Nome Original: Tenda dos Milagres
Autor: Jorge Amado
País de Origem: Brasil
Número de Páginas: 337
Ano de Lançamento: 1969
ISBN-13: 9788535912906
Editora: Record
Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 90º livro lido em 2020 e foi Tenda dos Milagres (Jorge Amado). Meu amor pelo autor só aumenta e claro que eu só ficarei em paz depois de ler a maioria de seus livros.
O livro nos traz Pedro Archanjo que é os olhos de Xangô, o pai do povo deserdado da Bahia. Dos negros, dos mestiços, da gente pobre. Rei do terreiro, dos afoxés, chamego das mulheres, amigo, confidente e conselheiro de todos que o procuram. Pedro Archanjo é o mentor da Tenda dos Milagres, uma casa de saber, uma oficina de impressão, uma casa de espetáculos, enfim quase uma universidade popular assentada na ladeira do Tabuão.
A narrativa de Tenda dos Milagres se dá em dois tempos entrelaçados ao longo da história. O tempo presente, aquele em que o autor escreveu o romance, idos de 1969, relata a chegada de um estrangeiro ao Brasil, cujo propósito era conhecer a terra de Pedro Archanjo, autor de livros que ele admira, e que até então era um ilustre desconhecido de todos nós.
O estrangeiro causa alvoroço ao elogiar tão intensamente Archanjo, suficiente para pôr toda a imprensa na busca de informações sobre o personagem que logo se torna objeto de estudo dos eruditos de plantão e foco de não sei quantas homenagens de políticos oportunistas. É impossível não ver nessa passagem a ironia do autor, ao registrar nossa cultura colonizada, tão suscetível aos arroubos de qualquer olhar estrangeiro.
Num outro tempo (começo do século XX) está Pedro Archanjo e sua Tenda dos Milagres. Um mestiço, intelectual autodidata, sem formação acadêmica, mas forjado pela vida, pela vivência das ruas, pelo convívio com seu povo. Um místico, envolvido e digno representante do sincretismo religioso da Bahia, mas ao mesmo tempo uma inteligência racional a serviço de uma causa: a defesa da mestiçagem das raças como elemento de combate ao racismo e a elevação da cultura negra.
Mas Archanjo é também o amigo fiel, capaz de abdicar em favor daqueles que ele ama como a negra Rosa, mulher para muita competência, conforme descreve o autor. Paixão sublimada, mas insuficiente para impedir que Pedro seja um homem de muitos amores, como atestam Kirsi, Sabina, Rosália, Dedé e tantas outras que ficaram pelas ladeiras de sua memória.
Figura central do romance, Pedro Archanjo é um herói combatido pelo poder constituído, mas amado por muitos. Um digno personagem da extensa galeria de tipos da obra de Jorge Amado. Um ser encantado, que permanece imortal nas dobras das lendas criadas pela cultura popular e tão bem retratadas pelo autor.
Dizem que Tenda dos Milagres era o livro preferido de Jorge Amado. Difícil dizer agora que ele não está mais aqui para confirmar. Mas é certamente um livro de sua maturidade como ficcionista. Um livro em que ele consegue aliar a denúncia social, que sempre permeou sua obra, a uma prosa corrente, de saborosa leitura, onde os tipos tão característicos de seus personagens parecem que estão até hoje a nos espreitar em cada beco, em cada ladeira do centro de Salvador.
Eu amei!
Um pouco sobre o autor: Um pouco sobre o autor: Jorge Amado é um dos mais famosos e traduzidos escritores brasileiros de todos os tempos. Sua obra literária foi adaptada para cinema, teatro e televisão, além de ter sido tema de escolas de samba por todo o Brasil. Seus livros foram traduzidos em 55 países, em 49 idiomas, existindo também exemplares em braille. Ele é o autor mais adaptado da televisão brasileira. Amado foi superado, em número de vendas, apenas por Paulo Coelho mas, em seu estilo - o romance ficcional -, não há paralelo no Brasil. Em 1994 viu sua obra ser reconhecida com o Prêmio Camões, o Nobel da língua portuguesa. Alguns de seus livros publicados são:
• Tieta do Agreste
• Gabriela, Cravo e Canela
• Teresa Batista Cansada de Guerra
• Dona Flor e Seus Dois Maridos
• Tenda dos Milagres
• Mar Morto
• Capitães de Areia