Tudo o Que Nunca Contei (Celeste Ng)

sexta-feira, 27 de abril de 2018


Ficha Técnica:
Título Original: Everything I Never Told You
Autora: Celeste Ng
Tradução: Julia Sobral Campos
País de Origem: Estados Unidos
Editora: Intrínseca
Número de Páginas: 304
Ano de Publicação: 2017
ISBN: 978-85-8057-975-8
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Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 18º livro lido e foi Tudo o Que Nunca Contei (Celeste Ng). Vi a resenha deste livro no canal da Pam Gonçalves e de imediato me interessei pelo enredo e já adianto que foi muito além do que eu estava preparada.

O livro nos traz uma família “sino americana” na década de 70, ou seja, a mãe é americana e o pai é descendente direto de chineses, com três filhos: Nathan e Lydia, adolescentes e Hannah, a menor, ainda criança. Os pais, James e Marilyn, se conheceram na faculdade, quando James era professor de Marilyn. Foi uma paixão forte e consumidora. Marilyn sonhava até então em ser médica e acreditava que nada seria forte o bastante para impedi-la, até que ela se vê grávida de James e tem que reformular seus planos. A família de Marilyn deixa claro que não concorda com aquele tipo de casamento, inter-racial, e isso a afasta de todo mundo. James que sempre lutou para não ser notado como um imigrante, ainda que seu físico o denunciasse claramente, tentou se adequar a todo custo à vida americana.

O livro começa quando tudo parece tranquilo, problemas sérios do passado haviam sido superados, Marilyn estava conformada em não se tornar médica e acreditava sobre todas as coisas que sua filha Lydia realizaria aquele grande sonho, até que em uma manhã comum, Lydia não desce pra o café e horas mais tarde descobre-se que ela está morta. Isso não é um spoiler porque o livro é aberto com esta informação, inclusive é a primeira frase da narrativa.

A morte de Lydia cai sobre aquela família como uma bomba atômica. As investigações são iniciadas e algumas suspeitas são levantadas, porém o foco do livro não é descobrir o que aconteceu com a adolescente ou quem a matou, mas conforme vamos descobrindo as camadas que envolvem a família, vamos conhecendo Lydia melhor e descobrindo junto com seus pais e irmãos que ela não era quem todos pensavam ser.

O livro é muito intenso e sensível. A dor dos pais se torna ainda mais sufocante diante das dúvidas e da ausência de respostas. Os irmãos se sentem diretamente culpados por não saberem dizer porque Lydia saiu de casa na noite que antecedeu sua morte e Nathan tem até um suspeito na vizinhança, mas o que rege todo o enredo é a dúvida e a dor. Ao mesmo tempo que o leitor quer saber o aconteceu com a personagem, ele também é impactado pelas coisas que são descobertas pelas investigações.

O livro traz o racismo como tema central da história. Primeiro nos mostrando as dificuldades que o James sofreu ao chegar aos Estados Unidos e do quanto ele teve que abrir mão de si mesmo e da sua cultura para ser enxergado como qualquer outra pessoa. Depois vemos o racismo surgir quando ele e Marilyn se apaixonam e tem que lutar contra o que a família dela pensa. Poucas pessoas achavam “normal” uma americana se casar com um chinês. E por último o racismo volta com força total quando os três filhos do casal sofrem com o bullyng na escola. Brincadeirinhas e piadinhas cruéis os isolando de todos.

Geralmente vemos o racismo ser explorado quando falamos de brancos e negros, mas a autora trouxe uma outra faceta para nos alertar que o racismo, esta doença da humanidade tão difícil de curar, pode e se manifesta de várias formas. E uma destas formas é abordada no livro com muita propriedade, uma vez que a autora é de ascendência chinesa.

O livro é muito bem escrito e envolvente. Apesar da tristeza que todas as páginas contêm, a leitura é rápida e fluida e é fácil entender todas as motivações dos personagens e todas as consequências que uma perda irreparável como esta, pode gerar para a vida futura.

Foi um livro que me arrebatou e que me emocionou fortemente. Um livro que eu gostaria que todas as pessoas lessem e refletissem sobre o quanto determinados comentários inocentes, podem machucar e inibir algumas pessoas. Um livro que fala sobre segredos, sobre negligência e sobre o fato de que não existe idade para se sentir dor.

Eu gostei demais.




Um pouco sobre a autora: Celeste Ng cresceu em Pittsburgh, Pensilvânia, e Shaker Heights, Ohio, nos Estados Unidos, em uma família de cientistas. Formou-se em Harvard e fez o mestrado em belas-artes pela Universidade de Michigan, onde ganhou o Hopwood Award. Seus ensaios e trabalhos de ficção já foram publicados na One Story, TriQuarterly, Bellevue Literary Review, Kenyon Review Online. Atualmente Ng mora em Cambridge, Massachusetts, com o marido e o filho. No Brasil, Tudo o Que Nunca Contei é o seu único livro publicado.

Comentários
13 Comentários

13 comentários :

  1. Primeiramente parabéns pelo novo layout, ficou lindo.
    Já tinha visto o livro, mas nem de longe imagina essa premissa. Fiquei curiosa quanto a quem realmente era Lydia. O tema abordado no decorrer da trama é bem forte, ainda que em outra faceta, racismo é racismo. Com certeza é um livro que quero ler.

    Abraços.
    https://cabinedeleitura0.blogspot.com.br/

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  2. Oi, Ivi!
    Eu só vi uma resenha desse livro e não foi falando muito bem. Não sabia que se tratava de racismo, por exemplo. Achei muito válido a autora abordar isso.
    Adorei o novo layout. Ficou lindo!
    Beijos
    Balaio de Babados

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  3. Olá!
    Não tinha lido nenhuma resenha desse livro ainda, nem sabia sobre o que se tratava. Agora que conferi sua resenha fiquei bem animada pela leitura. Gostei de saber que trata sobre racismo, é sempre muito bom ler algo do tipo.
    beijos
    www.apenasumvicio.com

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  4. Oi, Ivi

    Não me lembro de ter lido nenhuma resenha a respeito desse livro e digo que você me convenceu a dar uma chance.
    Não vou poder ler agora, porque tenho muita leitura atrasada, mas vou colocar ele nos desejados. Fiquei muito curiosa para saber o motivo da morte da Lydia e também achei bacana explorar uma outra vertente do racismo que não brancos para com negros.
    Adorei e lerei!


    Beijos
    - Tami
    https://www.meuepilogo.com

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  5. Oii Ivi, tudo bem? Seu blog ficou ainda mais bonito depois da mudança! Adorei. Eu ainda não tive a oportunidade de ler Tudo o que Nunca Contei, mas é algo que quero muuuito fazer, e em breve. Só vejo comentários positivos e muitas pessoas próximas já indicaram. Agora só falta o money hehehe. Parece mesmo uma leitura extremamente tocante; preciso me preparar! Ótima resenha.


    Beijoos

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  6. Oi, Ivi.
    Esse livro parece ser muito bonito e tocante. O tema do preconceito, infelizmente, é sempre atual e ele existe em tantas formas, que mal conseguimos compreender... Acho ótimo que os autores tenham a coragem de levantar essas questões!!
    Gostei muito de suas reflexões e com certeza já quero ler o livro!
    Beijos
    Camis - blog Leitora Compulsiva

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  7. Que proposta bacana. Realmente tendemos a pensar no racismo de brancos contra negros mas esquecemos como nossas piadinhas sobre qualquer outra pessoa de cultura diferente também é preconceituosa. Esse livro ta na minha lista de desejados tem um tempão

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  8. Oi, Ivi! Tudo bem?
    Quando eu li a sinopse desse livro pela primeira vez, achei que era mais um thriller comum e, como não sou muito fã do gênero, acabei não me interessando. Porém, ultimamente tenho sentido curiosidade de sair um pouco da minha zona de conforto e realizar leituras assim.
    Adorei saber que o livro é mais do que eu imaginava a princípio e que, mais do que o suspense em si, ele foca nas revelações sobre a personagem. Além disso, achei muito interessante saber que o tema central será o racismo, um assunto que, infelizmente, ainda é muito presente na nossa sociedade. Acredito que, sendo a autora de ascendência chinesa, o tema deve ter sido abordado com muita propriedade mesmo.
    Adorei a sua resenha e fiquei muito curiosa para ler este livro.
    Beijos!

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  9. Oi Ivi,
    nota-se em seu texto o quanto esta história é forte e dolorosa, confesso que já o conhecia de capa mas que ainda não havia tido interesse de buscar mais informações sobre a trama, agora que sei do que se trata adoraria poder conhecer esta história de perto. Ah! Esta é a primeira vez que venho aqui depois de algum tempo, então quero lhe parabenizá-la pela nova aparência do blog, o layout está lindíssimo e ainda por cima se manteve com algumas características que já estávamos acostumados.

    Abraços!
    Nosso Mundo Literário

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  10. Olá!
    Eu tenho esse ebook no Kindle e lendo sua resenha fiquei bem empolgada quanto a trama. Primeiro porque fala sobre o desaparecimento de uma personagem e depois por trazer o drama, as dúvidas e a busca por respostas de forma bem envolvente.
    Certamente é uma leitura que vou querer realizar em breve.
    Beijos!

    Camila de Moraes

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  11. Olá, cmo vai Ivi?
    Estou precisando de uma leitura arrebatadora desta, o drama trazido por você nesta resenha me deixou bastante tocado e bem curioso pela leitura da obra.
    Ver suas palavras e como o livro te tocou, realmente me fez anotar aqui a dica e espero poder ler logo

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  12. Oi, Ivi! Eu já li sobre esse livro e sobre como ele é forte e impactante. Interessante também é que se trata de um livro sobre racismo e não simplesmente sobre a morte de uma das personagens. A premissa é muito interessante, me chamou a atenção desde a primeira vez que li a respeito, sua resenha reforçou minha vontade de ler.
    Bjos
    Lucy - Por essas páginas

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  13. Oiiii,

    Não conhecia a obra, e no início achei que seria uma trama policial que acontecesse em torno da morte da menina, então fiquei curiosa para saber como a autora trata esta outra faceta do racismo e como os sentimentos são expressos na obra.

    Beijinhos...
    http://www.paraisoliterario.com

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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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