Flores para Algernon (Daniel Keyes)

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Ficha Técnica:
Nome Original: Flowers for Algernon
Autor: Daniel Keyes
País de Origem: Estados Unidos
Tradução: Luisa Geisler
Número de Páginas: 288
Ano de Lançamento: 1966
ISBN-13: 9788576573937
Editora: Aleph

Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 90º livro lido em 2019 e foi Flores para Algernon (Daniel Keyes). Eu sempre ouvi elogios muito generosos para este livro, mas me distanciava por ser um livro de ficção científica, em que tinha receio do enredo não fazer sentido para mim. Porém, a curiosidade foi maior que o medo e eu comecei a ler o livro que é o favorito de muitas pessoas.

O livro nos traz o Charlie, um homem de 32 anos com um severo comprometimento intelectual. Charlie tem Fenilcetonúria e por conseguinte, um Q.I. baixíssimo, mas uma enorme vontade de aprender e de “ser inteligente”. Sua grande motivação para aprender o torna a cobaia ideal para um experimento desenvolvido por cientistas em uma universidade: uma neurocirurgia capaz de aumentar a inteligência de um indivíduo. A experiência já foi realizada no rato Algernon e os resultados foram excelentes, então Charlie é submetido ao mesmo procedimento.


De fato, a cirurgia é um sucesso e o Q.I. de Charlie começa a aumentar. Estimulado por leituras e até por sugestões hipnóticas, seu cérebro começa a absorver conhecimento cada vez mais rápido. A evolução intelectual do personagem é acompanhada pelo leitor inclusive na forma como o texto é escrito. No começo, os relatórios pelos quais Charlie conta sua história são repletos de erros de ortografia e sintaxe e depois da cirurgia, ele aperfeiçoa não apenas a grafia das palavras, como também o vocabulário e a estrutura de seu texto.
Como eles me parecem diferentes agora. E quão tolo fui de algum dia pensar que professores eram gigantes intelectuais. Eles são pessoas, e sentem medo de que o resto do mundo descubra.

Porém, mais conhecimento não necessariamente gera mais felicidade. O desenvolvimento intelectual de Charlie o faz entender melhor o mundo ao seu redor e também ser confrontado com situações desagradáveis e ofensivas que ele não percebia antes. Além disso, seu lado emocional não está preparado para acompanhar suas descobertas intelectuais e sua percepção de mundo renovada, por isso novas reflexões e antigos traumas passam a perturbar o personagem.
Que estranho é o fato de pessoas de sensibilidade e sentimentos honestos, que não tirariam vantagem de um homem que nasceu sem braços ou pernas ou olhos, não verem problema em maltratar um homem com pouca inteligência.
A história de Charlie foi contada pela primeira vez em um conto homônimo, publicado em 1959. Embora o personagem e a forma epistolar da narrativa se mantenham nas duas obras, Keyes soube aprofundar sua história de uma forma muito rica no romance. Diferente do conto original, neste romance o leitor conhece a relação de Charlie com a família, descobre seus traumas de infância por meio de lembranças que começam a acontecer depois da cirurgia. As experiências vividas pelo protagonista são chocantes e a relação delas com seu desenvolvimento emocional são explícitas.


Apesar do texto fácil e da narrativa absolutamente envolvente, Flores para Algernon não é uma leitura leve. Tanto as lembranças do passado como os acontecimentos do presente de Charlie são muito intensos, envolvendo agressões verbais e traumas emocionais gigantes. O livro traz uma discussão muito necessária sobre capacidade intelectual, do ponto de vista mais impactante possível.
Até um homem de mente fraca quer ser como os outros homens. Uma criança pode não saber como se alimentar, ou o que comer, mas ela conhece a fome.
É impossível passar ileso por este livro porque ele mexe e nos deixa desconfortável em muitos aspectos, sobretudo pelo fato de que a inteligência não pode ser mensurada e o quanto a felicidade se encontra na inocência. A questão da ficção cientifica dentro do enredo é muito discreta. A cirurgia que Charlie se submete não é uma questão futurista, uma vez que a doença dele é uma das que podem ser detectadas no popular “teste do pezinho” feito em recém-nascidos e caso não possa ser revertida, pode ser tratada.
Apesar de sabermos que, no fim do labirinto, a morte nos aguarda (e isso é algo que nem sempre soube, até pouco tempo atrás, pois o adolescente em mim pensava que a morte acontecia só com outras pessoas), vejo agora que o caminho escolhido pelo labirinto me faz quem sou. Não sou apenas uma coisa, mas também uma maneira de ser – uma das muitas maneiras –, e saber os caminhos que percorri e os que me restam vai me ajudar a entender o que estou me tornando.
É um livro que deveria ser lido por todo mundo porque nos faz pensar e desejar ser uma pessoa melhor com aquilo que temos: nossa capacidade de empatia e nosso senso de responsabilidade.


Enfim, eu adorei o livro, é um dos meus favoritos do ano e favoritos da vida.

Amei!!!


Um pouco sobre o autor: Daniel Keyes nasceu em 9 de Agosto de 1927 e faleceu em 15 de junho de 2014. Foi Professor e escritor norte-americano de Ficção Científica diplomado em Psicologia, Inglês e Literatura pela Universidade do Brooklyn. Ganhador de importantes prêmios literários Flores Para Algernon é o seu único livro publicado no Brasil.


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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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