S. Bernardo (Graciliano Ramos)

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Ficha Técnica:
Nome Original: São Bernardo
Autor: Graciliano Ramos
País de Origem: Brasil
Número de Páginas: 154
Ano de Lançamento: 1934
ISBN-13: 9788577992935
Editora: BestBolso

Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 61º livro lido em 2019 e foi S. Bernardo (Graciliano Ramos). Este livro foi a minha quinta escolha para a ação de ler livros que estão parados na minha estante há muito tempo. Ganhei este livro em 2015 e como eu nunca tinha lido nada do autor, sabia que era imperativo ler o mais rápido possível, mas deixei passar anos mesmo assim. Preciso confessar que ter sido escrito por Graciliano Ramos me intimidava. Aquele medo de não absorver a leitura, não entender o objetivo do escritor e o maior medo de todos: não gostar. Por isso parti para essa leitura com muitas apreensões.

O livro nos traz a fazenda de S. Bernardo localizada no interior do Nordeste, adquirida por meios fraudulentos pelo antigo funcionário Paulo Honório. O livro é narrado pelo próprio personagem principal e tem como pano de fundo o Brasil de 1930 borbulhando em aspirações políticas de todos os lados. O pensamento de Paulo Honório reflete na fazenda, o espírito capitalista e industrial que o governo tentava incutir nos brasileiros da época.


O personagem apresenta a si e a seus amigos que pertencem a várias esferas: representantes do judiciário, da igreja católica, do jornalismo, da educação e da militância. Quanto a ele, logo percebemos seu caráter extremamente objetivo, prático, frio, violento e machista. Paulo Honório nasceu pobre, foi maltratado, mal-amado e só conseguiu enriquecer na vida à custa de trapaças, mortes e mentiras. Como patrão, reproduz com os outros tudo o que sofreu em sua juventude. Acredita que todos devem obedecê-lo e se curvar às suas vontades. Todo o seu cotidiano e planejamento de vida é baseado em produzir e acumular mais riquezas, relacionando-se com as pessoas apenas com o fim de retirar alguma vantagem delas.

As coisas começam a mudar quando após se casar com Madalena apenas para ter um herdeiro, sua vida começa a lhe dar surpresas. Sua jovem esposa é professora, com pensamentos totalmente divergentes dos seus. Madalena adora ensinar enquanto Paulo Honório diz que escola é perda de dinheiro e tempo, ainda que mantenha em suas terras uma escola com fins políticos. Madalena, ajuda os empregados da fazenda doando roupas e mantimentos enquanto seu marido acha um absurdo tudo aquilo. Ela condena todas as atitudes violentas que o marido exerce sobre os funcionários, causando muitos desconfortos na relação do casal.

A situação fica ainda pior quando Madalena entra em contato com os ideais socialistas de Padilha, que era o dono da fazenda São Bernardo, mas foi vítima das falcatruas de Paulo Honório e se afundou em dívidas. Madalena se identifica com as posições socialistas de Padilha e isso deixa Paulo Honório enfurecido, além de muito enciumado. 

O começo do livro me causou muita estranheza em função da linguagem regionalista do autor, mas não foi um problema e a leitura se tornou deliciosa ao perceber a direção em que a narrativa me levava. 

Geralmente os livros narrados em primeira pessoa são os considerados heróis da trama, alguém por quem nos envolvemos e torcemos, mas neste caso, como o narrador é alguém de atitudes questionáveis e em muitos momentos extremamente cruel, o livro se tornou uma experiência de leitura deliciosa porque embora o personagem se justificasse o tempo todo, eu não podia endossar suas ações.


Acho que este livro não é para qualquer leitor. Ele exige um pouco mais de concentração e é preciso estar atento nas entrelinhas da narrativa, porém, foi algo muito bom para mim porque percebi que embora o livro de fato seja intimidador, sou capaz de compreendê-lo e ter prazer em leituras assim. Claro que já quero ler mais coisas do autor para ter a mesma sensação.

Eu adorei!

Um pouco sobre o autor: Graciliano Ramos de Oliveira nasceu em 27 de Outubro de 1892 em Quebrangulo - AL e faleceu em 20 de Março de 1953 no Rio de Janeiro. Foi um romancista, cronista, contista, jornalista, político e memorialista brasileiro do século XX. Ele viveu os primeiros anos em diversas cidades do Nordeste brasileiro. Terminando o segundo grau em Maceió, seguiu para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como jornalista. Voltou para o Nordeste em Setembro de 1915, fixando-se junto ao pai, que era comerciante em Palmeira dos Índios, Alagoas. Neste mesmo ano casou-se com Maria Augusta de Barros, que morreu em 1920, deixando-lhe quatro filhos. Alguns de seus livros publicados são: 

    • Caetés (1933)
    • Vidas Secas (1938)
    • São Bernardo (1934)
    • Angústia (1936)
    • A Terra dos Meninos Pelados (1939)
    • Brandão Entre o Mar e o Amor (1942)
    • Histórias de Alexandre (1944)
    • Infância (1945)
    • Histórias incompletas (1946)
    • Insônia (1947)

Algumas de suas obras publicadas postumamente:

    • Memórias do Cárcere (1953)
    • Viagem (1954)
    • Linhas Tortas (1962)
    • Viventes das Alagoas (1962)
    • Alexandre e outros Heróis (1962)
    • Cartas (1980)
    • O Estribo de Prata (1984)
    • Cartas a Heloísa (1992)
    • Vidas Secas

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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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