A Cidade do Sol (Khaled Hosseine)

segunda-feira, 27 de julho de 2015


Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 39º livro lido em 2015 e foi A CIDADE DO SOL (Khaled Hosseine). Esta releitura se deu pela necessidade de ter aqui no blog, todos os livros do Hosseine resenhados e também, claro, porque é um livro intenso, triste e infelizmente, muito verdadeiro.

O livro nos traz duas mulheres: Mariam e Laila. Mariam é a filha bastarda de um homem rico em Herat. Após saber que havia engravidado uma das criadas da casa, Jalil, pai de Mariam, para evitar constrangimento com as suas outras três esposas, instala Nana e Mariam em um casebre na região rural da cidade para que fique longe dos olhares acusadores das pessoas e também para que ele possa continuar seguindo sua vida. Mariam cresce apaixonada pelo pai que vem um dia por semana visitá-la e lhe traz presentes, porém, tem uma visão distorcida da mãe que está sempre de mau humor e cansada da vida reclusa. Quando Mariam completa 15 anos, decide ir até Jalil e é golpeada por uma grande decepção. Na sequencia disso, Nana morre e Mariam é dada em casamento à um sapateiro de Cabul, Rashid, e vai embora de Herat jurando que nunca mais quer ver o pai.

A outra mulher é Laila. Ela mora na mesma rua em que Mariam e Rashid vivem e nasceu algum tempo depois que eles se casaram. Cresce sob os cuidados do pai, um intelectual que em função da dominação soviética que o Afeganistão vive, é obrigado a trabalhar como operário e a mãe de Laila vive em constante depressão porque seus filhos mais velhos partiram para a guerra. Laila tem um melhor amigo, o Tariq e juntos crescem vendo a guerra ser uma habitante constante do país.

Embora as duas mulheres morem na mesma rua, elas só vão se encontrar e interagir quando uma tragédia, totalmente comum à um pais em guerra, mas completamente inaceitável para mim que sempre viveu em terra de paz, acontece e Laila então se torna a segunda esposa de Rashid e após um período de hostilidade e confrontamentos, Mariam e Laila se tornam amigas, mais que isso, Mariam se torna mãe de Laila e juntas suportam os terrores que é ser mulher em um país em que o intolerante regime do Talibã se instalou.

O livro então vai nos dar um panorama do que é viver sob o som dos mísseis, tiroteios e canhões e sobre como é suportar, dias após dia, os desmandos de um marido cruel. Laila e Mariam se unem para suportar a violência de Rashid e ambas não tem para quem recorrer porque a sociedade que o talibã instalou, o último ser que tem voz é a mulher. Mais que isso, além da guerra, existe a seca e a fome assola as regiões pobres de Cabul com muita violência e pais são obrigados a colocar seus filhos para mendigar ou a colocá-los em orfanatos porque não podem sustentá-los A miséria está ao alcance de todos e a infelicidade também.

A narrativa do autor é brilhante ao nos contar uma história de sofrimento, luta, sobrevivência e que tem como pano de fundo, não apenas a tristeza da guerra, mas uma religião bonita em sua essência e uma fé que invade várias esferas da vida humana. Porém a narrativa se trata de deixar claro que o islamismo nada tem a ver com o caos que as batalhas criaram ali e destrói preconceitos deixando uma linha incisiva muito claro entre a cultura afegã, bem como seus costumes e religião e o desmando político dos homens.


O livro é maravilhoso. A história que Hosseine nos conta, nos toca profundamente, mexe com nossas emoções e em vários momentos da história ainda que eu soubesse que era ficção, eu imaginava que de alguma forma aquilo de fato aconteceu. Vidas foram interrompidas com sonhos, alegrias e realizações que nunca chegaram a se concretizar. E mais que isso, a amizade pura e inabalável entre Mariam e Laila, foi desenvolvida de forma a fazer com que o leitor, ainda que fique melancólico com o enredo, sinta uma certa paz em saber que mesmo em meio a tragédias, existem sentimentos bons.

As duas capas que o livro ganhou nas publicações brasileiras são lindas. Não consigo me decidir qual capa representa melhor a história porque as duas dizem muito para mim e existe muita conexão com a história, tanto uma como a outra. Mas a primeira capa talvez represente melhor em função de termos as duas mulheres juntas.

Enfim, eu adorei reler o livro e me emocionar mais uma vez. Adorei relembrar dos costumes e sentir o coração apertar com o sofrimento das duas mulheres e sobretudo, a forma como Khaled Hosseine escreve, cheio de humanidade, é de simplesmente não conseguir tirar os olhos do livro.

Super recomendo para quem gosta de livros dramáticos, que tragam uma cultura completamente diferente da nossa como cenário e que fale de amor, amizade e esperança, sem ser “mais do mesmo”.

Amei!!!
"De todas as dificuldades que uma pessoa tem de enfrentar, a mais sofrida é, sem dúvida, o simples ato de esperar" página 114

Um pouco sobre o autor: Khaled Hosseini nasceu na capital do Afeganistão, Cabul. Ingressou na Universidade da Califórnia, San Diego, escola de Medicina, onde recebeu o título de Doutor em Medicina em 1993. Tornou-se escritor em 2003. Seus livros publicados no Brasil são:
O CAÇADOR DE PIPAS
A CIDADE DO SOL
O SILÊNCIO DAS MONTANHAS

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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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