Nome Original: Dear Martin
Autora: Nic Stone
País de Origem: Estados Unidos
Tradução:
Número de Páginas:
Ano de Lançamento: 2020
ISBN-13: 9788551006658
Editora: Intrínseca
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Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 94° livro lido em 2021 e foi Cartas Para Martin (Nic Stone).
O livro nos traz Justyce McAllister, um adolescente negro com um futuro brilhante pela frente. É um dos melhores alunos de uma escola de elite em Atlanta, tem uma mãe amorosa e um melhor amigo exemplar, mas as coisas mudam quando ele se vê no chão, algemado, apenas por ser negro e tentar ajudar a ex-namorada bêbada.
Após o episódio de violência policial que sofreu, o jovem começa a ver as coisas de uma forma diferente. Justyce começa a perceber todas as injustiças e violências causadas pelo racismo e isso começa a pesar no coração do garoto. Por isso, ele começa o projeto “Cartas para Martin”, onde escreve cartas para Martin Luther King com a pergunta: “O que Martin faria?” com a intenção de se tornar uma pessoa melhor e não sentir mais tanta raiva pelos atos de racismo.
Vou começar dizendo que esse é um livro necessário para todo mundo e explicar o motivo. Em pleno 2021, ainda vivemos em uma sociedade muito preconceituosa e cheia de julgamentos para com os negros. A violência é diária, seja por policiais ou civis. É verdade que nos últimos meses, muitas ações foram noticiadas pela mídia, mas não devemos esquecer que existem muitas outras, escondidas e que acontecem todos os dias.
“Pode até não haver mais bebedouros separados para as pessoas “de cor”, e racismo hoje em dia é crime, mas, se eu ainda posso ser forçado a sentar no chão de concreto com algemas apertando meus pulsos mesmo sem ter feito nada errado, é bem óbvio que temos um problema. Que a sociedade não é tão igualitária quanto as pessoas gostam de dizer.”
Quero dizer que como mulher, sei o que é andar na rua e ter medo e receio do que pode acontecer. Não vou dizer que entendo o que Justyce e outros personagens passam porque não sei e acho necessário que todos leiam e entendam o que isso representa na vida das pessoas.
A obra relata o racismo visto pelos olhos de um negro que depois de viver por anos em uma comunidade, tem a oportunidade de frequentar um colégio referência, em sua maioria branca. Um negro de periferia em um mundo de pessoas brancas e ricas, essa é a vida de Justyce.
Como melhor amigo de Justyce, há Manny, um dos únicos negros da escola, que sempre conviveu com pessoas brancas. É interessante ver que por causa da sua posição social, Manny foi protegido de muitas coisas. Assim como é impactante ver quando finalmente a ficha do personagem cai e tudo o que acontece tanto na vida dele quanto na de Justyce. A amizade dos dois é algo muito bonito e um dos grandes trunfos do livro.
Outra pessoa presente na vida de Justyce é Sarah-Jane ou SJ, sua dupla em debates. Uma menina forte e que busca defender as pessoas de injustiças que possam ocorrer, além de tentar mostrar para algumas pessoas no colégio que o racismo existe e é real. É interessante ver a dinâmica da relação de Justyce com SJ, como a amizade deles se deu e evoluiu, além de todos os receios que ele tem com ela, não por SJ, mas sim pela mãe dele conhecendo a garota.
A leitura foi rápida, apesar de não ser fácil. Digo isso porque há uma carga emocional bem forte. Em vários momentos da leitura, tive que parar e respirar, simplesmente porque ficava pensando que apesar de ser uma história de ficção, o racismo e a violência retratados são bem reais e acontecem todos os dias. Não podemos fechar os olhos para isso.
“Cartas para Martin” traz mensagens maravilhosas para todos. Como por exemplo, a de que nunca é tarde para repensar suas ações. Temos acontecimentos muito fortes na história e que ao final, fazem com que alguns personagens repensem suas vidas. Acredito fortemente que o importante é aprender e se redimir e que a vida é uma escola diária.
Eu gostei muito!
Um pouco sobre a autora: Nic Stone nasceu e cresceu em um subúrbio de Atlanta, Geórgia. Depois de formar pela Spelman College, ela trabalhou extensivamente orientando adolescentes e viveu durante um tempo em Israel, antes de retornar para os EUA e se dedicar à escrita integral. Ela mora em Atlanta com o marido e os filhos. Cartas Para Martin é o seu único livro publicado no Brasil.