Milagre nos Andes (Nando Parrado e Vince Rause)

quinta-feira, 30 de março de 2017

Ficha Técnica:
Nome Original: Milagro em los Andes
Autores: Nando Parrado e Vince Rause
Tradução: Fabiano Morais
País de Origem: Uruguai
Número de Páginas: 276
Ano de Lançamento: 2006 
ISBN-13: 9788573027853
Editora: Objetiva
SKOOB | GOODREADS

Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 22º livro lido em 2017 e foi Milagre nos Andes (Nando Parrado e Vince Rause). Eu estava querendo ler alguma coisa fora da ficção e minha prima havia me dado este livro no ano passado e eu parti para esta leitura, confesso, sem grande interesse.

O livro nos conta a história de sobrevivência de um grupo de pessoas que sofreram um acidente de avião na Cordilheira dos Andes, local inóspito entre a Argentina e o Chile. Essa história era extremamente popular nas décadas de 80 e 90 e muitos documentários e filmes foram feitos baseados nos relatos, mas confesso que eu nunca me interessei muito, por isso quando comecei a ler o livro, imaginei que a leitura seria tediosa e irrelevante.


Porém encontrei além de um texto inteligente e muito sensível, uma das histórias mais fortes de superação e luta pela vida que eu já li na minha vida. 
Como fui o primeiro a falar abertamente sobre a nossa necessidade de fuga, e como eles sabiam que eu sem dúvida seria um dos que tentariam escalar, muitos dos sobreviventes começaram a me ver como um líder. Eu jamais assumira na vida um papel daquele tipo — sempre fora aquele que ia com a maré, que deixava os outros mostrarem o caminho. Certamente não me sentia como um líder naquela situação. Será que eles não viam como eu estava confuso e assustado? página 118
Em outubro de 1972, um time uruguaio de rúgbi decolou de Montevidéu rumo a Santiago para alguns jogos. Dentro do avião estava o time, a equipe técnica e alguns parentes destas pessoas. No total de 40 passageiros e 5 tripulantes, durante uma turbulência violenta, o piloto não conseguindo ver as montanhas abaixo, acabou errando o plano de voo e a asa do avião bateu em um dos picos e a cabine desceu a montanha de neve e gelo. No impacto, algumas pessoas morreram e outras ficaram bem machucadas, mas a grande maioria estava bem. Conseguiram sair da fuselagem e aguardaram pelo resgate, que infelizmente, nunca veio.
A arbitrariedade de todas aquelas mortes me ultrajava, mas me apavorava também, porque se a morte fazia tão pouco sentido e era tão aleatória, nada, nenhuma quantidade de coragem, planejamento ou determinação, poderia me proteger dela. Página 125
Após o 10º dia do acidente, eles ouviram através de um rádio transistor que as buscas estavam encerradas e com muita força de vontade, decidiram que eles só conseguiriam sair dali, se arriscassem vencer a cordilheira.

Um dos fatos mais impactantes e famosos da sobrevivência destas pessoas, foi o fato de que eles se alimentaram da carne dos passageiros que morreram no impacto e embora seja realmente muito forte isso, na minha opinião, isso foi apenas o reflexo da luta pela sobrevivência.
A verdade estava diante dos meus olhos: apesar de toda a minha luta, de todas as minhas esperanças, das promessas a mim mesmo e ao meu pai, eu terminaria daquela maneira. Morreríamos todos naquelas montanhas. Afundaríamos na neve, o silêncio ancestral cairia sobre nós, e aqueles que amávamos jamais saberiam como havíamos batalhado para reencontrá-los. página 187
Embora o livro tenha dois autores, eu só consegui ouvir a voz do Nando Parrado, que é um dos sobreviventes da tragédia, que era jogador do time uruguaio e todo o relato deste homem é sem sombra de dúvida, muito inspirador. A maneira como ele descreveu o sofrimento e o desespero do grupo no meio da neve, sem comida, água ou qualquer outro recurso que facilitasse os dias, é muito forte. Nando conseguiu trazer para as páginas toda essa tristeza e além disso, na queda do avião, ainda estava a sua mãe e a irmã, que faleceram e a dor da sua perda só não foi maior que o desejo que ele tinha de reencontrar o seu pai.


Enquanto eu lia o livro, era como se eu estivesse lá também e a minha pressa em concluir a leitura se dava na esperança de saber como eles conseguiram se salvar e é nesta fuga que encontramos uma grande lição de resiliência e trabalho em equipe.

O livro me emocionou demais. Chorei em inúmeras passagens e quando o livro se encerrou, minha sensação era de que eu conhecia muito bem o autor e que ele tinha me contado esta história pessoalmente. Tudo no livro é incrivelmente envolvente e saber que essa é uma história real, dá aquela sensação de que podemos qualquer coisa, em qualquer lugar, desde que tenhamos a disciplina e a força de irmos atrás.
Subir uma montanha é uma luta, um ataque, e cada passo é uma pequena vitória contra a força da gravidade. Mas descer é mais parecido com uma entrega. Você já não está lutando contra a gravidade, e sim tentando fazer um acordo com ela. Página 194
Ao final da leitura, assisti ao documentário do History Channel, que é um grande resumo do livro, mas muito bem-feito e com depoimentos de outros sobreviventes, endossando toda a narrativa do autor e me emocionei outra vez. O livro ainda traz algumas fotos que agregaram bastante a leitura.

Me arrependi muito de não ter lido o livro antes e com certeza, este foi uma das minhas melhores leituras em 2017, pela lição que sua história traz. Uma história de superação e de autoconhecimento muito intensa que eu jamais esquecerei.


Recomendo para quem gosta de histórias reais, com personagens como a gente, que passaram por uma situação difícil e saíram vencedores do outro lado.

Eu amei, fortemente!

Documentário do History Channel:




Um pouco sobre os autores: Fernando Seler "Nando" Parrado Dolgay, nasceu em Montevidéu em 9 de dezembro de 1949. Hoje é um empresário, produtor, apresentador, conferencista e escritor uruguaio. Nando Parrado ganhou fama mundial pela coragem e determinação que o fizeram um dos jovens heróis do desastre aéreo de 1972 nos Andes. Atualmente é CEO de várias empresas baseadas no Uruguai, seu país de origem, incluindo uma cadeia nacional de lojas de ferragens, empresas de propaganda e marketing e uma produtora de TV, para a qual produz e apresenta programas populares de viagens, assuntos da atualidade e esportes motorizados. Desde 1991, ele é um dos mais requisitados palestrantes do circuito internacional de conferências. Ex-piloto de corrida e vencedor do Campeonato Europeu de Carros Turismo, gosta ainda de pilotar carros, motocicletas e lanchas. Vive em Montevidéu com sua esposa, Veronique, e suas filhas, Veronica e Cecilia.

Vince Rause é escritor e colunista, e seus contos foram publicados na New York Times Magazine, na Los Angeles Times Magazine, na Readers’ Digest, na Sports Illustrated e em diversos outros periódicos nacionais e regionais. Em 2001, publicou com o renomado estudioso do cérebro, Andrew Newberg, Why God Won’t Go Away: Brain Science and the Biology of Belief (Por que Deus não vai embora: a ciência do cérebro e a biologia da crença). Seu mais recente lançamento foi Make the Impossible Possible (Faça o impossível possível)

Comentários
13 Comentários

13 comentários :

  1. oi, ivi, já li esse livro e me marcou muito também. Li ele, e outro que fala sobre o caso, chamado Sociedade da neve. é uma história impactante e assim como você eu me emocionei em muitas e muitas vezes.

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  2. Oi Ivi, tudo bem? ei tenho pânico de avião, fico transtornada todas as vezes que eu viajo, acho que ler esse livro vai me tirar completamente da zona de conforto! É uma história impactante!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  3. Oiee Ivi ^^
    Impossível não ter ouvido nada sobre essa história, né? Lembro que ouvia sobre ela quando mais nova, apesar de ter acontecido há tanto tempo. Não sei se conseguiria ler o livro agora, pois vou viajar de avião pela primeira vez na vida este ano, e já estou em pânico...haha' ainda assim, parece ser muito dura e angustiante. Fiquei curiosa, não sabia que tinha um livro.
    MilkMilks ♥

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  4. Oi, Ivi!
    Enquanto eu lia a resenha lembrei de um filme que assisti, provavelmente baseado nos relatos. Mas, imagino que a leitura seja muito mais emocionante!
    É muito bom quando um livro nos envolve e nos ensina algo de bom!! Assim que possível pretendo lê-lo para conhecer mais a fundo a história dos sobreviventes.

    Beijos!

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  5. Olá!
    Quem nunca ouviu essa narrativa não é mesmo? Esses dias mesmo estava passando uma reprise do documentário e infelizmente não assisti. Não sabia da existência do livro, ainda contado sobre a perspectiva de quem participou desse incidente. Essa é uma daquelas histórias que você precisa ler alguma vez na vida, para aprender e refletir que tudo tem uma saída, mesmo se o caminho for difícil, fiquei muito animada para saber mais detalhes sobre essa obra.
    Beijos,Lari.
    Segredosdeumacerejeira.blogspot.com

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  6. Oi Ivi,
    Adoro histórias reais, principalmente, como essa. Acho que é comum termos livros assim escrito por duas pessoas e notarmos mais a parte de um dos autores. Me senti assim lendo "A Casa do Céu", talvez você goste dele.
    Não tenho dúvidas que esse livro é extremamente emocionante e que vou chorar, como você. Achei muito bacana a questão do documentário. Ele deve ajudar caso você tenha perdido algo durante a leitura.
    Sem dúvidas, dica anotada.
    Beijos ♥
    Um Oceano de Histórias

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  7. Oie...
    Adorei a sua resenha!
    Já ouvi falar bastante sobre essa história do acidente de avião e toda essa polêmica sobre eles terem comido carne humana, assim como você, também considero essa ação simplesmente uma luta pela vida.
    Imagino que deve ser uma leitura bastante intensa.
    Dica anotada!

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  8. Olá,

    Confesso que não conhecia o livro e fiquei inconformado, porque achei a história tão atraente que e quase impossível eu nunca ter lido ela, o gênero é do meu interesse e achei a trama muito instigante. Adorei a resenha e vou fazer a leitura assim que possível! ♥

    → desencaixados.com

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  9. Olá, tudo bom?
    Lembro de debatermos essa história em uma das aulas da faculdade justamente pelo consumo de carne humana dos passageiros sobreviventes tentando manter-se vivos e confesso que só por aquela discussão eu já fiquei marcada com essa história. Saber que este livro traz um texto inteligente e sensível e é uma das maiores histórias de superação que você já leu só me deixou mais instigada a conhecer um pouco mais desta história. Outro ponto que me deixou curiosa é a voz dada a um dos sobreviventes ao decorrer da narrativa. Anotei a sugestão e espero poder ler este livro em breve! Beijos

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  10. Oie
    não conhecia o livro mas parece ser muito bom e diferente, quem sabe eu não arrsique pois curi o que o livro tem a oferecer e parabéns pela resenha

    beijos
    http://realityofbooks.blogspot.com.br/

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  11. Olá!
    Não conhecia esse livro. Vi um filme de um resgate no Andes, mas não sei se tem alguma coisa a ver com esse livro...
    Me pareceu ser um livro com um enredo e bem intenso, e ao mesmo tempo chocante. Não consigo me imaginar nessa situação, fazendo de tudo pela minha sobrevivência, inclusive comer carne humana...
    Ótima recomendação.

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  12. Oieee
    Olha, até entendo que seja uma história de superação e sobrevivência, mas não sei se tenho estômago para ler isso :(
    Eu me lembro mais ou menos da história e da repercussão, e acho que eu sentiria a dor desses sobreviventes durante a leitura.
    No momento, sinto que não estou preparada, mas quem sabe um dia rsrs
    Obrigada pela dica!
    Um beijo

    www.asmeninasqueleemlivros.com

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  13. Olá!
    Não tenho o hábito de ler não-ficção, mas gostaria muito de ler mais livros nesse estilo porque adoro ver documentários sobre temas que me interessam. Imagino a aflição de se sentir parte dessa situação e ficar na expectativa de descobrir se eles ficam bem. Se não ler o livro, vou pelo menos assistir o documentário do HC!
    Adorei a resenha, beijos,

    Luana

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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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