FILME DA VEZ #132 Indiana Jones e a Relíquia do Destino

sexta-feira, 7 de julho de 2023

Título Original: Indiana Jones and the Dial of Destiny 
Ano de Produção: 2023
Lançamento no Brasil: 29 de junho de 2023
Duração: 154 minutos
Gênero: Ação e Aventura
País de Origem: Estados Unidos
Classificação Etária: Livre
Direção: James Mangold
Elenco: Antonio Banderas, Boyd Holbrook, Ethann Isidore, Harrison Ford, John Rhys-Davies, Mads Mikkelsen, Phoebe Waller-Bridge, Karen Allen, Shaunette Renée Wilson, Thomas Kretschmann, Toby Jones.
Sinopse: Em Indiana Jones e a Relíquia do Destino, Indiana Jones, famoso arqueólogo, professor e aventureiro, embarca em mais uma missão inesperada. Neste retorno do herói lendário, Indiana Jones, na quinta parcela da icônica série de filmes, encontra-se em uma nova era, aproximando-se da aposentadoria. Ele luta para se encaixar em um mundo que parece tê-lo superado. Mas quando as garras de um mal muito familiar retornam na forma de um antigo rival, Indiana Jones deve colocar seu chapéu e pegar seu chicote mais uma vez para garantir que um antigo e poderoso artefato não caia nas mãos erradas. Mas, desta vez, ele tem o sangue de uma nova geração para o ajudar nas suas descobertas e na sua luta contra o vilão Jürgen Voller. Acompanhado de sua afilhada, Helena Shaw, o arqueólogo corre contra o tempo para recuperar o item que pode mudar o curso da história.

Oi gente que ama livros, hoje trago para vocês os meus comentários sobre Indiana Jones e a Relíquia do Destino.
Na primeira vez que vemos a versão envelhecida de Harrison Ford entrando em ação em Indiana Jones e a Relíquia do Destino, ele rouba o cavalo de um policial e sai em disparada através de uma rua tomada por cidadãos americanos jubilantes, que acompanham uma parada comemorando o pouso do primeiro homem na Lua. Fugindo de seus perseguidores, o arqueólogo causa caos atravessando (de forma bem truculenta) um cenário pelo qual, como o roteiro já deu a entender pelo menos meia dúzia de vezes até este ponto, ele não tem nenhum apreço.


É talvez o único momento do filme em que o diretor James Mangold cede a impulsos iconográficos. Pudera: como resistir à imagem de Indiana Jones, um dos grandes heróis cinematográficos do imaginário americano, empinando um cavalo enquanto destrói o cenário de um dos momentos mitológicos da história do país? Na superfície está o choque de velho e novo que faz parte do texto básico de A Relíquia do Destino, essencialmente a história de um homem buscando razão para continuar vivendo em um tempo e um lugar que não se importam com ele e com as “coisas velhas” que ele ama, pois estão muito mais interessados em olhar para o futuro.

Nas entrelinhas, no entanto, há também a quebra de um ideal de heroísmo mais profundamente arraigado na franquia e no país que a produziu. Não é à toa que o roteiro escolhe ambientar a trama justamente em 1969, no final da década que marcou uma transformação tectônica do sonho americano – vide a morte de John F. Kennedy, os protestos contra a Guerra do Vietnã, a ascensão do movimento hippie, o reino de terror de Charles Manson, as tensões culturais provocadas pela Guerra Fria, e por aí vai. 


Em algum momento da década de 1960, os EUA deixaram de ser os salvadores ocidentais que derrotaram o nazismo, e se tornaram um país em plena crise de identidade… uma crise que, é razoável argumentar, continua até hoje. A Relíquia do Destino demonstra eloquência ao farejar essa crise e se aproveitar dela para reavaliar o papel de seu herói dentro da mitologia americana, e o que fazer parte dessa mitologia fez com ele em uma dimensão humana. É uma excelente ideia: o Indy cifrado, figura central de uma jornada de herói inconteste, tem tanto espaço para existir no cenário cultural de 2023 quanto o personagem tem espaço para existir, em seu contexto ficcional, nos EUA de 1969.

Nesse mesmo pique, o filme acerta ao explorar a tradição de vilões nazistas da franquia para nos introduzir ao Dr. Jürgen Voller, cientista do Terceiro Reich que, depois da guerra, foi recrutado pelo governo americano e se tornou crucial para o sucesso do país na corrida espacial. É claro que, durante o filme, descobrimos que o Dr. Voller ainda se apega a ideais nazistas… e, no golpe de mestre do roteiro, que ele conseguiu recrutar vários agentes governamentais americanos para sua causa. O personagem Klaber é especialmente emblemático do estadunidense branco que abraça a ideologia nazista movido por um saudosismo repressivo e por um delírio de pureza racial equivocado.


É uma caracterização alarmantemente moderna, ainda mais para uma franquia que até então havia se mostrado tão firmemente enraizada no resgate de tradições narrativas anteriores a ela. Em Indiana Jones e a Relíquia do Destino, a nostalgia vazia que guiou tantas outras retomadas de franquias clássicas se converte em um chamado à modernidade. O trunfo do filme é seu impulso genuíno de contar uma história que valha a pena, de dar a este personagem um final que faça sentido para ele, que o localize dentro da tradição que ele ajudou a construir, mas também que o faça suplantá-la, provando-se digno do afeto do público pelas qualidades humanas de sua jornada.

E a resposta para a questão que move Indy nesta sua última aventura, a razão para sua perseverança diante da marcha incansável do tempo, é uma só: o amor, claro. A Relíquia do Destino pode ser o primeiro filme da franquia sem Steven Spielberg na direção, mas herda toda a ternura do mestre, muito embora - lamentavelmente - não herde a inventividade visual e o ritmo impecável dos melhores blockbusters dele. O diretor, tão incisivo ao delinear a sua história, é menos dedicado a distinguir o seu filme esteticamente, optando por cortes rápidos e iluminação chapada no lugar do verniz dourado e cinético que envolve todos os filmes de Spielberg na franquia.


Em A Relíquia do Destino, Indiana pulsa com necessidade da conexão humana, com ânsia por compreensão, com arrependimento e com o tipo de amor machucado que só quem já perdeu alguém muito próximo a si pode entender. Ele é capaz e corajoso, claro, mas o seu valor real está nos relacionamentos que cultiva, nos momentos em que se permite ser visto e cuidado, tanto quanto a sua derrocada está nos momentos em que não se dispõe a ver nem cuidar. O final feliz de Indy acontece quando um dos lados dessa dualidade triunfa sobre o outro.

Eu adorei o filme do começo ao fim, embora reconheça que o roteiro tenha seus furos. Indiana é amado por mim desde 1981 e sim, esse filme me fez muito feliz!

Adorei!

Trailer: 

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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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