Misery – Louca Obsessão (Stephen King)

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Ficha Técnica:
Nome Original: Misery
Autor: Stephen King
País de Origem: Estados Unidos
Tradução: Elton Mesquita
Número de Páginas: 326
Ano de Lançamento: 1987
ISBN-13: 9788581052144
Editora: Suma de Letras

Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 84º livro lido me 2019 e foi Misery – Louca Obsessão (Stephen King). Sem dúvida, esse ano foi o que me aventurei nos livros de um dos autores mais lidos e amados do mundo. Embora o terror e horror não sejam meu gênero literário favorito e eu não me sinta confortável com a leitura de cenas violentas tão gráficas como o autor desenvolve, é inegável que suas histórias sejam instigantes, originais e inesquecíveis.

O livro nos traz um escritor famoso chamado Paul Sheldon que sofre um terrível acidente de carro durante uma nevasca enquanto dirigia por uma pequena cidade no Colorado. Ele acorda com as pernas quebradas e imagina que pode ter sido resgatado e levado para um hospital, mas na verdade, quem o tirou do carro, o levou para casa e está cuidando dele é Annie Wilkes. Ela é enfermeira e faz de tudo para que ele se recupere, pois é fã número 1 de Paul Sheldon. Já leu todos os seus livros e em particular, é apaixonada por uma série específica do autor, Misery. A princípio isso pode até deixar Paul Sheldon em paz porque quem o salvou é alguém que o admira muito, porém, ele logo percebe que os dois estão isolados em uma espécie de fazenda e que Annie é sem dúvida, uma doente mental, com uma psicopatia séria. 


Ela lê o último livro da sua amada série e como o final desta história não a agrada, Annie força Sheldon a escrever uma continuação da história de sua personagem preferida. Quando descobre que Sheldon a havia matado no último livro da série, em um trecho em que Sheldon sentiu raiva e pressão, mas também se sentiu aliviado e livre daquela personagem que o deu fama e fortuna, Annie mostra do que é capaz. Entre tortura física e psicológica, ela coage Paul a escrever um novo volume trazendo Misery de volta de maneira plausível. Tal como Sheherazade em Mil e Uma Noites, Sheldon tentará atrelar sua vida à história da personagem que antes odiara e Annie se mostrará uma editora muito criteriosa.

A história se desenvolve em Sheldon tentar sobreviver às torturas físicas de Annie, escapar daquela prisão e enquanto isso, escrever o livro que ela pediu. É assim que temos mais uma história dentro da principal. Há capítulos de Misery dedicados ao sub-livro que recebe o nome de “O Retorno de Misery” no qual podemos acompanhar o processo de criação de Sheldon. O que torna a narrativa interessante é que imaginamos o autor Stephen King desenvolver seu próprio método de criação e em várias partes da leitura eu não sabia se estava lendo ficção ou algo real.


Paul Sheldon é a vítima da história, mas não é um personagem admirável. Ele ridiculariza o próprio sucesso que obteve ao publicar livros populares e acredita que teria que escrever algo muito diferente dos livros que deram a ele fama e fortuna para ser um escritor sério.

Para criar um ritmo de leitura que acompanha a paranoia de Annie, todos os capítulos são narrados pela perspectiva de Paul e se alternam entre mais curtos e mais longos. 

King sabe criar uma atmosfera de terror como poucos. As torturas físicas que Annie impõe a Paul são angustiantes e em várias destas cenas, eu quase sentia uma dor física. Sem compaixão por nenhum personagem ou leitor, ele nos guia por um cenário de pesadelo e medo.

Algo que precisa ser salientado é que este enredo inverte a lógica de dominação ao colocar uma mulher como vilã. Mesmo que masculinizada, Annie Wilkes é uma senhora que pode ser simpática para a comunidade, mas esconde dentro de si um verdadeiro demônio. Por mais que ela cometa inúmeros atos de extrema violência, a narrativa não concentra suas ações nesse artifício, ainda que se espere esse tipo de consequência com pessoas mantidas sob cativeiro por algum bandido. Para os amantes de histórias com esse tipo de personagem, o autor se dá ao trabalho de explicar de forma natural como a nossa vilã desenvolveu o seu modus operandi e histórico de crueldade, assim como se livrou de crimes cometidos no passado.


Essa é uma história que consegue ir muito além, mostrando outras camadas. Isso implica no ritmo da narrativa que não causa efeitos de horror e repulsa a todo momento em quem está lendo. Com a voz narrativa em 3ª pessoa, a maior parte da trama se concentra no recurso da metalinguagem, ou seja, passagens que discutem a própria atividade de escrita, os processos criativos e estratégias para escrever histórias e resolver os problemas que possam surgir no desenvolvimento. Eu adorei essas passagens, porque além de quebrarem o ritmo de tensão, enriquecem e elucidam as técnicas utilizadas pelo próprio Stephen King para o leitor. Nesse sentido, há diversas referências a autores consagrados.

Como destacado, o livro retrata também o lado nada glamouroso de um escritor. Por vezes colocamos essa pessoa num pedestal, como qualquer outro ídolo e na verdade eles o fazem por dinheiro, status ou comodidade. Não é tudo tão sublime nos bastidores daqueles que trabalham com arte e muitas vezes nós consumidores não temos noção desse “outro lado”. No caso de Paul Sheldon, a série de livros que o consagrou no mercado literário, nunca o fez feliz, pelo contrário, causou nele um sentimento de vergonha por gastar o seu talento com algo que ele jamais compraria.

Enfim, foi uma leitura muito boa. Angustiante e intensa, me deixou incomodada em muitos aspectos, mas ao terminar de ler o livro e fechá-lo, eu estava mais que satisfeita pelo que me foi entregue.

Para quem quer começar a ler Stephen King, acho que este livro tem as características mais marcantes de sua escrita: tensão, violência e um fluxo de consciência que nos leva a refletir sobre nosso próprio comportamento de forma despretensiosa.

Eu adorei!!!


Um pouco sobre o autor: Stephen Edwin King é um escritor americano, reconhecido como um dos mais notáveis escritores de contos de horror fantástico e ficção de sua geração. Os seus livros venderam mais de 350 milhões de cópias, com publicações em mais de 40 países. Alguns dos seus livros publicados no Brasil são:

1974 – Carrie (Carrie)
1977 – O Iluminado (The Shining)
1978 – A Dança da Morte (The Stand)
1979 – A Zona Morta (The Dead Zone)
1980 – A Incendiária (Firestarter)
1981 – Cão Raivoso (Cujo)
1983 – Christine (Christine)
1983 – O Cemitério (Pet Sematary)
1986 – A Coisa (It)
1987 – Angústia (Misery)
1992 – Jogo Perigoso (Gerald’s Game)
1996 – À Espera de Um Milagre (The Green Mile)
1998 – Saco de Ossos (Bag of bones)
2001 – O Apanhador de Sonhos (Dreamcatcher)
2006 – LOVE: A História de Lisey (Lisey’s Story)
2009 – Sob a Redoma (Under the Dome)
2011 – Novembro de 63 (22/11/63)
2013 – Doutor Sono (Dr. Sleep)
2014 – A Casa Negra
2017 – Belas Adormecidas
2018 – A Pequena Caixa De Gwendy
2018 – Outsider
2018 – Elevation
Comentários
9 Comentários

9 comentários :

  1. Olá, tudo bem? Só li um livro do Stephen King até o momento, mas tenho muita vontade de ler outros, e esse é um deles. Parece ser mesmo uma estória bem intensa. Adorei a resenha!

    Beijos,
    Duas Livreiras

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  2. Oi, Ivi.
    Eu vivo prometendo que vou ler algum livro do autor, mas a verdade é que só enrolo!! Rs... Eu não conhecia esse livro, mas assim que você comentou que a a vilã é uma mulher, já me animei! Amo demais quando as mulheres são colocadas nesse papel!
    beijos
    Camis - blog Leitora Compulsiva

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  3. Olá...
    Acredita que até hoje não li nada do King? Sempre prometo pra mim mesmo que lerei algo dele, mas, sempre acabo deixando essa vontade de lado... Achei a história do livro resenhado bastante interessante e confesso que fiquei com bastante vontade de o ler! Gostei de saber que nesse livro encontramos as características mais marcantes da escrita do autor!
    Dica anotada!
    Bjo

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  4. Oiii tudo bem???

    Sempre quis ler esse livro, mas após ler sua resenha achei um pouco obvio, não sei se pq leio d+, ou pq ser resgatado e mantido em cativeiro seja um dos terrores psicológicos que dão mais nervoso no leito.
    Não deixaria de ler por isso, mas realmente achei q a história poderia ser menos clichê.
    Bjus Rafa

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  5. Oi, tudo bem? Tenho muita vontade de conhecer a escrita do autor mas ainda não tive oportunidade. Esse ano descobri que vários filmes que gosto são adaptações dos livros do King. Isso me deixou ainda mais curiosa. Já assisti os filmes A incendiária, Misery, O cemitério, À espera de um milagre, Carrie e Under the dome. Então acredito que irei gostar dos livros. Um abraço, Érika =^.^=

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  6. Eu adoro encontrar um post sobre algum livro ou adaptação de uma história do mestre King. Eu sou A LOKA do King mesmo!! Amo. Leio e releio todo mês, as vezes mais de 1 por mês.
    Misery (ou Angústia) é um dos que estou pretendendo reler em breve. Ele me marcou como um dos livros do King que mais mexe com meu psicológico. Eu nem dei conta de ler de uma vez... Dei uma intercalada com alguns contos do Rubem Fonseca. Né mole não.
    Adoro toda a abordagem de King a respeito da psique da Annie. Em como ela perturba, coage e maltrata o Paul. Nossa! Sem comentários.
    Ah, fiquei super feliz de saber que você gostou também. Beijão

    Carol, do Coisas de Mineira

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  7. Olá!

    Já tinha ouvido falar do enredo desse livro e na época me interessei, mas com o tempo esqueci e ficou para lá, não sabia que era do Stephen King. O livros dele geralmente não me chamam a atenção, mas esse é um que eu leria, na verdade vou colocar na lista para não esquecer dele novamente.

    Beijos

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  8. Olá, amei conferir suas considerações sobre o livro. Misery é uma leitura que quero muito fazer, acho bem sinistro e interessante isso de a mulher forçar o escritor a mudar a história da qual ela não gostou.

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  9. Oie, tudo bem?
    Eu acho que sou a única pessoa que ainda não leu nadinha do King e confesso que não tenho curiosidade. Sei que é um autor muito aclamado, mas não faz meu estilo (sou medrosa demais para os livros dele haha). Mas, pelo que percebi, este livro é uma leitura muito intensa, né? Assisti uns trechos do filme e fiquei super angustiada vendo, imagino que o livro seja ainda mais tenso.
    Mas gostei de conhecer sua opinião sobre a obra e fico feliz que, mesmo que algumas coisas tenham te incomodado, você gostou da leitura.
    Beijos!

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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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