Coragem (Rose McGowan)

segunda-feira, 2 de abril de 2018

Ficha Técnica:
Nome Original: Brave
Autora: Rose McGowan
Tradução: Carolina Caires Coelho
País de Origem: Estados Unidos
Número de Páginas: 288
Ano de Lançamento: 2018
ISBN-13: 9788595082830
Editora: HarperCollins

Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 20º livro lido em 2018 e foi Coragem (Rose McGowan). Este livro foi enviado para mim pela editora HarpperColins selando o nosso primeiro trabalho como parceiros.

O livro é a autobiografia da atriz Rose McGowan que nos anos 90 e 2000, era uma figura garantida em filmes e seriados adolescentes. A autobiografia segue um sistema cronológico e conhecemos então a infância de Rose, que nasceu na Itália quando sua família estava vivendo dentro de uma seita chamada Meninos de Deus em que era permitida a poligamia masculina – seu pai tinha outra esposa além de sua mãe – e muitos rituais estranhos eram realizados ali. O vínculo com esta seita teve fim quando começaram a praticar pedofilia dentro dos rituais e o pai de Rose decidiu fugir do vilarejo onde estavam e migraram para a América, porém ele só manteve a esposa mais jovem, abandonando a mãe de Rose.


Eles foram então morar em Seattle e a Rose acabou terminando a infância e começando a adolescência sendo negligenciada pela família. O pai era extremamente desequilibrado e quando sua mãe chegou a América, estava tão carente que dava mais atenção aos namorados que tinha do que aos filhos. Rose chegou a morar na rua e ter um contato constante com drogas e passou por todas as violências que a rua pode infligir: fome, abuso, delitos.

Essa foi a primeira parte do livro, antes dela ir para Los Angeles e começar a fazer figuração em filmes, emprego que a ajudou se sustentar, porém, até este momento da leitura, eu não conseguia me envolver muito com a autora em função de ficar me perguntando a motivação dela em escrever sua biografia ainda sendo tão nova – Ela tem hoje 44 anos – e o maior preconceito da minha parte, eu achei que ela não era famosa o suficiente para que o mundo conhecesse sua história.

Porém a segunda parte do livro me ganhou fortemente e justificou ela contar todas as coisas ruins que lhe aconteceram na infância.

Quando chegou a Hollywood e começou a trabalhar com grandes produções, foi violentada por um grande chefão de lá e quando compartilhou a violência que havia vivido com pessoas do mesmo meio, todos a aconselharam a não denunciar, porque afinal, ela era só uma garota e ele era uma grande referência. A violência do estupro e perceber a conivência de pessoas que estavam ao seu redor, a jogou em um estado depressivo intenso e ela acabou por se envolver com outros homens em relacionamentos doentios e abusivos.


Ela foi esposa do grande diretor Roberto Rodrigues que até eu ler este livro, o tinha em grande conta porque ele dirigiu filmes que eu gosto demais e ao saber a maneira como ele a degradou, dentro e fora dos sets de filmagem, me fizeram questionar minha própria admiração por ele. Outros diretores como Quentin Tarantino, outro ícone hollywoodiano que admiro muito, também caiu no meu conceito quando soube da forma com ele tratava as mulheres que pertenciam a sua equipe de trabalho.

A terceira parte do livro veio como um grande discurso de conscientização de como as mulheres precisam se unir e se ajudar. A maneira como ela argumentou sua fala, parte baseada em sua própria experiência e parte baseada na esperança de uma sociedade mais igualitária e inteligente, conseguiu me tirar totalmente do eixo. Me emocionei com a força que ela encontrou dentro da própria voz para denunciar o abuso que sempre sofreu em Hollywood e foi uma das primeiras atrizes a denunciar o grande Harvey Weinstein, homem que a violentou nos anos 90 e que seguiu abusando de muitas outras atrizes que encorajadas pela denuncia de Rose, conseguiram contar ao mundo o tipo de monstro que o cinema americano protegia.

Eu concluí a leitura muito impressionada com tudo o que li. Não apenas por ter sido uma história de vida difícil, mas porque ela usou as suas dificuldades para tentar proteger futuras vítimas porque uma vez que ela denunciou o circuito de conivência dentro dos estúdios, ela evitou que outras atrizes passassem pela dor que ela passou.

Esse foi o livro mais feminista que li e talvez o mais didático. A fala da atriz é emocionante e ao mesmo tempo prática e dura. Ela convoca as mulheres a se ajudarem, a se protegerem, a se unirem não em prol de si mesmas, mas em prol de um mundo onde se valha a pena viver e eu me senti extremamente tocada por seu apelo.


É um livro para mulheres e sua mensagem precisa ser espalhada. Talvez você seja novo demais para saber quem é a Rose McGowan, uma vez que ela já não é tão pública como foi no passado, mas independente disso, o recado dela é para você também.

Foi uma leitura que me surpreendeu, me emocionou e fez refletir sobre minha posição e minha responsabilidade enquanto mulher. 

Apenas digo: LEIAM!!!


Um pouco sobre a autora: Rose Arianna McGowan nasceu em Florença, em 5 de setembro de 1973. É uma atriz norte-americana nascida na Itália e conhecida principalmente por seu papel como Paige Matthews na série televisiva Charmed. Também já apareceu em vários filmes, como Pânico, Nowhere, Ready to Rumble, Dália Negra, e na dupla produção de Robert Rodriguez e Quentin Tarantino, Grindhouse (Planeta Terror e Death Proof). Coragem é o seu primeiro livro publicado no Brasil.
Comentários
13 Comentários

13 comentários :

  1. Olá!

    Eu não conhecia o livro, mas sou da crença que se agrega vale a pena e esse livro trás uma lição importante pelo que pude notar, podemos aprender com a história do outro e se o outro está disposto a ensinar eu estou disposta a ler. Dica anotada, assim que tiver uma brecha irei encaixar essa leitura.

    Beijos

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  2. Oi Ivi, tudo bem? Eu sempre fui fã da atriz por causa da série Charmed, mas depois que li esse livro eu fiquei mais ainda. A narrativa dela é ótima e bem didática como você disse, com certeza um dos melhores livros do ano até agora.

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  3. Nossa, eu lembro dela! E essa seita que ela falou eu vi um documentário bel legal em que uma guria participou, mas brasileira, em que a família dela fazia isso e nossa, realmente é chocante esta questão de ter que dividir o corpo com todo mundo!

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  4. Assisti Pânico, mas não estou lembrando dela. Enfim, isso não vem ao caso. Quanto ao livro, o título faz jus ao drama que foi a vida dela. Ela precisou de muita coragem para lidar com as dificuldades que encontrou pelo caminho. Dica anotada!!
    PS: Estou pensando na quantidade de livros que você já leu até o momento e estou me sentindo envergonhada!!!

    Beijos,
    Cidália.

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  5. Oi! Não sou uma leitora frequente de biografias, e não por serem biografias, mas não me interessar mesmo. Mas nesse caso, tenho de concordar, que esta biografia precisa ser lida! Neste contexto atual, o feminismo está com uma imagem contrária do que realmente é, e uma voz, que possa ser ouvida no mundo todo, e nessa magnitude é mais que necessária! Deve ser leitura para todos que buscam a igualdade, respeito e justiça!


    Bjoxx - http://www.stalker-literaria.com/

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  6. Oi, não leio biografias, pois as que já tentei ler achei chatas. Apesar dessa ser dentro de um tema que me interessa e dentro de uma editora que gosto do trabalho não pretendo ler.
    Bjs

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  7. Oi Ivi

    Tudo bem? Então, quem ficou com esse livro no blog foi a Aninha, mas por tudo que já li sobre ele parece ser uma história bem intensa e tenho bastante curiosidade de saber um pouco mais sobre essas questões apresentadas pela Rose, especialmente nessa época onde estamos falando tanto sobre o Times Up.

    Gosto de obras feministas e fiquei bastante curiosa sobre essa questão "didática" que você mencionou porque para mim Coragem é uma biografia.

    Beijinhos
    www.paraisoliterario.com

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  8. Eu não conhecia o livro, mas parece ser bem interessante apesar de ser uma biografia que não é muito o meu tipo de leitura favorito,mais o temas citado no livro me interessou bastante. Sucesso

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  9. Oii, tudo bom?
    Tenho lido diversas resenhas desse livro, e acho o tema tratado muito bacana, mas infelizmente esse tipo de leitura não faz meu tipo. E eu não conheço nada da autora, não assisti o seriado, e confesso que até então não sabia sobre ela, rsrs.
    beijos
    www.apenasumvicio.com

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  10. Oi Ivi!
    Eu também fiquei chocada quando vi as coisas nas quais ela passou e pelos nomes e atitudes que ela citou na obra que eu não esperava.
    Adorei a sua resenha e quero aproveitar para reforçar o que você disse!
    LEIAM!
    Porque esse livro ensina, mostra e ajuda a todas as mulheres que passaram, passam ou podem passar por algo no estilo.

    beijos,
    Mayara

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  11. Oiii tudo bem??

    Uma história de vida bem difícil e que infelizmente é mais comum do que pensamos.
    Muitas mulheres passam por isso e ficam caladas. Acredito que todas nós devemos ler e nos conscientizar.
    E nunca, nunca mesmo aconselhar uma mulher a guardar isso para si.
    Adorei a resenha.
    Bjus Rafa

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  12. Olá Ivi,
    Eu amei esse livro e a forma como ele foi didático quanto ao feminismo. Eu confesso que senti dificuldades em colocar em palavras o que senti ao ler esse livro, mas você o fez com maestria! Acho que a mensagem mais importante que a autora passou foi nosso lugar no mundo e o que fazemos para torná-lo melhor.
    Espero reler esse livro em breve.
    Beijos

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  13. Olá Ivi, tudo bem ?
    Não tive oportunidade de ler o livro ainda, mas já li várias resenhas do mesmo, e o que achei de mais interessante é que todas trazem que o ponto forte desta biografia é sobre a infância sofrida da atriz. Preciso buscar logo realizar a leitura, pois diferente do que pensei, o livro é uma oportunidade para aprendermos a sermos seres humanos melhores.

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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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