FILME DA VEZ #135 Barbie

quarta-feira, 26 de julho de 2023

Título Original: Barbie
Ano de Produção: 2023
Lançamento no Brasil: 20 de julho de 2023
Duração: 114 minutos
Gênero: Aventura, Comédia e Fantasia
País de Origem: Estados Unidos da América
Classificação Etária: 12 anos
Direção: Greta Gerwig 
Elenco: Margot Robbie, Ryan Gosling, Alexandra Shipp, America Ferrera, Ana Cruz Kayne, Ariana Greenblatt, Connor Swindells, Dua Lipa, Emerald Fennell, Emma Mackey, Hari Nef, Helen Mirren, 
Issa Rae, Jamie Demetriou, John Cena, Kate McKinnon, Kingsley Ben-Adir, Michael Cera, Ncuti Gatwa, Nicola Coughlan, Rhea Perlman, Ritu Arya, Sharon Rooney, Simu Liu, Will Ferrell.
Sinopse: No mundo mágico das Barbies, "Barbieland", uma das bonecas (Margot Robbie) começa a perceber que não se encaixa como as outras. Depois de ser expulsa, ela parte para uma aventura no "mundo real", onde descobre que a beleza está no interior de cada um.
Oi gente que ama livros, hoje trago para vocês os meus comentários sobre Barbie, produção da franquia de sucesso.

Como marca, Barbie é uma das mais poderosas do planeta. É difícil achar quem nunca tenha ao menos ouvido falar na boneca que foi lançada em 1959 e, desde então, ganhou centenas de versões, profissões, roupas e acessórios – e, claro, foi vendida aos milhões. Por isso mesmo, a empreitada de levar às telas uma história da Barbie não era sem risco; mexer com uma marca que tem por trás uma grande corporação como a Mattel poderia esbarrar em um sem-número de restrições e vetos; felizmente, não é o caso do filme dirigido por Greta Gerwig e produzido e estrelado por Margot Robbie.


No roteiro hábil de Gerwig e seu parceiro Noah Baumbach, Barbie é, em seu cerne, uma aventura de amadurecimento que opõe a ingenuidade e a perfeição da Barbielândia – o local onde moram todas as Barbies (e os Kens) – aos conhecidíssimos problemas do sexismo no mundo real, no qual a Barbie de Robbie e o Ken de Ryan Gosling vão parar quando a boneca começa a “dar defeito”, como ter pensamentos intrusivos sobre a morte.

Falar de mortalidade e existencialismo pode soar deslocado para um filme-de-marca, mas não há nada nessa premissa que os dois roteiristas não encaixem de forma orgânica na trama, que segue caminhos tão inesperados quanto lógicos; os efeitos da interação Barbielândia-mundo real, afinal, fazem muito sentido, mas talvez não sejam o que o espectador espera – e que a Warner Bros. tenha conseguido manter a trama cheia de ideias de metalinguagem em relativo segredo em meio à massiva campanha de lançamento é um grande ganho.


Para fins desta crítica, basta dizer que Barbie tem comentários afiadíssimos e inteligentes sobre a dinâmica entre homens e mulheres ao longo dos tempos e também sobre como esses papéis sociais são vistos e problematizados hoje em dia. E o filme o faz com um grande coração: a história é genuinamente divertida, com um humor que passeia entre a acidez e a inocência, mas também emociona com a jornada existencial de seus protagonistas, reservando momentos tocantes e provocando reflexões, especialmente em sua reta final.

O deboche é o grande aliado de Gerwig e Baumbach para tratar não apenas do sexismo mas também da questão “corporativa”. Não será estranho se você se pegar pensando “como a Mattel deixou esse filme ver a luz o dia?”, embora seja necessário reconhecer que, no fim, isso não deixa de ser um serviço à empresa, certamente beneficiada pela imagem que tal decisão passa. Rir de si mesmo, no fim das contas, parece ser um pré-requisito para estabelecer uma comunicação com uma geração jovem de consumidores que associa seus hábitos de consumo com um olhar crítico sobre o próprio consumismo.


Em muito ajuda, claro, que Margot Robbie e Ryan Gosling se entreguem aos seus papéis com atuações carregadas de autenticidade, para além da vocação do filme para a ironia e a autorreferência. Robbie confere doçura e sinceridade a sua “Barbie estereotipada”, retratando com sensibilidade seu despertar. Gosling, por sua vez, rouba a cena; seu Ken é simultaneamente responsável por alguns dos momentos mais dramáticos e mais hilários do filme – e, nestes últimos em particular, o ator retoma um timing cômico de tirar o chapéu, como havia mostrado em filmes como Dois Caras Legais (2016).

Dentre o numeroso elenco coadjuvante do filme, Simu Liu diverte com a rivalidade que seu Ken nutre pelo de Gosling; Kate McKinnon, oriunda do Saturday Night Live, traz para sua “Barbie esquisita” um humor mais seco que cai bem em contraste com a perfeição da Barbielândia; e cabe à Glória de America Ferrera, uma das poucas humanas da história, ser o centro emocional – ela, afinal, também tem suas próprias questões sobre seu lugar no mundo e sua relação com a filha adolescente.


Dar lastro a um filme que poderia se perder na paródia de si mesmo não depende apenas de um elenco bem escolhido: o mundo cor de rosa criado pela direção de arte se faz muito palpável, e tudo ali parece distribuído e posicionado com propósito – um bem-vindo contraste no meio da epidemia de efeitos visuais turvos e indistinguíveis entre si que assola outros blockbusters. Tudo na Barbielândia remete a brinquedos muito conhecidos da boneca: as casas sem paredes, os carros pink, as escovas desproporcionais, as caixas com roupas… É um conjunto que se presta ao fan service para quem se importa com isso, e ao mesmo tempo situa muito bem o universo artificial dessa fantasia que está, a cada instante e sem descanso, esboçando um olhar analítico sobre si mesmo.

E é nessa mistura do encanto nostálgico com a inventividade e o humor que o filme cativa. A Barbie, esse ícone tão cultuado quanto criticado, não é posta em um pedestal, tampouco achincalhada; ela ganha uma história deliciosa e esperta, que a atualiza e a humaniza e, principalmente, que diverte. 

Eu amei!

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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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