Cartas no Corredor da Morte (Cláudia Lemes e Paula Febbe)

sexta-feira, 7 de junho de 2019

FICHA TÉCNICA
Autoras: Cláudia Lemes e Paula Febbe
País de origem: Brasil
Páginas: 128
Ano de lançamento: 2019
ISBN: B075JRBDK3
Editora: Monomito
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Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 39º livro lido em 2019 e foi Cartas no Corredor da Morte (Cláudia Lemes e Paula Febbe). Em 2015 tive o prazer de ler o perfeito Eu Vejo Kate (Cláudia Lemes) e este livro foi um divisor de águas para mim porque embora eu não seja íntima de literatura policial ou de terror, tive a clara certeza que estava lendo um dos melhores livros do gênero. De lá para cá, li um outro livro da autora, Um Martíni com o Diabo e outra vez ela entregou uma história forte, bem desenvolvida, com personagens muito envolventes e um final espetacular. Sendo assim, quando a editora Monomito me enviou Cartas no Corredor da Morte escrito pela Claudia Lemes, agora em parceria com a Paula Febbe, eu sabia que tinha em mãos mais uma excelente história.

O livro nos traz dois criminosos: Steve Gurniak e Johnny Love, ambos no corredor da morte por crimes monstruosos. Gurniak é russo e desprovido de sentimentos. Não apenas pela frieza por ter cometido assassinatos com requintes de crueldade, mas ele próprio quase não consegue sentir a vida em sua existência. Suas atitudes não são executadas em troca de prazer ou algo do tipo, mas por acreditar em determinadas coisas que ele não poderia compartilhar com o resto da humanidade. Gurniak tinha uma meta e para sua completa infelicidade, foi pego antes de chegar no seu objetivo final.


Apesar de também criminoso, Love é muito diferente de Gurniak. Ele tem um certo charme inconsequente, é carismático, mas em função de constantes abusos sofridos na infância, direciona sua energia para uma série de delitos.

Os dois protagonistas então começam a trocar cartas, a falar de suas trajetórias e mesmo sem a menor possibilidade de estarem na presença um do outro, Gurniak vê em Love a chance de chegar na meta almejada. Ele é contido, frio, calculista e induz Love a se abrir. Love não tem filtros para isso e realmente conta detalhes de sua vida pregressa, muitas vezes com um certo orgulho por ter enganado, machucado e se envolvido em situações bizarras. 

O livro se desenvolve nesta troca de histórias e tanto as personalidades dos personagens quanto as características narrativas nos fazem construir duas pessoas muito distintas em nossa mente. Conseguimos entender as motivações de Love e questionar a todo momento a omissão de Gurniak, o que a cada página, torna a leitura mais visceral e insana.

As autoras não poupam o leitor, violência e sexo são inseridos no enredo de forma crua. Descrições precisas dos crimes e atitudes cruéis são colocadas no enredo sem medo de assustar ou chocar quem está consumindo a história, até porque é a história quem consome o leitor. Embora o livro seja de fato viciante e a curiosidade te impulsione para não largar o livro nem para beber água, em alguns momentos as cenas são realmente fortes e é preciso uma pausa para poder assimilar tudo o que foi lido.

O final desta história é mais que surpreendente. O momento da virada é radical e incisivo, porém, não é gratuito. Essa reviravolta foi construída ao longo da troca de cartas e com habilidade profissional, ambas autoras conseguiram nos distrair e não perceber o que de fato estava acontecendo. No momento que o desfecho se estabelece, eu realmente fiquei de boca aberta e muito satisfeita por ter sido enganada.


Como fã da Cláudia Lemes, apenas digo que ela é uma referência fortíssima dentro do gênero. Como primeira experiência com a Paula Febbe, digo que quero ler tudo o que ela publicar. O livro é realmente muito bom e o melhor é que em nenhum momento o leitor é subestimado, ainda que nos engane com sucesso.

Para quem gosta de suspense com uma dose alta de violência, este livro é para você e o único defeito dele é terminar. Eu li em uma única tarde e embora a leitura seja desconfortável em vários pontos do enredo, eu passaria dias ao lado destes dois criminosos. 

Gostei muito!


Um pouco sobre as autoras: Cláudia Lemes é brasileira e nasceu em Santos-SP. Cresceu no Rio de Janeiro, onde sob a forte influência da mãe, professora de literatura, tornou-se uma leitora compulsiva. Morou no Cairo (Egito) dos dez aos dezesseis anos. Ao voltar para o Brasil, viveu na cidade de São Paulo e decidiu estudar criminologia por hobby, depois de passar por uma tentativa de assalto. Alguns de seus livros publicados são:

  • Eu Vejo Kate
  • Eu Vejo Kate 2
  • Um Martíni com o Diabo
  • Inferno no Ártico
  • Cartas no Corredor da Morte

Paula Febbe é formada em roteiro nos EUA, escreveu para sites, TVs, rádios e veículos impressos como Rolling Stone e Folha de São Paulo, além de ter sido assessora de imprensa da turnê “One More Time” de B.B. King na América Latina. Um de seus contos, Asilo Particular, inspirado na música “Hurt” na versão de Johnny Cash, foi publicado pela Editora Mojo Books em 2010. Alguns de seus livros publicados são:

  • Relato Inspirado por Orelhas
  • Metástase
  • Continuem nos Escutando
  • Mãos Secas com Apenas duas Folhas
  • Cartas no Corredor da Morte
Comentários
8 Comentários

8 comentários :

  1. É bastante diferente do que imagino em um livro, até porque os requintes de crueldade devem ser imensos, vindos de pessoas assim. Até de início pensei que fosse algo biográfico e não fictício. É uma boa dica ainda mais para quem gosta deste estilo.

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  2. Oi! Eu adorei sua resenha! Amo suspenses, todo mundo sabe, e já tinha visto muitos elogios sobre Eu vejo Kate, mas não imaginava que seria uma leitura tão boa assim! Amei a ideia central do livro e acho que nunca vi nada parecido com isso, e olha que eu sou a doida dos suspenses e thrillers! amei a indicação!

    Bjoxx ~ Aline ~ www.stalker-literaria.com ♥

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  3. Oi, Ivy! Nunca li nada das autoras e não conhecia esse livro. Gostaria de entender se é uma história baseada em fatos ou se é uma ficção. Ao que você mencionou, parece uma trama extremamente inteligente para enganar o leitor com esse desfecho. rsrs
    Bjs
    Lucy - Por essas páginas

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  4. Ooi,
    Já tinha ouvido falar no outro livro da autora "Eu Vejo Kate" mas não li ainda... sinceramente não é o gênero mais próximo de mim, então sempre acabo deixando pra depois. Gostei de conhecer mais esse livro da Cláudia Lemes e adorei sua resenha.

    Beijos

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  5. Eu nunca tive a oportunidade de ler nada escrito por nenhuma das duas autoras e claro que este livro acaba por despertar o interesse, pois sou fã de thrillers. Todavia, não acredito que leria neste momento, uma vez que ainda não me recuperei de Flores Partidas, que é uma história extremamente pesada.

    Mesmo gostando de suspenses, não sou muito de apreciar estar na mente de psicopatas.rsrs Então, sei que este livro vai me perturbar além da conta, pois tudo é contado do ponto de vista dos criminosos do livro.

    Fico me perguntando qual era essa mente do monstro calculista e que reviravolta é esta que irá nos enganar. Fiquei muito curiosa.

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  6. Olá!

    Ainda não conhecia as autoras e sinceramente esse não é meu gênero preferido, mas sua resenha me chamou a atenção em vários pontos que apontam o livro como imperdível e até eu que fujo um pouco desse tipo de leitura me vi louca para ser enganada pelas autoras, posso afirmar que não apenas elas que escrevem muito bem, você realmente sabe convencer um leitor, parabéns pela resenha usarei a dica com certeza.

    Beijos

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  7. Eu não conhecia as autoras e achei interessante a proposta da obra. Fiquei curiosa para ler, gosto de "estar" na mente dos psicopatas, acho algo sempre muito bizarro de como uma pessoa pode ter pensamentos tão ruins daquele jeito. Vou anotar a dica.
    beijos

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  8. Oi, tudo bem?
    Eu confesso que não conhecia o livro, a autora e nem a editora. No entanto, não é muito meu estilo de leitura. Eu raramente leio suspense ou terror e, quando leio, são os mais leves e que não focam tanto nos crimes. Pelo que percebi, esse livro se trata de uma leitura bastante intensa e, por vezes, brutal. Por causa disso, vou passar a dica desta vez.
    No entanto, adorei conhecer sua opinião e acredito que quem gosta do gênero irá adorar a leitura.
    Beijos!

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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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