Uma Vida Pequena (Hanya Yanagihara)

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

FICHA TÉCNICA
Nome original: A Little Life
Autora: Hanya Yanagihara
Tradução: Roberto Muggiati
País de origem: Estados Unidos
Número de páginas: 784
Ano de Lançamento: 2015
ISBN-13: 9788501071545
Editora: Record

Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 61º livro lido em 2020 e foi Uma Vida Pequena (Hanya Yanagihara). Sempre vi a capa deste livro pelas redes sociais, mas por achá-la horrorosa, nunca me interessei pelo livro até que esse ano assisti uma resenha dele e fiquei muito curiosa pelo enredo e decidi encarar as 784 páginas deste calhamaço.

O livro nos traz Jude, Willen, Malcom e JB que se conheceram na faculdade e se tornaram bons amigos. O livro começa quando eles precisam encontrar um novo apartamento barato para morar, não podem se dar ao luxo de gastarem muito pois estão começando a vida profissional e encontram um imóvel que se encaixa nesse requisito na rua Lispenard em Nova York. A partir deste momento em que conhecemos a interação inicial entre os quatro jovens entendemos quem é quem. Willen é um rapaz bonito que sonha em se tornar ator, vem de uma família de origem escandinava e é ótima pessoa. Malcon é arquiteto, o único que vem de uma família que vive de forma confortável financeiramente. JB é negro, difícil, um pouco sem noção e artista plástico. As primeiras páginas do livro nos levam a acreditar que teremos a história destes quatro jovens no decorrer do enredo, mas em um dado momento, percebemos que Jude é o protagonista da narrativa e os outros orbitarão ao redor dele.

Jude tem uma deficiência nas pernas e muita dificuldade em se locomover. Fala muito pouco sobre seu passado e é sempre muito discreto sobre si mesmo. Quando percebemos as motivações do personagem, nosso coração fica apertado.

O livro traz uma história intensa e muito cruel sobre abandono e violência. Temos a descrição gráfica de abuso infantil, pedofilia, espancamento, estupro, suicídio e muitas, muitas cenas de automutilação. A leitura é difícil e sofrida, mas por mais complexa que seja, eu não conseguia ficar longe do livro, o devorei mesmo sendo imenso e passei as últimas 80 páginas chorando sem parar.

O livro é intensamente triste e violento. A forma como nos apegamos aos personagens nos faz sofrer ainda mais porque a todo momento desejamos que aquela sequência de infortúnios tenha fim e isso não acontece. Sinto-me na obrigação de dizer que o livro é triste do início ao fim e ainda que exista uma parte dele com o título de Tempos Felizes, essa felicidade é temperada com lembranças de tempos horríveis e o passado não dá trégua ao personagem.

Fiquei muito envolvida, o que resultou em uma melancolia imensa quando e da forma em que o livro termina. Sem uma narrativa linear, passeamos entre o presente e o passado dos personagens, temos acesso aos seus medos e tristezas mais intrínsecas. Dessa forma, sentia como se os conhecesse e me compadeci deles o tempo todo.

Não é um livro para todo mundo, essa é a única certeza que tenho, mas a experiência de leitura foi tão visceral e forte que procurei pessoas que o tivessem lido nas redes sociais para conversar sobre ele e assim descobri o quanto o livro é extremamente popular fora do Brasil. Existem contas no Instagram dedicadas ao livro e o endereço na rua Lispenard se tornou um ponto turístico em função desta história. Camisetas, bonés, bolsas e uma infinidade de objetos levam a estampa do nome dos personagens e diversas pessoas tatuaram frases do livro em uma homenagem direta, o que prova que muitos se afeiçoaram ao enredo como eu e também desejaram que cada um dos personagens tivesse o seu final feliz.

Eu amei a leitura e, sem dúvida, o livro se tornou um dos meus favoritos da vida. Se você gosta de drama e não tem gatilhos com os temas que abordei acima, recomendo a leitura porque a experiência pode ser muito positiva, ainda que a história seja extremamente triste.

Amei!!!


Um pouco sobre a autora: Hanya Yanagihara nasceu em Los Angeles, Califórnia, sendo filha de pai havaiano e mãe coreana. Quando criança, mudou-se frequentemente com sua família, morando no Havaí, Nova York, Maryland, Califórnia e Texas. Publicou seu primeiro romance em 2013, mas só ficou mundialmente conhecida em 2015 com a publicação de Uma Vida Pequena, livro que a levou a ser indicada para os maiores e mais prestigiados prêmios internacionais da literatura. No Brasil, este é o seu único livro publicado.
Comentários
8 Comentários

8 comentários :

  1. Ivi!
    Com certeza não se trata de uma leitura fácil, e o leitor precisa pegar pra ler essa obra na hora certa, tendo em vista os temas complexos que são abordados de forma totalmente explícita e gráfica.
    Por outro lado, a construção de cada um desses personagens parece ser extremamente aprofundada, e por conta disso é impossível não se apegar. O final não parece ser feliz, e imagino que isso torna a experiência ainda mais marcante.
    Eu gosto dessa capa! Acho ela peculiar, e o cunho é artístico me lembra muito exposições contemporâneas dos museus de São Paulo.
    Beijos.

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  2. Ivi,
    Esse se tornou provavelmente o meu livro favorito da vida, porque nunca me impactei tanto quanto com essa história. Li mais no início do ano, no Kindle Unlimited, e até hoje fico pensando nos personagens e em tudo o que aconteceu ):
    Amei a sua observação sobre informar sobre os gatilhos e reforçar que não é um livro para qualquer um. Apesar de eu ter amado, é uma experiência muito dolorosa e delicada!
    Beijos, Fantasma Literário

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  3. Olá Ivi!
    Algumas pessoas julgam os leitores que preferem uma história mais leve, mas eu realmente não me sinto confortável lendo sobre certos temas, porém reconheço a importância deles. Nunca tinha ouvido falar do livro Uma vida pequena (vamos combinar que a capa é horrível mesmo, mas faz jus à história). Não me espanta ele não ser famoso por aqui, afinal os brasileiros são os últimos a saberem das coisas kkk. Vou anotar a dica para quando estiver mais madura e enfim ter coragem de encarar os temas pesados.
    Beijos

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  4. Oi, oi, Ivi!

    Participo de alguns grupos de leitura e esse livro é um dos mais falados. Eu não sei nem explicar, mas a capa desse livro me dá uma sensação MUITO ruim, de nó no estômago e desconforto. Quando aqui no Brasil começou a falar sobre esse livro, eu corri pra ler a sinopse e embora tenha curiosidade, não tenho coragem de ler um livro tão grande como esse. Acho, sinceramente, que abandonaria. Por isso mesmo, acabei vendo MUITAS resenhas sobre ele e é incrível como a maioria das impressões são parecidas. Muitas pessoas amaram, justamente porque é um livro que te faz sentir esperança, mas ela logo acaba, porque no instante seguinte acontece algo de ruim. Não entendo muito bem qual sentido de fazer uma história tão desgraçada, mas né... de certa forma tocou as pessoas. Haha Vi uma resenha, não lembro ao certo de quem, que a pessoa leu um trecho do livro em que o Willen fala coisas muito bonitas para o Jude e depois disso fiquei meio que tentada a ler.

    A propósito, essa capa tem um fato curioso: o nome da fotografia é Orgasmic Man

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  5. A primeira coisa que pensei quando vi esse livro, foi que a capa era muito feia e, como você, acabei não me interessando pela leitura (eu nunca leio a sinopse, então não sabia do que se tratava). Mas sua resenha me fez ficar bem curiosa para conhecer a história dos quatro amigos, apesar de ser tão triste.
    Aliás, foi muito importante você salientar sobre os gatilhos. Se é tão forte assim, tem algumas pessoas que podem não aguentar a leitura.
    Vou me preparar psicologicamente para aguentar o tranco de tanta tristeza e vou ler esse livro.

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  6. Pelos temas abordados no livro dá pra ver que ele é bem pesado. Inclusive, é importante ressaltar que o livro pode despertar em gatilho por conter temas tão pesados. Sua resenha me deixou com muita vontade de ler um livro, pois ele aparenta ser muito bem escrito!

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  7. Oi, Ivi!
    Não conhecia esse livro, mas lendo sua resenha tenho certeza que Uma Vida Pequena não é pra mim, eu fujo de livros tristes do começo ao fim, que abordam temas tão pesados como abuso infantil e pedofilia e possui descrição gráfica desses momentos... Mas concordo com você, também não gostei da capa de Uma Vida Pequena, achei muito feia rsrs.
    Bjos!

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  8. Nossa, que livro profundo e quantos assuntos difíceis são tratados. Não curto muito o estilo, pois fico impressionada e me entristece muito, por isso evito. Mas não deixa de ser um ótimo livro com uma história impactante.

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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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