Ficha Técnica:
Nome Original: Angústia
Autor: Graciliano Ramos
País de Origem: Brasil
Número de Páginas: 240
Ano de Lançamento: 1936
ISBN-13: 9788501009111
Editora: Record
Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 96º livro lido em 2019 e foi Angústia (Graciliano Ramos). Quando a lista de livros exigidos para o vestibular da Fuvest 2020 foi anunciada, eu desejei ler algum dos títulos que ainda não tinha lido no passado e o escolhi porque conheci a escrita do autor este ano através do excelente São Bernardo.
O livro nos traz Luís da Silva que veio do interior para a capital para ser um anônimo qualquer na cidade grande. Em seu cotidiano medíocre, segundo ele mesmo descreve, escreve para o jornal o que lhe pedem, atendendo a encomendas de forma quase robótica. Ele se considera um intelectual fracassado num mundo sem lugar na prateleira de heróis: vive mediocremente, engaveta escritos, não progride na sua vida profissional carregando o fardo de ser um reles funcionário público. Na vida privada também não avança muito, mantém um noivado prolongado pela falta de condições para a efetivação do casamento. Marina, a noiva, acaba se envolvendo com outro homem, fato que desencadeia a verdadeira angústia de Luís.
Inserido num mundo onde a voz do dinheiro fala mais alto, ele se afunda em dívidas, aluguéis atrasados e empréstimos tomados no intuito de agradar Marina. Porém, como ela ainda é muito nova e um pouco frívola, se encanta com um homem bem-sucedido, Julião Tavares, filho de comerciantes, audacioso e competente na arte de ganhar dinheiro. Julião possui cacife para comprar para Marina tudo o que ela deseja: joias, sedas, idas ao cinema e ao teatro.
O livro se desenvolve sobre esse triângulo amoroso, bem como sobre o esforço sobre-humano de Luís para ser melhor que Julião. Toda essa história nos é contada através de um intenso fluxo de consciência e monólogos interiores que de forma não linear, nos colocam a par de tudo o que o protagonista fez para alcançar seus objetivos.
Luís é um homem inteligente, bem-educado e conhecedor do mundo. Leitor ávido, tem o sonho de se tornar escritor e isso o torna muitas vezes um personagem arrogante e cansativo, mas ao mesmo tempo, ele é ingênuo e apaixonado, características que o idiotizam no texto.
Levando em consideração o contexto histórico e social da época, é possível encontrarmos simbologias referentes às relações sociais e, principalmente, a corrente filosófica ou literária do existencialismo.
Em todos estes casos existe angústia, opressão e o medo de ser capturado. Nesse aspecto, podemos dizer que este livro é capaz inclusive de causar uma certa sensação de mal-estar no leitor que decidir mergulhar nesse relato.
Também é possível perceber semelhanças de Angústia com o naturalismo brasileiro de Aluísio Azevedo, principalmente pela “animalização” do homem e por mostrar que o indivíduo é determinado pelo ambiente em que está inserido.
Não é um livro fácil de ser lido. Eu tive que voltar ao início duas vezes porque não estava conseguindo me envolver na narrativa e também não estava entendendo a intenção do autor. Salvo este desconforto inicial, a leitura me ganhou totalmente quando percebi que os acontecimentos narrados no início seriam explicados ao longo do enredo.
É um livro intenso e melancólico, sinceramente não acredito que os vestibulandos possam absorvê-lo unicamente para a realização de uma prova, porém, ter contato com este tipo de literatura ainda no ensino médio é algo enriquecedor.
Eu gostei muito!!!
Um pouco sobre o autor: Um pouco sobre o autor: Graciliano Ramos de Oliveira nasceu em 27 de Outubro de 1892 em Quebrangulo - AL e faleceu em 20 de Março de 1953 no Rio de Janeiro. Foi um romancista, cronista, contista, jornalista, político e memorialista brasileiro do século XX. Ele viveu os primeiros anos em diversas cidades do Nordeste brasileiro. Terminando o segundo grau em Maceió, seguiu para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como jornalista. Voltou para o Nordeste em Setembro de 1915, fixando-se junto ao pai, que era comerciante em Palmeira dos Índios, Alagoas. Neste mesmo ano casou-se com Maria Augusta de Barros, que morreu em 1920, deixando-lhe quatro filhos. Alguns de seus livros publicados são:
• Caetés (1933)
• Vidas Secas (1938)
• São Bernardo (1934)
• Angústia (1936)
• A Terra dos Meninos Pelados (1939)
• Brandão Entre o Mar e o Amor (1942)
• Histórias de Alexandre (1944)
• Infância (1945)
• Histórias incompletas (1946)
• Insônia (1947)