Dona Flor e Seus Dois Maridos (Jorge Amado)

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Ficha Técnica:
Autor: Jorge Amado
País de Origem: Brasil
Número de Páginas: 397
Ano de Lançamento: 1966
ISBN-13: 9788501154019
Editora: Record

Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 79º livro lido em 2018 e foi Dona Flor e Seus Dois Maridos (Jorge Amado). Ganhei este livro de um amigo que eu adoro no meu aniversário e como nunca tinha lido nada do autor, ainda que ele seja um dos mais amados na literatura nacional, me senti bem curiosa com esta história aqui.


O livro nos traz a Flor, uma mulher jovem e muito bonita, que dá aulas de culinária. Flor é independente, inteligente e bem-humorada, porém com um defeito chamado Vadinho. Vadinho é seu marido e ele é tudo o que Flor não precisava ou merecia: ele é mulherengo, infiel, viciado em jogo e não para em emprego nenhum. O livro começa com a morte de Vadinho durante o carnaval, enquanto vestido de baiana, beijava as mulheres que brincavam no bloco com ele. Flor recebe a notícia com muita tristeza e tenta enfrentar o seu luto com coragem, mas a saudade de Vadinho é cruel e mesmo ele tendo sido um fardo para ela, ela sente sua falta.


Por ser jovem e muito bonita, Flor é apresentada para um possível pretendente, Teodoro, um farmacêutico que logo se interessa por Flor e eles acabam casando. Mas Flor começa a sentir a grande diferença entre o marido morto e o marido vivo. Apesar de todos os defeitos que Vadinho tinha, ele era um amante espetacular e isso é tudo o que Flor não encontra no novo marido. Teodoro é sistemático e até para fazer amor, ele tem dia e hora certa. É pouco habilidoso e Flor nunca tem prazer com ele. Por causa disso, ela acaba alimentando a saudade do marido morto e uma noite, ele aparece na sua casa e seu fantasma começa a persegui-la, como se ele estivesse vivo, querendo ficar com ela outra vez.

O livro então irá se desenvolver em Flor sentir que trai o marido Teodoro porque mesmo sabendo que Vadinho é um fantasma, ela se sente muito atraída por ele.


O livro se passa em Salvador nos anos 40 e é uma delícia de ser lido. Traz o dia a dia do morador de Salvador e seus costumes. Várias expressões da região são inseridas nos diálogos e eu senti como se conseguisse ouvir o sotaque leve e inconfundível dos baianos e claro, o ponto alto de toda a narrativa foram as descrições engraçadas de todas as atitudes do casal principal. Eu me vi dando gargalhadas ao ler esta história e foi sem dúvida um dos livros que mais me divertiu durante a leitura.

Os personagens são muito bem desenvolvidos. Flor é incrivelmente maravilhosa. É uma mulher muito forte, que sabe o que quer e sua fraqueza é amar um homem que não a valoriza. Mas isso é um detalhe, porque conseguimos ver o quanto ela é boa em todas as outras situações. Uma amiga presente, uma profissional respeitável e uma filha que embora não concorde com a mãe, se mostra empática com seus anseios para a filha. E por falar na mãe da Flor, dona Rozilda é uma mulher preconceituosa, ambiciosa e extremamente chata, mas, ainda assim, muito crível. Teodoro é um homem sério, integro, exemplar. Marido fiel, provedor e mesmo não tendo o brilho de Vadinho, é fácil ter carisma por ele. Ele leva a sério o seu trabalho e toca música clássica em um grupo de sopro como lazer. 

Mas vamos falar de Vadinho: ele é a redefinição clara e insuperável de “boy lixo”. Todos os New Adults que você já leu e que traziam bad boys tatuados, machistas e briguentos não se comparam ao Vadinho. Manipulador, arrogante e desonesto são apenas algumas nuances do caráter do nosso mocinho e claro, eu só torcia para ele porque sabia que ele era um fantasma. 

Este livro foi publicado em 1966 e é considerado um clássico na literatura nacional. Dona Flor e Seus dois Maridos é uma das principais obras de Jorge Amado e pertence à segunda fase do modernismo retratando de forma extremamente realista o cotidiano de Salvador dos anos 40. A obra está dividida em cinco partes iniciadas sempre por uma lição de culinária de dona Flor, exceto na quarta parte que é iniciada por um programa para o concerto de Teodoro.

Esta história é muito conhecida porque já foi adaptada para o cinema duas vezes, uma em 1976 e outra em 2017. Além disso, já ganhou uma versão para a televisão, mas mesmo com sua expansão para as outras mídias, ler o livro foi uma experiência única, que eu indico sem medo de errar. Quando pensamos em clássicos, sempre me vem a mente um texto mais rebuscado e entediante, no entanto aqui temos uma fluidez narrativa muito boa e com personagens tão coloridos que a leitura é ótima.

Indico para quem gosta de comédia romântica e que sabe que qualquer história deste gênero em um cenário alegre como Salvador pode gerar prazer na leitura. E claro, depois desta experiência mais que positiva com o autor, quero ler todos os seus outros livros.

Eu amei.


Um pouco sobre o autor: Jorge Amado é um dos mais famosos e traduzidos escritores brasileiros de todos os tempos. Sua obra literária foi adaptada para cinema, teatro e televisão, além de ter sido tema de escolas de samba por todo o Brasil. Seus livros foram traduzidos em 55 países, em 49 idiomas, existindo também exemplares em braille. Ele é o autor mais adaptado da televisão brasileira. Amado foi superado, em número de vendas, apenas por Paulo Coelho mas, em seu estilo - o romance ficcional -, não há paralelo no Brasil. Em 1994 viu sua obra ser reconhecida com o Prêmio Camões, o Nobel da língua portuguesa. Alguns de seus livros são:
  • Tieta do Agreste
  • Gabriela, Cravo e Canela
  • Teresa Batista Cansada de Guerra
  • Dona Flor e Seus Dois Maridos 
  • Tenda dos Milagres
  • Mar Morto
  • Capitães de Areia


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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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