A Garota Dinamarquesa (David Ebershoff)

terça-feira, 29 de março de 2016

FICHA TÉCNICA
Nome original: The Danish Girl  
Autor: David Ebershoff
Tradução: Paulo Reis
País de origem: Estados Unidos
Número de páginas: 368
Ano de Lançamento: 2016
ISBN: 978-85-68432-50-1
Editora: Rocco
SKOOB

Vi o trailer do filme e gostei de saber que era baseado em um livro, me interessei pela história e ainda mais por saber que é real. O livro baseia-se na história de Lili Elbe e sua esposa, Gerda, mas o autor deixa claro logo no início que alterou tantos fatos que o livro é totalmente ficção.

O livro é dividido em quatro partes e a primeira se passa em 1925, na cidade de Copenhague. Einar era professor na Academia de Artes onde conheceu a esposa Greta (alteração do nome pelo autor é percebida logo nas primeiras páginas). Ambos são ilustradores, Einar pintava paisagens e Greta retratos pessoais. Ele é tímido, se sente pequeno diante dela e a iniciativa de contato entre os dois sempre parte de Greta. O conflito de Einar tem início no momento em que a esposa pede que ele coloque um vestido para que ela termine um quadro e sugere chamá-lo de Lili quando esteja vestido dessa forma. Greta inclusive incentiva para que ele vá a festa como Lili, que será apresentada como prima de Einar.
“O passado que mudara e o futuro que se estendia: ela atravessara tudo com audácia e cautela ao mesmo tempo e a coisa chegara àquele ponto.” (página 182)
Os capítulos seguintes descrevem a infância de Einar (se vestia como menina e era repreendido pelo pai, se sentiu atraído pelo amigo Hans) e o primeiro casamento de Greta (casou somente para sair de casa, mas foi dedicada ao marido, que morreu de forma bem dramática).

De volta ao presente, já no baile e vestido como Lili, Einar sente como se seu cérebro fosse dividido entre ele e Lili e ambos compartilhassem o mesmo corpo. Conhece Henrik, mas o encontro é interrompido pois tem sangramento e deixa a festa. Greta consegue localizar Hans (amigo de infância de Einar) e ele se torna personagem importante na história, assim como Carlisle, irmão de Greta.

A segunda parte do livro começa em 1929, em Paris, local que libertou Lili, já que lá ninguém os conhecia. Greta começa a fazer sucesso com seus quadros retratando Lili e sugere que ela procure um médico para ajudá-la a “escolher”, se referindo a cirurgia genital.

Até essa parte, eu quase desisti da leitura, o ritmo muito é lento e há excesso de descrições a todo momento, desde sensações, paisagens, acontecimentos, lugares até as pinturas de Greta, me pareceu cansativo. O livro só fica mais rápido e interessante a partir da terceira parte, ambientada na Alemanha, em 1925, no momento em que Lili decide pela cirurgia para definição de sexo. Lili foi a primeira mulher transexual a se submeter a uma cirurgia genital, tendo a esposa como sua maior incentivadora (mesmo que ficasse em conflito algumas vezes).

A história é dramática e cheia de conflitos: Einar enfrenta preconceito e demonstra coragem ao se assumir como Lili, Greta sente a “perda” do marido, mas está bem com Lili, que inclusive a fez alcançar sucesso como artista. Se sente atraída por outro homem, mas sente que deve “cuidar” de Lili. Já Lili se sente em dívida com Greta pela ajuda dela, mas não deixa de fazer planos com Henrik e contrariando a opinião da ex-esposa, se submete a outras cirurgias. Como bem descreveu o autor, os motivos e atos das duas estão inextricavelmente entrelaçados. A mensagem do livro é de coragem, aceitação e persistência para atingir objetivos.

Nas últimas páginas, há uma conversa com o autor, que conta sobre a pesquisa para o livro, explica porque mudou o nome da esposa de Lili, sua fascinação pelo tema casamento e a luta do ser humano para ser aceito por quem é.
“Um artista vê aquilo que ainda não existe. Ele ou ela imagina um futuro que outros não conseguem perceber. O artista interpreta a realidade, tornando-a ainda mais vívida e duradoura”. (página 188)
Ainda não assisti o filme, mas fiquei curiosa para saber se o filme será fiel ao livro ou a história real de Lili Elbe. Quando assistir, volto para comentá-lo aqui, se por acaso você já assistiu, vou adorar ler seus comentários também sobre o filme.

Confira o trailer da adaptação cinematográfica: 



Um pouco sobre o autor: Romance de estreia de David Ebershoff, A garota dinamarquesa ganhou o Prêmio Literário Lambda de 2000 na categoria de ficção transgênero e foi transformado em filme estrelado pelo vencedor do Oscar, Eddie Redmayne. Ebershoff figurou duas vezes na lista anual das cem pessoas LGBT mais influentes, elaborada pela revista Out. Ele é professor no curso de escrita literária da Universidade de Columbia e trabalha há muitos anos como editor na Random House. Originário da Califórnia, David mora hoje em Nova York. No Brasil, A Garota Dinamarquesa é o seu único livro publicado.
Comentários
14 Comentários

14 comentários :

  1. Oi Kelly, tudo bem?
    Eu só assisti ao trailer, mas espero poder ver o filme em breve. A história parece ser bem promissora e quero ver para tirar minhas próprias conclusões. Imagino que deva ser um filme bem emocionante e já li várias críticas positivas sobre a história de modo geral. Gostaria de ler o livro também.
    Beijos, Fer

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  2. Eu também vi o trailer e fiquei curiosa com o filme, mas antes tenho que ler o livro e pelo que você falou, é muito bom. Acho que o enredo seja muito complexo e forte, fico imaginando o quanto ele sofreu e o quanto ela também deva ter sofrido com essa mudança do marido.

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  3. Oi Flor
    Adorei suas impressões sobre a obra. Confesso que estou com muita vontade de ver o filme, mas o livro não seria um leitura para este momento.
    Pela sua resenha dá para ver que é uma obra magnífica. Sem contar que a temática e o processo de aceitação não é fácil.
    Gostei muita da sua análise.
    Beijinhos
    Rizia - Livroterapias

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  4. Olá

    Ainda não vi o filme mas quero bastante. Não me interessou muito a leitura mas fiquei curiosa em saber como o personagem administra essa mudança perante a sociedade ao se assumir, deve ser uma baita lição.

    Everton Equipe Rillismo
    rillismo.blogspot.com.br

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  5. Eu já tinha visto o trailer do livro r não tinha me interessado. E mesmo agora lendo sua desenha do livro continuo sem interesse pelo assunto abordado. Claro que é um tema forte e interessante. Acredito que ainda seja necessário muitos outros livros como esse para abrir a mente das pessoas em relação a transexualidade. Mas sei lá não è um enredo que me prenderia ainda mais por ser tão arrastado e detalhado como você mencionou.
    Bj
    Camila Bernardini Coelho

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  6. Oie!
    Eu ainda não consegui assistir o filme, e nem li o livro :O Estou curiosa com essa trama, para conhecer mais sobre que eles passaram, tanto o homem como a mulher. E o que mais me interessou é a aceitação da esposa. Gostei bastante.
    Bjks!
    Histórias sem Fim

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  7. Olá Kelly,
    Adorei sua resenha. E gostei demais da premissa do livro.
    Não sabia que o livro viraria filme e, pelo trailer, será uma boa adaptação.
    Gosto muito de livros dramáticos e conflituosos, A Garota Dinamarquesa é um prato cheio, pelo visto.
    Já anotei o nome e espero ler em breve.
    Beijos,
    http://mileumdiasparaler.blogspot.com.br/

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  8. Oiee Kelly ^^
    Eu só soube que tinha um livro quando terminei de ver o filme, e, como adorei o filme, fiquei doida para ler....hehe' É uma pena que a história seja lenta no início e só flua para valer bem depois :/ acho a história muito interessante, adoro livros do tipo e histórias dramáticas ♥
    MilkMilks
    http://shakedepalavras.blogspot.com.br

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  9. Oi Kelly, tudo bem?
    Sabe que sempre ouvi falar muito desse filme, mas não fazia ideia que tinha um livro também. Acho que a trama parece boa e envolvente, é um assunto delicado e importante que é tratado nele, acredito que eu daria sim uma chance ao livro para ver se eu iria gostar mesmo, e assim assistir ao filme.

    Beijos

    http://lovereadmybooks.blogspot.com.br/2016/03/resenha-beleza-cruel.html

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  10. Acredito que pelo livro tratar de um tema onde tem como base a coragem, a aceitação e a persistência em alcançar os objetivos como você bem pontuou na resenha, a história deve ser bem densa e deve ser um ótimo meio de partida para reflexão dos leitores. Espero que um dia eu tenha a oportunidade de ler e de ver o filme. :)

    Beijos
    Vento Literário / No Facebook / No Twitter

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  11. Oi *---*

    Não tenho vontade de ler o livro como tenho de assistir o filme mas vendo suas impressões ele parece espetacular. Pra época era um tabu esse gay e imagino tudo que o personagem enfrenta, deve ser muito emocionante. Só com mais vontade.

    Bjos
    rillismo.blogspot.com.br

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  12. Ola Kelly o enredo é muito interessante e pelo visto bem trabalhado, uma pena a leitura ser um pouco lenta o que deve me atrapalhar um pouco, mas gostei demais da premissa diferente e da personalidade do protagonista que se veste de mulher onde haverá muitas mudanças. Vou assistir primeiro o filme dessa vez. beijos

    Joyce
    www.livrosencantos.com

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  13. Olá... tudo bem??
    Ouvi muitas críticas positivas do filme e confesso que meu interesse em assistir se deu a partir delas, mas o livro não me cativa para ler... você citou algumas partes lentas... e acredito que desistiria exatamente nestas partes e mesmo curtindo o restante do livro, sei que de alguma forma valeu a pena para você... pretendo assistir o filme em breve... pelo trailer, fiquei mais curiosa ainda.. Xero!

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  14. Eu ainda não assisti ao filme, digo ainda porque eu já pretendia fazer isso e agora depois da resenha mais ainda. O que você escreveu sobre a lentidão da leitura no começo me desincentivou a ler o livro, mas a história me deixou ainda mais curiosa pelo filme. Aliás, quero muito ver a sua opinião sobre o longa!!

    Beijos,
    Mariana Baptista
    umavidaporlivro.wordpress.com

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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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