Nome Original: Francisco, el papa de
la gente
Autora: Evangelina Himitian
Tradução: Michel Teixeira e Maria Alzira Brum
Tradução: Michel Teixeira e Maria Alzira Brum
País de Origem: Argentina
Número de Páginas: 254
Ano de Lançamento: 2013
Dando continuidade aos livros de
temática argentina, decidi escolher um que abordasse a vida do Papa Francisco,
a quem admiro pelo acolhimento demonstrado e pela coragem em abordar temas
polêmicos para a igreja católica.
O livro é narrado em terceira pessoa,
com capítulos entre presente e passado e se inicia com a descrição da viagem de
Jorge Mario Bergoglio, então arcebispo da cidade de Buenos Aires à Roma em
26/02/2013 para participar do conclave em que seria eleito o novo papa, após a
renúncia de Papa Bento XVI. Em
determinado capítulo, consta descrição da Capela Sistina e dos procedimentos de
votação, o que eu achei bem interessante.
Nascido em 1936, o primeiro de cinco
irmãos, tem a avó como influência por tê-lo ensinado a rezar, gosta de ler, de
futebol (torcedor declarado do time argentino San Lorenzo) e colecionador de
discos de tango. Trabalhou em um escritório contábil com o pai, se apaixonou
por Amália aos 12 anos e aos 18 anos, sentiu o chamado de Deus ao entrar na igreja.
Viajou para o conclave em classe econômica por sua escolha e levou poucas
roupas, pois acreditava que estaria de volta para celebrar a missa do Domingo
de Ramos daquele ano.
Gosta de caminhar pela cidade e
rompe protocolos para se aproximar das pessoas, pois quer ser ponte que
aproxima as pessoas de Deus. O livro relata fatos curiosos, atitudes
inesperadas e conta com relatos de pessoas de diversas religiões ou ateus que
também o apoiam, o que demonstra o esforço dele em buscar apoio e união entre
as religiões, assim como relatos de pessoas que foram ajudadas ou consoladas em
diferentes situações. O desafio do Papa está em buscar o renascer da
espiritualidade e da necessidade de levar a igreja onde as pessoas estejam, sem
exclui-las.
A maior parte do livro me pareceu
tendenciosa, justificada pelo capítulo em que a autora descreve o encontro com
o padre Jorge Bergoglio em 2012, em que ela fazia parte da equipe de imprensa
do evento e pode comer graças a atitude dele ao perceber por conta própria que
a quantidade servida não era suficiente para todos. O fato de ser tendencioso não
me importou pela minha admiração pelo papa, mas acredito que possa incomodar
outros leitores.
Por outro lado, o livro também aborda
a polêmica que envolve as atitudes de Jorge Bergoglio durante a ditadura, no
desaparecimento de dois missionários jesuítas, Orlando Yorio e Francisco Jalics
em 1976 de forma imparcial, com o relato de Alicia Oliveira (advogada, lutadora
pelos direitos humanos e amiga do atual papa) e com a transcrição judicial do
caso Yorio e Jalics.
Há algumas fotos de momentos
importantes na vida de Jorge Bergoglio: desde a infância, com a família e já
como padre, celebrando missas em lugares inesperados ou em encontros com líderes
religiosos ou presidentes, além da primeira aparição como papa, em que utiliza
a mesma cruz desde que se tornou padre, o que enriquece a leitura. Há inclusive
a imagem de uma carta (escrita em 1960, com máquina de escrever e endereçada à
irmã dele).
Recomendo para quem queira saber
mais da vida de Jorge Bergoglio (atualmente Papa Francisco) ou tenha
curiosidade sobre os procedimentos para eleição de um novo papa.
Eu gostei!
Um pouco sobre
a autora: Jornalista e escritora argentina, Evangelina
Himitian é formada pela Universidad de Ciencias Empresariales y Sociales e
esteve por seis anos à frente da cátedra de jornalismo ambiental desta
universidade. Desde 1999 trabalha no jornal La
Nación, nas seções de informação geral e sociedade e se especializou em
pesquisar temas relacionados à pobreza, à família e a diferentes fenômenos
sociais no âmbito da justiça civil. Há cinco anos é responsável por um programa
de rádio. Em 2005, ganhou uma bolsa da
Fundación Nuevo Periodismo Internacional, dirigida por Gabriel García Márquez,
em Cartagena das Índias, na Colômbia. Em 2007, recebeu uma distinção da
Asociación de Entidades Periodísticas de Argentina na categoria de interesse
geral e, em 2009, ganhou o primeiro prêmio desse certame na categoria direitos
humanos. Desde 2006, trabalha na equipe de imprensa dos encontros ecumênicos que
já foram promovidos pelo padre Jorge Bergoglio, entre outros. “A vida de Francisco: O Papa do Povo”
é seu único livro publicado no Brasil.