreja” Maradoniana em sua homenagem. A questão dos seguidores adorarem
a uma bola, citarem os pais do jogador e mencionarem “Diego” ao final do ritual
feito como se fosse o sinal da cruz mesmo que de forma divertida e obviamente sem
caráter religioso, me pareceu absurdo e bizarro.
Nos anos 60, foi criada por pelo
cartunista Quino a personagem Mafalda, uma menina que entende de política,
desbocada e questionadora. A personagem também é bem conhecida e há uma estátua
fofa em uma praça no bairro de San Telmo, em Buenos Aires.
Fatos descritos no livro com os
quais concordo: as mulheres argentinas são consideradas como fortes, influentes
e decididas. Já o homem argentino é visto como romântico e cavalheiro, amante
do poder da esposa e seguidor das orientações da mãe.
A questão histórica e política abordada
pelo livro é bem extensa e até cansativa, mas necessária para entender os altos
e baixos do país. Como fatos curiosos, há o de que a morte era vista como um
acontecimento, sessão de óbitos como coluna sócia e a visita ao cemitério como uma
aula de história. Há mistério sobre o trâmite do corpo de Evita e de Perón e
até a mutilação do cadáver deles sem esclarecimentos ou provas até hoje, além
da revolta dos argentinos com a escolha da cantora Madonna para interpretar
Evita no cinema.
Apesar das crises constantes, a
Argentina é um país bem sucedido em educação, e dá muita importância à leitura.
É pioneiro em alguns tratamentos médicos ou legislações, seus habitantes sempre
acreditam na força do país e na capacidade de recomeçar.
O livro apresenta ainda entrevistas
com Hebe de Bonafini (presidente da Associação das Mães da Praça de Maio),
Estela (fundadora da Associação das Avós da Praça de Maio, que criaram um banco
com dados genéticos de todos os desaparecidos na tentativa de encontrá-los) e Maitena
(cartunista que introduziu temas como sexualidade no universo feminino).
Há também um
glossário bem interessante, com palavras bastante utilizadas no vocabulário
argentino. Por aí, é possível perceber que “lío” e “quilombo” são
palavras diferentes com o mesmo significado (confusão) e que “groso” é usado para se referir
a uma pessoa legal, ao contrário de “pesado”.
Sou mega suspeita para falar do
livro pelo encantamento ao país, mas super recomendo para quem gosta tanto de
história, política e cultura de um país tão próximo, mas ao mesmo tempo tão
diferente dos brasileiros em alguns aspectos.
Se você ficou curioso (a) para
conhecer não só o livro, mas viajar ao país e conhecer Buenos Aires, recomendo
mais ainda!
A visita guiada e gratuita a Casa
Rosada (aos domingos) é muito interessante e vê-la iluminada faz toda a diferença, fica muito mais bonita com a iluminação. Dá para passear bastante nos parques dos
bairros de Palermo e Recoleta ou comprar lembrancinhas na rua Florida. Para os
amantes de futebol, indico a visita ao estádio da Bombonera (Boca Juniors), que
é bem legal! Próximo ao estádio, está o “Caminito”, famoso pelas casinhas
coloridas. Literalmente é bem pequeno, mas se já estiver pela região, vale a
pena!
Posso dizer que Buenos Aires é um
lugar perfeito para os amantes de leitura, pois há uma livraria quase a cada esquina. Visitar a livraria El Ateneo Grand Splendid (localizada no bairro da Recoleta e considerada uma das melhores do
mundo) é fundamental! Tudo isso com direito a muito sorvete doce de leite, alfajores e empanadas, delícias portenhas! :)
“O certo é que por bem ou por mal, os argentinos sempre dão um jeito de ser e fazer notícia. E são capazes de virar a página da história com a rapidez de quem parece viver on-line” – página 43
“Melhor do que dizer, é fazer. Melhor do que prometer, é realizar” – página 130.
“O melhor sempre parece estar por vir”. – página 273
Um pouco sobre as autoras: Marcia Carmo é jornalista carioca e mora em Buenos Aires. Trabalhou nas principais redações do Rio e de Brasília. Escreve para a BBCBrasil, cobrindo países da América do Sul, e é a editora do site Clarín em Português. Monica Yanakiew é correspondente da EBC em Buenos Aires, já fez reportagens para O Globo, TV Globo, O Estado de S.Paulo, Jornal do Brasil, Gazeta Mercantil e Philadelphia Inquirer
Taí uma coisa que por mais que as pessoas falem, tanto EUA como a Argentina tem e são bem diferentes dos brasileiros, que eu acho deveriamos ter. Patriotismo. Pode estar tudo errado mas eles lutam para melhorar e não deixam de idolatrar o país deles. Aqui no Brasil as pessoas só são patriotas em época de Copa do Mundo. Muito triste.
ResponderExcluirFiquei curiosa com o livro!
Bjs
Ao contrario de você não sou muito fã da Argentina, não tem um motivo especifico, acho que é a velha rivalidade do futebol (e olha que nem de futebol eu gosto kkkkk), até tenho vontade de conhecer, mas tem outros lugares que quero ver primeiro. Concordo com a Bel Sanz, acho o patriotismo deles lindo.
ResponderExcluirBjs
Também um fanatismo por idioma, só que o especificamente pelo Inglês... Ai, que invejinha!!! Você acredita que eu nuca saí do Brasil. =( Na verdade, pelo menos por enquanto, não tenho como sair daqui... Trabalho, família. essas coisas são meio que um empecilho pois sempre tem alguém que tem outra viagem como plano para as férias então é aquela história ou vai todo mundo para o mesmo lugar ou não vai ninguém. Que tédio! Mas tem esperança que um dia eu consigo "provar" um pouco dessas maravilhas de lá.
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