Oi gente que ama livros, hoje venho compartilhar com vocês os livros de não ficção de em 2021 e esse ano eu li vários de não ficção.
FRIENDS FOREVER – AQUELE SOBRE OS EPISÓDIOS (GARY SUSMAN, JEANNINE DILLON E BRYAN CAIRNS)
O livro traz detalhes e curiosidades sobre o seriado, bem como toda pré-produção, escolha do elenco, figurino e cenários em que por dez anos foram produzidos os episódios de uma das séries mais populares e inesquecíveis da televisão mundial. Organizados por capítulos intitulados pelas temporadas, temos acesso a detalhes que podem ter passado desapercebidos para o espectador e com isso, o livro nos aproxima de um programa que sempre morará no coração do fã.
ABUSO – A CULTURA DO ESTUPRO NO BRASIL (ANA PAULA ARAÚJO)
O livro traz o estupro como o fio condutor de uma narrativa não ficcional que esmiúça esse crime em suas mais variadas esferas e espaços, expondo uma violência que tem as mulheres em diferentes idades, classes sociais e níveis de informação como maior alvo. Com um olhar jornalístico e extremamente humano, a jornalista Ana Paula Araújo compartilha com o leitor uma pesquisa intensa de mais de quatro anos entrevistando vítimas e estupradores, bem como imergindo na lei para trazer um panorama abrangente de como esse crime que traumatiza, envergonha e põe em risco toda uma trajetória que poderia ser diferente caso isso não tivesse acontecido, deve ser combatido com leis mais severas, bem como mostrar uma sociedade que ainda culpabiliza as vítimas por questões machistas e retrógradas.
O livro é uma obra de não-ficção, um estudo sobre o desejo feminino apresentado na forma de três narrativas. Em capítulos intercalados, a autora conta as histórias de Lina, Sloane e Maggie. As histórias narradas em terceira pessoa do ponto de vista de cada uma das mulheres, focam em relacionamentos específicos e abarcam boa parte da infância e juventude delas. No momento do relato, Maggie tem 23 anos, Lina está na casa dos 30 e Sloane tem cerca de 42 anos.
O livro nos traz Tara e sua família vivendo no interior de Idaho. A história de Tara começa de onde ela lembra e o livro reúne vários relatos que aos poucos mostram a realidade de sua família: o pai nos é apresentado como rígido e de uma fé implacável até entendermos como Tara que ele tinha transtornos emocionais bem incisivos. Por sua vez, a mãe sempre tenta minimizar os males e se mostra controversa em todas as situações, o que nos confunde muitas vezes, pois não entendemos de fato quem é essa mulher, além de mais uma vítima daquela contingência, assim como os vários irmãos que lidam de diferentes formas com esse convívio. A infância de Tara foi muito além da convivência com um pai fanático religioso. Foi infância de privações: nada de escola ou hospitais, pouquíssimo convívio com o mundo além do vilarejo da montanha onde vivia e uma realidade de trabalho duro e eterna oposição ao governo, fosse ele quem fosse.
O livro nos traz o desaparecimento do menino Evandro Caetano, de 6 anos, em abril de 1992 na cidade litorânea de Guaratuba, no Paraná. Nesta época, várias crianças estavam desaparecidas e Evandro foi mais uma delas, mas seu caso pareceu mais que um sequestro, pois dias após o desaparecimento, seu corpo foi encontrado com sinais extremos de violência – subtraíram alguns dos órgãos internos, mãos, pés, olhos e todo o couro cabeludo – mas ainda assim o pai foi capaz de reconhecer o corpo em função de um sinal de nascença nas costas de Evandro. Uma investigação foi instaurada e em julho do mesmo ano aconteceu a primeira grande reviravolta no caso: a polícia concluiu que o crime havia sido cometido em um ritual de satanismo feito pela esposa do prefeito da cidade, sua filha e mais cinco pessoas envolvidas em uma religião que praticava esse tipo de rito. Dos sete acusados, cinco confessaram o envolvimento no assassinato de Evandro e dois não. Isso causou uma comoção popular imensa pela revolta contra a família do prefeito, porém a segunda reviravolta acontece quando as duas principais acusadas são ouvidas pelo juiz e bem como os outros que haviam confessado, dizem que haviam sido torturados para confessar.
Suzane Louise Olberg das Dores ou Louise das Dores. Muita gente nunca ouviu falar nela, mas descobrirá em meio a tantas outras revelações, que essa é a nova identidade com que uma das assassinas mais famosas do Brasil deve se apresentar depois do casamento com um marceneiro do interior de São Paulo. Seu nome verdadeiro é Suzane von Richthofen – criminosa de classe média alta que mandou matar pai e mãe para herdar os bens e viver uma suposta história de amor. Ela é a personagem central deste livro.
O feminicídio é um problema global. Em um único mês no Brasil, é capaz de termos mais de 100 casos notificados de mulheres que foram assassinadas por maridos, ex-companheiros, namorados, irmãos e desconhecidos. Nascer mulher é um fator de risco em vários lugares do mundo, e em conjunto, vivemos sob a expectativa terrorista do medo. Mesmo quando solucionados, esses crimes permanecem no imaginário coletivo das mulheres, servindo de alerta para o fato de que não estamos seguras nem dentro de nossas próprias casas.
Este é um livro necessário. Esta é a primeira informação que você deve saber sobre Pequeno Manual Antirracista. Necessário para quem? Para todos. Principalmente para pessoas não negras e aquelas que possuem privilégios e muitas vezes não sabem ou não reconhecem. Dito isso, muito além das minhas impressões sobre o livro, esta resenha tem o objetivo de incentivar você a lê-lo. Espero que você faça isso rapidamente.
O livro inicia-se com o prefácio intitulado “A Saga do Camarão”, no qual o escritor, mesclando humor e seriedade por meio da metáfora do desaparecimento real do artrópode, nos conta como nasceu a proposta da narrativa. Vale ressaltar o conflito inicial em relação à escrita da obra, em que Lázaro admite o receio de problematizar a questão racial.
O livro nos traz o Pedro, jovem negro que estuda arquitetura. Seus pais, Martha e Henrique, também negros viveram uma relação conturbada até o dia que se separaram e Pedro passou a ter menos contato com seu pai. A relação com a mãe não é das melhores e, apesar da distância do pai, sempre se remete a ele com muito afeto. É Pedro quem nos narra sua história, na verdade, nos narra a história de seus pais e, através dela, insere a sua.
O que Pele Negra, Máscaras Brancas, de Frantz Fanon, nos convida a pensar e fazer? Uma maneira de começarmos um livro, assim como terminá-lo, é refazer as perguntas do autor. De um modo mais geral, Fanon faz um convite explícito para interrogarmos como a violência dos processos de colonização e racismo faz que a humanidade das pessoas negras seja rasurada. Na busca pela nossa humanidade, o racismo impõe às pessoas negras, máscaras brancas. De acordo com Fanon, nessa relação de opressão e violência sistemática e cotidiana, as pessoas brancas também estão desumanizadas. Tema que continua bastante atual no Brasil, ainda mais no momento em que vivemos, de lutas antirracistas e questionamento dos privilégios da branquitude.
Com um título intrigante que possivelmente deixaria muitos desconfortáveis, o livro foi escrito entre 2014 e 2017, em meio a muita pesquisa e reflexões da jornalista após a postagem de um texto de mesmo nome e as repercussões em seu blog.
Silvio Almeida é um filósofo, jurista, professor e pesquisador. Por ser um homem de grande repertório e estudo, conseguiu condensar uma grande quantidade de referências bibliográficas de forma sintética e acessível neste livro sem diminuir o grau de complexidade do assunto. Aliás, importante salientar que o livro funciona também como um guia e/ou fonte de pesquisas que visam se estender sobre o assunto – sendo que o próprio autor aborda brevemente este aspecto, buscando motivar mais pesquisas nas áreas de direito, economia, psicologia social, etc.
Estes foram os livros de não ficção que li em 2021 e a grande maioria foi de grande aprendizado. Quais foram os livros de não ficção que você leu em 2021? Deixe nos comentários os que mais gostou para eu incluir na minha lista de leituras de 2022.
Beijos