DEXTER - A MÃO ESQUERDA DE DEUS (Jeff Lindsay)

quarta-feira, 9 de julho de 2014


Sim, Dexter é aquele mesmo da série de TV, e eu sempre tive vontade de assistir a série mas sabendo que foi inspirada em um livro, tive que ir à procura do livro antes de assistir. Ler o livro antes de ver o filme já é comum para mim, sempre procuro fazer isso. E qual não foi minha surpresa em saber que o Dexter dos livros também era uma série. São sete livros e, apesar de ainda não ter lido todos, acredito que ainda está aberta a possibilidade do autor escrever mais livros.
A série na verdade foi baseada nesse primeiro livro. A TV pegou o personagem principal e sua história e a adaptou, não segue os livros à risca.
Na contracapa do livro está escrito: “Dexter Morgan é um educado lobo vestido em pele de ovelha. Ele é atraente e charmoso, mas algo em seu passado fez com que se transformasse em uma pessoa diferente. Dexter é um serial killer. ”
Quem já acompanha minhas resenhas já deve estar pensando: “Ah ta... já entendi porque ela leu esse livro. Tem serial killer. ” É verdade, esse fato já me chamou atenção para a história. Mas o mais determinante em encarar a leitura sabendo que são sete livros, foi o fato dele ser um serial killer diferente. Ele só mata quem merece. Antes de matar ele levanta toda a ficha do seu alvo e ao ter certeza de que é um assassino cruel e que está solto, com toda sua paciência e inteligência, Dexter fica na espreita até surgir o momento certo para eliminar sua “vítima”. E ele é um assassino limpo, criterioso e que não deixa rastros, e sabe como fazer isso muito bem uma vez que ele trabalha na polícia. Sim, Dexter é um perito da polícia de Miami, ele é analista de borrifos de sangue, com isso ele sabe como dar a volta nos investigadores da polícia diante de seus crimes. Não deixa rastros. Mata seus assassinos sem deixar uma única gota de sangue.
Na história desse livro, Dexter se depara com um assassino tão meticuloso como ele, uma pessoa que segue seu estilo e por isso incomoda e encanta a Dexter que vai fazer de tudo para encontrá-lo. O serial killer mata prostitutas em Miami, corta seus corpos, drena todo seu sangue e deixa mensagens que apenas Dexter compreende. Dexter passa a admirar o assassino, quer pegá-lo mas ao mesmo tempo não sabe se quer que ele seja preso. Dexter sente que existe alguma ligação entre eles dois, e quer descobrir qual é.
No decorrer de sua investigação, Dexter passa a duvidar que alguém possa, sem saber, seguir rigorosamente seu modus operandi, e com isso passa a pensar que talvez sua natureza tenha aflorado totalmente e que, na verdade, o assassino é ele próprio. Que o “passageiro das trevas” tenha tomado o seu lugar sem que ele consiga recordar e esteja cometendo esses crimes. Isso faz com que a leitura fique ainda mais emocionante e nos faça querer chegar logo ao final do livro para desvendar todos os mistérios. Dá até vontade de ir ler o final antes da hora, mas segura as pontas porque vale a pena ir junto com Dexter nessa investigação, passo a passo.
Como é o primeiro livro da série, o autor nos apresenta seus personagens e procura nos fazer entender seu personagem principal. Dexter é ambíguo. Ele é um assassino, quanto a isso não podemos ter dúvidas. É um serial killer uma vez que ele mata pessoas seguindo um mesmo ritual e tem um estímulo para fazer isso. Suas vítimas são outros assassinos, mas como Dexter usa para amenizar sua consciência (se é que ele a tenha), é que suas vítimas são assassinos mais cruéis já que matam pessoas inocentes. O mundo precisa ficar livre dessas pessoas, e Dexter está ai para ajudar com que isso aconteça.
A história é contada pelo autor de uma maneira lenta. O livro não é arrastado, enfadonho, mas é lento. Quem conta a história é o próprio Dexter, isso já faz com que não seja dinâmico uma vez que acompanhamos apenas a visão de um personagem. As memórias de sua vida, de como começou sua história, do seu relacionamento com o pai adotivo que ele acredita que foi o responsável por ele ser como é, não o fato de ser um serial killer, um assassino, já que isso ele acredita ser inato em sua vida, mas em ser meticuloso e limpo nos seus atos, em determinar muito bem suas vítimas e somente dar um fim em quem merece. Isso ele credita a seu pai, que ele acha que reconheceu sua natureza e sentiu que não teria como mudá-la, então o melhor seria lapidá-lo e fazer com que usasse sua natureza para algo do “bem”. E é seu pai também quem ensina como Dexter deve se relacionar com as pessoas, como aos olhos dos outros parecer ser uma pessoa normal e assim poder viver em sociedade.
Talvez pelo fato do livro ser contado pela visão de um personagem que acabamos não conhecendo tão profundamente os coadjuvantes. Todos os demais personagens passam sem uma exploração maior pela sua função na história, a não ser Harry, o pai adotivo de Dexter, do qual eu já comentei. Esse é o único coadjuvante um pouco melhor explorado e conceituado. Os demais são coadjuvantes, quase figurantes. Tem a namorada de Dexter e seus dois filhos, a irmã adotiva de Dexter, e seus colegas de trabalho. Como Dexter não poderia passar todo o livro sozinho, eles aparecem para fazer as ligações. Então não tem muito o que falar sobre eles.
Mas o livro se mantém sozinho com Dexter. Dexter é carismático, é verdade, nos apaixonamos por ele. Apesar de ser um serial killer, uma pessoa por natureza cruel, ele é engraçado, irônico, sarcástico e leve.... isso mesmo, ele é leve. Muitas vezes ele demonstra ser um garoto perdido, um garoto que não sabe como expor seus sentimentos, como demonstrar amor. Ele se auto define como sem coração, sem sentimentos mas no decorrer do livro podemos notar que não é bem assim. Afinal ele quer salvar o mundo, e quem sem coração iria se preocupar com isso?
“Lá pelas quatro e meia da manhã, o padre estava todo limpo. Eu me senti bem melhor. Era sempre assim, depois. Matar faz com que me sinta bem. Desfaz os nós do esmerado esquema sombrio do querido Dexter. É um suave relaxamento, um necessário abrir de todas as pequenas válvulas hidráulicas internas. Gosto do meu trabalho, sinto muito se o incomoda. Ah, sinto muito mesmo. Mas eis aí. E não se trata apenas de um assassino comum, claro. Tem que ser feito do jeito certo, na hora certa, com a pessoa certa; é bem complicado, mas muito necessário. ” (Pág. 20)
“Seja lá o que me fez ser do jeito que sou, deixou um buraco por dentro, incapaz de sentir. Não parece grande coisa. Tenho certeza de que a maioria das pessoas finge bastante no convívio diário com os outros. Eu apenas finjo completamente. Finjo muito bem e jamais sinto nada. Mas gosto de crianças. Jamais poderia ter filhos, pois não consigo nem pensar em sexo. Imagine fazer aquelas coisas... como é possível? Onde fica a sua dignidade? Mas as crianças são especiais. O padre Donovan merecia morrer. O Código de Harry fora cumprido, com a ajuda do Passageiro das Trevas. “ (Pág. 21) 



Um pouco sobre o autor: Jeff Lindsay é o pseudônimo do dramaturgo e romancista americano Jeffry P. Freunclich (nascido em 14 de julho de 1952), mais conhecido por seus romances sobre o psicopata justiceiro Dexter Morgan. Muitos de seus trabalhos anteriores publicados incluem sua esposa Hilary Hermingway como co-autora. Sua esposa é sobrinha do escritor Ernest Hemingway.
- Querido e devotado Dexter
- Dexter no escuro
- Dexter – Design de um assassino
- Dexter é delicioso
- Duplo Dexter
- Dexter em cena
Comentários
5 Comentários

5 comentários :

  1. Oiiiiiiiiiiiiiiiiii
    Nossa minha gente! Que história!
    Tenho umas amigas que adoram a série, mas nunca parei mesmo e dei uma chance pra conhecer...
    Valeu a dica!

    Beijinhos
    Sou eu... Pri!

    ResponderExcluir
  2. Eu estou querendo ler faz tempo esses livros, apesar da série não ser uma das minhas favoritas, acho que o livro vai me prender mais. Gostei de saber que não é enfadonha, vamos ver se uma hora consigo ler.

    Bjks
    Sam
    Biblioteca Empoeirada

    ResponderExcluir
  3. Oi, Bel!
    Como eu ainda não li o livro, e só tenho base a série mesmo, tenho a plena certeza que é uma história um tanto curiosa. Ela sim, nos deixa com muita expectativa a cada episodio. Se a série da TV faz isso, então acredito que o livro, a qual é percursor da história na TV, venha a me dar um brilho a mais, quanto a essa obscuridade da mente de Dexter.

    ResponderExcluir
  4. Quero ler faz um tempo os livros dá série, embora não tenha acompanhado a série de TV.
    As capas dos livros me chamam bastante a atenção e com essa não foi diferente.
    Parece ser uma trama bem envolvente!

    ResponderExcluir
  5. Não sabia que existia o livro sobre a série e nem que a série tinha sido baseada nele! Vi a série inteira! Foi uma das melhores que já, mas no final já foi meio que perdendo o rumo a partir da 5 temporada... Pelo que você descreveu do livro ele é exatamente igual a série, mas a série não é lenta e tbm da vida aos demais personagens por esse motivo acho que você irá gostar muito mais da série ;)

    ResponderExcluir

Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




.

Colunistas

sq-sample3
Kesy
sq-sample3
Kelly
sq-sample3
Laís

Facebook

Instagram

Lidos 2024

Filmes

Meus Livros

Músicas

Youtube


Arquivos

Twitter

Mais lidos

Link-me

Meu amor pelos livros
Todas as postagens e fotos são feitas para uso do Meu amor por livros. Quando for postado alguma informação ou foto que não é de autoria do blog, será sinalizado com os devidos créditos. Não faça nenhuma cópia, porque isso é crime federal.
Tecnologia do Blogger.