O Perfume da Folha de Chá (Dinah Jefferies)

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Ficha Técnica:
Nome Original: The Tea Planter's Wife
Autora: Dinah Jefferies
Tradução: Alexandre Boide
País de Origem: Inglaterra
Número de Páginas: 432
Ano de Lançamento: 2017
ISBN-13: 9788584390465
Editora: Paralela

Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 63º livro lido em 2018 e foi O Perfume da Folha de Chá (Dinah Jefferies). Quando este livro foi lançado no ano passado eu fiquei interessada por ser um romance de época que se passa no oriente, porém, o que mais me chamou a atenção foi que uma amiga minha que não tem o hábito da leitura o leu em apenas dois dias e isso me deixou muito interessada no enredo. Somado a isto, muitas pessoas estavam elogiando a história, então, mesmo que demorasse um pouco, eu sabia que tinha que fazer esta leitura.

O livro nos traz a Gwendolyn Hooper, uma jovem britânica recém-casada, que segue para o Ceilão (Sri Lanka), país colonizado pelo Reino Unido e onde seu marido Laurence é dono de fazendas que produzem chá. Gwen está apaixonada e feliz com a nova vida que terá, mesmo tão distante de sua família e de sua cultura, mas assim que ela chega na sua nova terra, começa a perceber que nada será fácil. A começar do calor intenso que faz ali e de perceber as diferenças sociais que estão estabelecidas no local. O povo colonizado trabalha de forma submissa para os colonizadores, ainda que muitas tensões e injustiças existam o tempo inteiro.

Porém, o foco narrativo do livro se dará na vida que Gwen terá ali. Quando ela se casou com Laurence, sabia que ele era viúvo, mas ele nunca compartilhou com ela as condições em que a primeira esposa morreu. Com o passar das semanas na nova casa, ela começa a descobrir que a vida do seu marido é cercada de mistérios e segredos. Gwen sente muita dificuldade de se adaptar a nova vida, desde a dificuldade em se comunicar com os empregados até com a distância que o marido impõe entre os dois e inevitavelmente, Gwen se sente carente, sozinha e acaba se aproximando da sua aia, a Navena, uma serviçal que embora saiba guardar os segredos do patrão, também se mostra uma confidente de Gwen.

Na primeira parte do livro, Gwen toma uma decisão levada pela emoção e pelo medo que lhe jogará em uma teia de mentiras sérias e dramáticas e grande parte da narrativa se desenvolverá em Laurence jamais desconfiar do que ela fez, bem como ela ter que viver com a culpa e a incerteza. 

Todo o cenário do livro é original e muito bem descrito pela autora. Ela fala das cores da vegetação, dos odores das plantações de chá e do sabor exótico das comidas com riqueza de detalhes. Em várias partes do livro eu me peguei aspirando forte para ter a mesma sensação que os personagens estavam tendo no enredo. E em outros, minha boca salivava para experimentar as iguarias que eram servidas nas festas e jantares suntuosos da história, porém, o que mais teve poder sobre mim foi o medo constante que o segredo de Gwen fosse descoberto por Laurence ou por alguém que pudesse contar para ele. 

E isso foi contraditório para mim porque eu julguei fortemente a atitude de Gwen, mas, ainda assim, não queria que ela fosse descoberta e que por consequência disso, massacrada pelas pessoas. Na minha opinião, toda a tristeza que ela enfrenta ao longo da história foi o castigo que mereceu pelo que fez e conforme o final se aproximava e eu soube que ela não ficaria com aquilo apenas para ela, minha apreensão foi se multiplicando.

Sinceramente, eu achei o final muito corrido para a gravidade de toda a problemática, mas, ainda assim, gostei de ver como a autora trabalhou com os sentimentos e como o perdão foi abordado de forma adulta dentro da trama.

Além de uma narrativa rica em diversos aspectos, tenho que ressaltar a ambientação história que o livro traz. As relações de trabalho, bem como o cenário de exploração que o ocidente estabeleceu na Ásia foi trazido para dentro da história com referências bem inseridas. Sem perceber, descobri fatos históricos dentro da trama que eu desconhecia totalmente e até fatos muito bem explorados como a quebra da bolsa de Nova York em 1929 teve sua atenção dada no livro.

A trama me conquistou do começo ao fim. O romance é maduro e consistente, mas além disso temos uma discussão forte sobre racismo, perdão e superação muito bem desenvolvidos. Eu não concordei com as atitudes dos personagens em muitas situações, mas me envolvi intensamente com os protagonistas e torci o tempo inteiro para que as coisas se esclarecessem da melhor forma para todos. Foi um livro que me incomodou, me emocionou e despertou em mim o desejo de conhecer lugares que pouco aparecem em livros deste gênero.

Para quem gosta de romance de época, este livro tem uma pegada mais histórica e carregada de drama dos que os romances de época que estamos acostumados, porém ainda assim, vale cada parágrafo lido.

Eu adorei.


Um pouco sobre a autora: nasceu na Malásia e se mudou para a Inglaterra com nove anos. Trabalhou com educação, viveu numa comunidade e realizou obras como artista plástica. Seus livros publicados no Brasil são: 

  • O Perfume da Folha de Chá
  • Antes da Tempestade
Comentários
6 Comentários

6 comentários :

  1. Olá!
    Essa autora tem uma escrita muito madura e em meio a narrativa nos deparamos com personagens que nos envolvem, além de conhecermos mais de outras culturas e ainda assim temos uma abordagem que se destaca e nos faz refletir.
    Beijos!

    Camila de Moraes

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  2. Oi, Ivi.
    Me lembro de ter ficado curiosa para ler esse livro, mas depois li uma crítica bem pesada sobre ele e fiquei meio insegura. Agora, depois de ler a sua resenha, acho que vou dar uma chance a ele!
    beijos
    Camis - blog Leitora Compulsiva

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  3. Oii!
    Desde que minha colaboradora resenhou esse livro eu fiquei com muita vontade de ler. A princípio só de ler a sinopse não tinha me interessado, mas saber mais sobre o que esperar da leitura me deixou bem empolgada. Gosto de toda essa carga dramática, e acho que vou gostar muito da história.
    beijos

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  4. Parece mesmo uma trama riquíssima em detalhes e ambientação! Tenho o livro na estante há pelo menos um ano, presente de uma colega, mas ainda não li... Espero conseguir em breve, pois sua resenha me deixou ainda mais interessada :D Adorei o post!
    Beijos

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  5. Oi Ivi,
    Sempre leio coisas boas sobre este livro, mas não sei se é pra mim. São poucos os Romances de Época que gosto. Gostei muito da sua resenha, mas vou deixar a dica para quem realmente curte o gênero.
    Beijos,
    André | Garotos Perdidos

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  6. Eu achei esse livro ótimo, concordo com vc que a personagem teve algumas atitudes contraditorias e também torci por ela em alguns momentos.O mais interessante, porem foi a mudança de cenario que foge do que normalmente vemos nos livros desse estilo
    bjo

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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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