Ficha Técnica:
Nome Original: コーヒーが冷める前に
Autora: Toshikazu Kawaguchi
País de Origem: Japão
Tradução: Priscila Catão
Número de Páginas: 208
Ano de Lançamento: 2022
ISBN: 978-65-88490-36-5
Editora: Valentina
SKOOB | GOODREADS | Compre na AMAZON
Nome Original: コーヒーが冷める前に
Autora: Toshikazu Kawaguchi
País de Origem: Japão
Tradução: Priscila Catão
Número de Páginas: 208
Ano de Lançamento: 2022
ISBN: 978-65-88490-36-5
Editora: Valentina
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Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 35° livro lido em 2023 e foi Antes que o Café Esfrie (Toshikazu Kawaguchi). Ouvi muita gente comentando sobre o livro e quando soube que era sobre uma viagem no tempo, fiquei interessadíssima.
O livro nos traz uma cafeteria de nome incomum, que tem o poder de proporcionar viagens no tempo. Ela permanece quase igual à sua forma original, com poucas mudanças e modernizações ao longo dos anos em uma ruazinha estreita e silenciosa de Tóquio, em um subsolo, há mais de 100 anos, servindo um café cuidadosamente preparado.
Eu achei muito interessante a visão nova sobre viagens no tempo e como suas regras de desdobramento na história acontecem. E regras é o que bem tem nesse café. Aqueles que retornam ao passado devem estar cientes dos riscos e também das regras, já que a jornada exige que o cliente se sente em uma cadeira específica e reencontre somente pessoas que já tenham visitado o estabelecimento.
A trama não começa de uma forma que te faça entender, os nomes não ajudam a você visualizar a personagem, algumas questões culturais causam uma estranheza e o fato de que a história não é linear contribuem para esse estranhamento. Contudo, a escrita já havia me conquistado e eu comecei a observar a diagramação e algumas características do texto, que me levou a desconfiar que “estava lendo errado”. Uma pesquisa rápida me mostrou que a história começou originalmente como uma peça de teatro, antes de ser adaptada para um romance em 2015. E então tudo fez sentido!
Após estar ambientada ao ritmo e à história, os capítulos seguintes me pegaram de jeito. E até a marcação de mudança de cena começou a me fazer entrar de vez na história. Toda a história tem como protagonistas pessoas ligadas ao café, sejam frequentadores ou funcionários. E o livro é dividido em quatro viagens no tempo que irão, além de contar como funciona o deslocamento temporal e suas inúmeras regras, contar também um pouco mais de cada personagem que realiza a “viagem” e suas motivações.
Aqui está, para mim, a grande sacada do livro, a cada novo deslocamento do tempo o motivo não é o mais importante e sim o quanto a decisão de ir e o retorno mudam a história não de quem foi o motivador da viagem, mas sim de quem a fez. E o sentido da mudança é ainda mais profundo do que a de um momento na vida, faz com que o tempo que uma xícara de café leva para esfriar mude completamente a história de quem tomou o café quase frio dessa xícara.
Preciso dizer que após ler a metade do livro era impossível não querer continuar a leitura e querer conhecer um pouco mais de cada personagem, porque, à medida que o porquê de a cena anterior ter sido contada daquele jeito é revelada, é impossível não precisar entender outra e outra cena. Confesso que eu entendi quem era um viajante em questão, porém nunca poderia imaginar a proporção da história até que o capítulo que a revelava viesse a acontecer, o que só fez aumentar minha admiração pela história, por ser preciso se atentar aos detalhes para não perder as revelações que virão a seguir.
Outro ponto interessante é que a todo momento temos referências e acesso a pontos culturais, desde os mais simples aos que são comuns ao povo japonês. Desde sua maneira para lidar com relacionamentos e sentimentos a como eles preferem seu café, desde o sabor ao preparo. As roupas e os marcos de estações são algo que também aguça a curiosidade por serem tão diferentes de nossa cultura. O que dá ao livro um tom muito verossímil e faz com que uma possível estranheza seja um caminho para conhecer outro jeito de viver. Os diálogos são incríveis, não por sua maneira de acontecer, mas por serem pontos-chave para revelar o interior de cada personagem, sua maneira de ver e sentir o mundo.
Vou me desculpar por não contar mais sobre os contos, mas creio que realmente fazem parte da experiência de leitura ler e descobrir a história, o aprendizado e reflexões que veem de cada uma delas. Eu realmente gostei de que foi tratado como ponto principal desse desejo de uma segunda chance em algum momento da vida de cada personagem e como isso foi tratado no livro, creio que posso dizer de uma forma muito respeitosa. Porque creio que, ao menos uma vez, todo mundo acaba por pensar no que faria ou diria se recebesse a chance de voltar em um determinado momento de sua própria história. E o trabalho que o autor faz, de mostrar a diferença entre a expectativa e a realidade, é realmente primoroso, mesmo de forma minimalista. O que também acarreta a frustração de nem todos os personagens terem seus “finais” contados, deixando várias perguntas em aberto.
Foi uma experiência gostosa e em alguns momentos dolorida, mas gostei muito de fazer essa leitura.
Um pouco sobre o autor: Toshikazu Kawaguchi nasceu em Osaka, no Japão, em 1971. Foi produtor, diretor e dramaturgo do grupo teatral Sonic Snail. Como dramaturgo, seus trabalhos incluem COUPLE, Sunset Song e Family Time. Antes que o Café Esfrie é a adaptação de uma peça da 1110 Productions, escrita por Kawaguchi, que ganhou o grande prêmio do 10º Festival de Teatro de Suginami. No Brasil este é o seu único livro publicado até o momento.